domingo, 28 de novembro de 2021

Juazeiro promove "Circuito Cultura para Todos" Acompanhe como acontecerá a programação

 

FOTO: Arquivo

Como contrapartida do Edital de Premiação para Espaços e Polos de Cultura, a Secretaria de Cultura de Juazeiro do Norte vai promover o "Circuito Cultura para Todos". A programação inicia nesta sexta-feira, 26, e se encerra no dia 20 de dezembro.

O Edital, viabilizado com recursos remanescentes da Lei Aldir Blanc, beneficiou 13 espaços e polos de cultura.

A programação contará com apresentações de lapinhas, grupos de capoeira, quadrilhas juninas, entre outros.

Acompanhe a programação abaixo:

- Dia 26 de novembro:

Grupo Luar do Sertão

Espaço: Casa de Mãe Teta - 17 horas.

- 2 de dezembro

Grupo Fluir

Espaço: Terreiro Vênus Dona Aldeia - Quebrada Cultural - 16 horas.

- 4 de dezembro

Grupo de Capoeira Minha Pele é Negra

Espaço: Associação Capoeira Resistência Negra - 13 horas.

- 6 de dezembro

Grupo Lapinha Bom Jesus do Horto

Espaço: Mestra de Lapinha Dorinha - 16 horas.

- 7 de dezembro

Grupo Coletivo Ritmar

Espaço: Quebrada Cultural - 19 horas.

- 8 de dezembro

Grupo Batuque Folia Cícero Ayron Gonçalves

Espaço: Casa de Mãe Teta - 19 horas.

- 12 de dezembro

Grupo Reisado Arcanjo Gabriel

Espaço: Praça La Favorita - 19 horas.

- 14 de dezembro

Grupo Terreiro Santa Bárbara

Espaço: Casa de Mãe Teta - 17 horas.

- 15 de dezembro

Grupo Quadrilha Paixão Junina

Espaço: Casa de Mãe Teta - 17 horas.

- 16 de dezembro

Grupo Malhação de Judas no Terreiro de Casa de Mãe Téta

Local: Casa de Mãe Teta - 17 horas.

- 17 de dezembro

Grupo de Capoeira, Cultura e Axé

Espaço: Anfiteatro Ginásio Poliesportivo - 17 horas.

- 19 de dezembro

Grupo Lapinha Menino de Jesus

Espaço: Casa de Mãe Teta- 17 horas

- 20 de dezembro

Grupo Cine Clube

Espaço: Instituto de Cultura Pop - 15 horas.
fonte: http://www.gazetadocariri.com/2021/11/juazeiro-promove-circuito-cultura

Interatividade no trabalho das guardas Metropolitanas de Juazeiro e Crato

 


As ações das Guardas Civis de Juazeiro do Norte e Crato poderão ocorrer de forma interativa. A informação é do secretário de Segurança Pública e Cidadania, Doriam Lucena, que tem mantido contatos com a gestão municipal do Crato, articulando o Termo de Cooperação Técnica e Operacional entre as corporações. A intenção é que as conversas também sejam estendidas ao município de Barbalha.

Doriam explica que com a implantação da Patrulha Maria da Penha, também no Crato, observou-se a necessidade da interação tanto para ações dentro desta finalidade, como para continuidade de ações em caso de perseguições em meio a uma operação, por exemplo. "Às vezes as buscas aos infratores não podem ter continuidade por uma simples questão de limite entre município. Com essa regulamentação, poderemos ser mais eficientes. Não dá para pensar segurança pública de forma fracionada", disse Doriam.

Na oportunidade, o secretário também sinalizou para a realização de um consórcio de segurança entre os municípios do Cariri. A iniciativa é resultado da visita de Doriam à Secretaria Nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça. O consórcio pode viabilizar recursos para investimentos na área, que são destinados apenas para municípios com mais de 500 mil habitantes. Nesse caso, haveria o rateio proporcional dos recursos entre os participantes.
fonte: http://www.gazetadocariri.com/2021/11/guardas-metropolitanas-de-juazeiro-

Icasa vence Caucaia, é campeão da Fares Lopes e garante vaga na Copa do Brasil

 

Icasa vence Caucaia, é campeão da Fares Lopes e garante vaga na Copa do Brasil


O título da Taça Fares Lopes ficou com o Icasa, que derrotou o Caucaia por 1 a 0 neste domingo (28 de novembro), no estádio Franzé Moraes. Com a vitória, o time do Cariri voltará a atuar no cenário nacional de futebol ao garantir uma vaga na Copa do Brasil em 2022. O time da Terra do Padre Cícero já estava classificado também para a Série D 2022 ao herdar vaga do Atlético-CE, que subiu de divisão.

