sábado, 9 de julho de 2011















Antonio Fernandes Coimbra, carinhosamente chamado de Mascote, nasceu em Juazeiro do Norte no dia 15 de fevereiro de 1920. Sua escolaridade foi apenas até o curso primário, mas isso não o impediu de ter sido um intelectual autodidata. Quase não teve tempo de desfrutar a infância, pois muito cedo começou a trabalhar, tendo as artes gráficas como caminho. Ainda jovem passou a gerenciar a Gráfica "O Bancário", tipografia juazeirense de propriedade do senhor Odílio Figueiredo. Depois seu pai, Raimundo Fernandes, comprou  a tipografia pertencente ao senhor José Barbosa dos Santos, e Mascote foi encarregado de conduzir os negócios, inicialmente com muitas dificuldades porque sua gráfica não dispunha de alguns equipamentos, como máquinas de corte e de picote. Consciente de que não poderia competir em pé de igualdade com a clientela local, pois as outras gráficas existentes estavam melhor equipadas, ele resolveu procurar clientes em outras cidades. E foi  assim que, aos poucos, mas graças a sua determinação e empreendedorismo, os negócios foram se expandindo. A revenda dos nacionalmente conhecidos calendários Scheliga deram um grande impulso à Gráfica Mascote que pouco tempo depois passou a fabricar seu próprio calendário, denominado Folhinhas Mascote, que passou, então a ser carro-chefe dos negócios. A partir daí a gráfica melhorou seu parque de produção e se transformou numa das melhores do interior nordestino. Foi a primeira gráfica local a compor com linotipo, um grande avanço na época. Em 1944, quando Juazeiro comemorava o centenário de nascimento do Padre Cícero foi da Gráfica Mascote que saiu impresso o jornal O Centenário, hoje uma relíquia na história da imprensa juazeirense.
Depois de encaminhar sua atividade comercial, Mascote deu início a uma série de atividades sociais, começando por ingressar na maçonaria na qual militou durante cerca de 40 anos, tendo ocupado o cargo máximo de Venerável, além de por alguns anos ter sido o representante do Grão Mestre Estadual.
Como desportista além de jogador foi também fundador do Treze Sport Club, equipe que laureou-se em campos juazeirenses e caririenses, ultrapassando as fronteiras estaduais, brilhando na Bahia, em Pernambuco e na Paraíba. Como atleta foi campeão pelo clube que fundou e sempre foi considerado um autêntico craque pela crônica esportiva caririense.
Depois da fase de atleta, Mascote sustentou o futebol juazeirense de 1942 a 1953, com o seu Treze sempre honrando a tradição futebolística de sua terra natal. De 1953 a 1960, Mascote foi o treinador da equipe e o sustentáculo financeiro do clube.
Durante mais de uma década ele  presidiu o Treze Atlético Juazeirense por exigências dos seus amigos. Esta entidade  começou de uma subscrição de Cr$ 670,00 (moeda valor da época), instalando-se inicialmente na Praça Padre Cícero (lado da Rua São Pedro) e depois na mesma Praça (lado da Rua São Francisco) para retornar ao lado da Rua São Pedro, onde o Treze já se apresentava como um autêntico clube com suas festas tradicionais, matinais, vesperais, Festa Branca, Carnaval, São João e outras que marcaram época.  O Treze Atlético Juazeirense era tão prestigiado que alcançou inclusive o prestígio de manter um convênio com o Náutico, de Fortaleza, convênio este  que permitia o acesso dos associados "lá e cá", o que prova o conceito da entidade juazeirense. Enquanto fazia o Treze crescer, Mascote que era entusiasta carnavalesco criou por conta própria o bloco Garotas Infernais composto de senhoritas das melhores famílias de nossa cidade. Não satisfeito com os benefícios que prestava à vida social, criou ainda a escola de samba que teve inicialmente o nome de Batuqueiros do Samba, a qual no princípio era apenas um amontoado de passistas e rapazes que tocavam surdos, triângulos, tamborins, reco-reco, pandeiros e outros instrumentos.
Em face de suas viagens ao Rio de Janeiro e São Paulo ficou bastante entusiasmado com o que viu por lá, que resolveu fundar uma escola de samba de maior gabarito - também por conta própria – a qual teve o nome de Os Batuqueiros da Mascote, escola que dirigiu até  morrer,  em 16 de janeiro de 1984, aos 64 anos.
Além dos traços biografados citados, devemos lembrar que Antônio Fernandes Coimbra foi sócio-fundador do Lions Clube de Juazeiro, e na vida pública teve também passagem marcante tendo sido vereador em três legislaturas, e por três vezes ocupou a Presidência da Câmara Municipal, numa das quais ocupou o cargo de Prefeito por alguns dias, fato verificado em 1964.
Sua pequena estatura nunca o impediu de demonstrar coragem nos momentos precisos, sem nunca haver usado recursos físicos para decidir os poucos desentendimentos que surgiram na sua vida. Também teve passagem na vida radiofônica tendo dirigido por alguns anos o Centro Regional de Publicidade, amplificadora que era considerada como uma verdadeira emissora de rádio, em face de sua estrutura de organização e programação.
Antônio Fernandes Coimbra era casado com a senhora Lígía Cabral Coimbra, com quem trouxe ao mundo 4 filhos: Antônio Tarciso, advogado; Fernando Tálio, médico, Tenísia, professora e Terezinha Lizieux, formada em administração.
Todos os que o conheceram são unânimes em afirmar: depois que Mascote morreu a vida social de Juazeiro nunca mais foi como a do tempo dele.
E é verdade!
Memória fotográfica 






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