O jogo começou muito disputado, com as duas equipes se estudando muito e dependendo de lançamentos longos ou jogadas em velocidade pela lateral. O Icasa, no entanto, pareceu ser um time mais equilibrado no primeiro tempo e conseguiu pressionar melhor o adversário. 

Quando não tinha a bola, o Verdão do Cariri adiantava a marcação e tentava recuperar o domínio das ações ofensivas. Essa disposição acabou rendendo um pênalti. 

Aos 25, Siloé, do Caucaia, recebeu pela esquerda do ataque, mas acabou perdendo a bola para Rogério, capitão do Icasa. Para tentar impedir o avanço do adversário, Siloé acabou sendo forçado a fazer falta dentro área. 

Na cobrança, Iltinho não deu chances ao goleiro Josué e cobrou com precisão no canto direito, mandando a bola quase no ângulo superior do gol, abrindo o placar da partida. 

Logo em seguida, aos 26, Júnior Goiaba chegou perto de ampliar a vantagem, após aproveitar uma sobra no meio de campo. O meio campista tentou um chute colocado e acertou a trave esquerda de Josué, que tentou fazer a defesa, mas não alcançou a bola.

SEGUNDA ETAPA 
Depois do intervalo, o cenário do jogo mudou, com o Caucaia tentando empatar o marcador. Aos 55 minutos, Everton teve uma boa oportunidade ao cobrar falta na entrada da área de Mondragon, mas, apesar de conseguir um chute com força e na direção do gol, o goleiro do Icasa conseguiu fazer uma defesa segura. 

Aos 81 minutos, foi a vez de Nael, mais uma vez de falta, levar esperança à torcida do Caucaia. Ele bateu colocado e forçou Mondragon a fazer uma defesa muito difícil, se esticando para chegar no canto esquerdo. 

O Caucaia ainda tentou criar novas oportunidades, mas a defesa do Icasa não oferecia muitas chances. Quando conseguia finalizar as jogadas, o ataque do Caucaia ainda parou em defesas importantes do goleiro Mondragon. 

Com a vitória, o Icasa conquista também uma vaga na Copa do Brasil de 2022, recebendo R$ 560 mil pela cota de participação na 1ª Fase do torneio nacional.

Fonte: Diário do Nordeste

quinta-feira, 18 de novembro de 2021

A monografia "História e desenvolvimento da aviação no Cariri Cearense - Poder político e estado repressor (1928-1988).

 A monografia do acadêmico Roberto Junior no curso de licenciatura de História da URCA - Universidade Regional do Cariri- URCA foi apresentada na tarde do dia 17 de novembro com direito a nota máxima, e encaminhamento para os últimos passos na licenciatura em História da Universidade Regional do Cariri.

A monografia "História e desenvolvimento da aviação no Cariri Cearense - Poder político e estado repressor (1928-1988). O trabalho é fruto de seis anos de pesquisa, e foi orientado pelo Prof. Dr. Egberto Melo. A banca de análise, foi composta pela Prof. Ms. Otonite Cortez, a Prof. Dra. Fátima Pinho e o Prof. Dr. Carlos Rafael Dias.

Nossos parabéns a Roberto Junior que já desponta como um dos grandes historiadores no e do Cariri , tendo já realizado trabalhos sobre a arte complexa e fantástica da relojoaria, com enfase o trabalho do mestre Pelúsio no Cariri. Sobre o registro continuado dos velhos casarões e sua importância histórica, arquitetônica e cultural do Cariri, além de outras pesquisas em áreas diversas como antigomobilismo. Tem um trabalho apaixonante e instigador e é fundador e pesquisador na empresa e revista Cariri das Antigas.


Com certeza já é muito profícuo todo conteúdo produzido na sua monografia bem como em todo seu valoroso e rebuscado trabalho.

Vereadores de Juazeiro do Norte terão que fazer mudanças no comando da Câmara Municipal

 Vereadores de Juazeiro do Norte terão que fazer mudanças no comando da Câmara Municipal, após a agitação que ocorre desde o início da manhã desta quinta-feira (18 de novembro).

A movimentação é por conta da decisão judicial que determinou afastamento do presidente da Câmara, Darlan Lobo, e do 1º vice-presidente, Capitão Vieira.

Ambos, que comandam o Legislativo municipal, são opositores do prefeito Glêdson Bezerra (Podemos). Com o eminente afastamento dos vereadores, o setor jurídico da Câmara já prepara os trâmites para a posse do novo presidente, o que deve ocorrer na tarde desta quinta.

Os afastamentos são parte de uma operação da Polícia Civil que cumpre 97 mandados judiciais contra 52 investigados em suposta organização criminosa de exploração do Jogo do Bicho, no Cariri, Centro-Sul do Ceará e na Capital.

Ao todo, seis vereadores e servidores públicos foram afastados das funções na região, três deles em Juazeiro do Norte: Darlan Lobo, Capitão Vieira e Beto Primo.

R$ 400 MILHÕES
É o montante que a Polícia suspeita que os envolvidos tenham movimentado em seis anos. Com o afastamento de três membros, a primeira providência será a convocação de suplentes para o exercício do mandato parlamentar.

Como os afastamentos são temporários, pela ordem de composição da Mesa Diretora, o 2º vice-presidente,  William Bazílio, o ‘Bilinha’, deve assumir o comando da Casa. O presidente afastado, Darlan Lobo, é opositor do prefeito do município, Gledson Bezerra, que tem tido dificuldade na articulação na Casa.

O parlamentar que assume agora é contabilizado pela liderança do Executivo como sendo da base aliada. Um cenário, portanto, mais favorável ao prefeito.

DETALHES DA OPERAÇÃO PÚBLIO VATÍNIO
43 mandados de busca e apreensão;
Cinco de medidas cautelares diversas da prisão (monitoramento eletrônico);
Seis de afastamento das funções públicas (vereadores e servidores públicos);
43 mandados de sequestro criminal para apreender veículos, imóveis, bloqueio de contas bancárias e fundos de investimento.

Fonte: Diário do Nordeste

terça-feira, 16 de novembro de 2021

Geopark Araripe: a história da vida na Terra recontada no Ceará

 

Geopark Araripe: a história da vida na Terra recontada no Ceará


Riquezas naturais e culturais presentes na Chapada do Araripe formam a identidade deste território de relevância internacional

“A gente se apaixona pelo Geopark Araripe. Eu já poderia estar aposentado, mas continuo por aqui em função da paixão que o Geopark desperta em cada pessoa que se aproxima dele”, relata Nivaldo Soares, mestre em desenvolvimento regional e diretor-executivo do Geopark Araripe (GA), localizado no Sul do Ceará. O sentimento de Nivaldo não é à toa. O Geopark Araripe, com aproximadamente 4 mil km², conecta a diversidade paleontológica, ambiental, histórica e cultural existente na região do Cariri. Ao todo, esse território é composto por nove geossítios, abrangendo os municípios de Barbalha, Crato, Juazeiro do Norte, Missão Velha, Nova Olinda e Santana do Cariri.

Nivaldo Soares na sede do Geopark Araripe, em Crato

Mas o reconhecimento do valor geológico dessa área também é internacional. Em 2006, o Geopark Araripe foi aceito para integrar a Rede Global de Geoparques da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). O GA foi o primeiro parque geológico das Américas e Caribe e, até o momento, permanece como o único do Brasil. A candidatura à Rede, que atualmente soma mais de 160 geoparques em cinco continentes, foi de iniciativa da Universidade Regional do Cariri (Urca), com apoio do Governo do Ceará, por meio da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Educação Superior (Secitece). A Universidade é responsável pela gestão.

Nivaldo Soares afirma que o foco do Geopark Araripe é proteção, educação e desenvolvimento sustentável. “Trabalhamos a importância de reconhecer esse território com todas essas particularidades e riquezas, mas que tem também suas fragilidades, e que é preciso cada um ser responsável e cuidar da melhor maneira possível para que esse ambiente seja utilizado e preservado”.

Geodiversidade

Geossítios são locais que apresentam elevado interesse geológico, pelo seu valor singular do ponto de vista científico, pedagógico, econômico, cultural, estético, entre outros. Esses locais também podem apresentar elevado interesse ecológico, arqueológico, histórico e cultural. Essa definição apresentada pelo Geopark Araripe traduz porque o seu território tem importância não só regional, mas mundial.

Essa relevância se deve ao fato de o Geopark Araripe compreender a Bacia Sedimentar do Araripe, que acolheu as transformações geológicas da Terra, e testemunhou a formação do oceano Atlântico – após a separação da América do Sul e da África. A bacia tem dois destaques: a Chapada do Araripe e o Vale do Cariri.

A Chapada do Araripe fica situada na divisa dos estados de Ceará, Pernambuco e Piauí. A região também abriga a Floresta Nacional (Flona) do Araripe-Apodi, a primeira unidade de conservação criada no Brasil. Imersos nessa paisagem, cada um dos geossítios está ligado a uma formação geológica e, juntos, nos contam a evolução da vida em nosso planeta. “A ideia é o que visitante percorra os geossítios conhecendo cada formação e o que elas têm para nos contar, falando do tempo geológico: o clima que predominava na época, se tem fósseis ou registros de fósseis [icnofósseis]”, explica o geólogo e colaborador do Geopark, Rafael Celestino.

Rafael afirma que quantidade e qualidade dos fósseis descobertos nesses geossítios fazem com que a área seja considerada uma das maiores jazidas fossilíferas do período Cretáceo – de 120 a 100 milhões de anos atrás – do Brasil e do mundo.

“Existe uma terminologia alemã que é utilizada para classificar locais onde os fósseis surgem em uma condição muito ímpar e peculiar. E esse local é raro acontecer pelo mundo. Quando você encontra num local, você tem uma condição dessas que eles classificam. Aqui temos duas: o membro Crato (Formação Santana), que é o calcário laminado, a pedra Cariri que o pessoal conhece; e o membro Romualdo (Formação Santana), que é onde a gente encontra as pedras de peixe; bloquinhos que a gente costuma martelar e quando abre tem um peixe dentro, um dinossauro ou qualquer outro grupo fossilizado”, detalha.

A Chapada do Araripe também se destaca pelo sistema hidrogeológico que transforma esse recorte territorial em um oásis no semiárido nordestino. “A Formação Exu presente na chapada é responsável pela absorção da água da chuva, que vai ser capeada para dentro da própria Chapada do Araripe, esta funciona como um filtro, e aí vai procurar seus escapes originando as fontes. Ela ainda tem uma leve inclinação que favorece o Ceará, porque toda essa água que ela filtra vem para o Ceará”.

A relação das comunidades locais com a água é interligada à Chapada do Araripe, com destaque para os geossítios Cachoeira de Missão Velha, Batateiras (Crato) e Riacho do Meio (Barbalha). A cachoeira é um dos principais elementos de destaque na paisagem desta região, bem como o vale de quase 3 km de extensão do místico Rio Salgado.

Cachoeira de Missão Velha, Batateiras (Crato) e Riacho do Meio (Barbalha)

Esses elementos naturais sempre coexistiram com a cultura dos povos da região, incluindo os primeiros habitantes da Chapada do Araripe, os Kariri. “Aqui tem duas comunidades de povos originários. Aí está se resgatando isso dos descendentes dos índios Kariri que ainda habitam determinadas localidades. Esse movimento de povos originários está existindo em todos os geoparques oficiais da Unesco. No Cariri, o Geopark está trabalhando nisso por meio do professor Patrício Pereira Melo [pesquisador, docente da Urca e colaborador do Geopark Araripe]”, ressalta Nivaldo.

“Ao mesmo tempo em que a gente está contando essa história geológica, paleontológica e arqueológica, passando pelos geossítios que vão de cada formação, nosso objetivo é que isso não seja o fim. Os guias instigam o visitante a querer mais, ir para o lado atual, fazendo ligações históricas e culturais”, reforça Rafael.

Tradição e pluralidade fazem do Cariri a microrregião do Ceará com mais Tesouros Vivos da Cultura. Atualmente, são 25 Mestres e Mestras – vivos (as) –, seis grupos e uma Coletividades reconhecidos (as) pelo Governo do Ceará, por meio da Secretaria da Cultura, como difusores de tradições, da história e da identidade, atuando no repasse de seus saberes e experiências às novas gerações.

A religiosidade é outra característica que atrai milhares de romeiros que desejam percorrer os mesmos caminhos da fé trilhados por José Antônio de Maria Ibiapina, Padre Ibiapina, e posteriormente, Cícero Romão Batista, o Padre Cícero. Com isso, um dos pontos mais visitados do Geopark Araripe é o geossítio Colina do Horto (antiga Serra do Catolé), onde fica uma igreja e a estátua e o memorial em homenagem ao Padre Cícero. O local recebe 2 milhões de visitantes anualmente, segundo dados de 2019.

Estátua de Padre Cícero na Colina do Horto

Para o ecoturismo e a educação, são desenvolvidas diversas iniciativas, com destaque para o circuito de corrida e ciclismo que envolve todos os nove geossítios e as comunidades. “Temos várias outras ações, como exposições temáticas, oficinas de cordéis e de réplica de fósseis, produção artesanal das mais diversas áreas, com destaque para utilização da pedra Cariri, entre outras”, cita Nivaldo Soares.

De acordo com o diretor-executivo, há previsão para a criação de mais dois geossítios no município de Crato: Caldeirão da Santa Cruz do Deserto, relacionado à experiência de partilha, oração e trabalho conduzida pelo beato José Lourenço, orientado pelo Padre Cícero, na comunidade do Caldeirão; e Santa Fé, que se localiza no distrito de mesmo nome e abriga paredões que preservam inscrições rupestres. “Os estudos para esses dois já estão praticamente prontos para serem incorporados a um relatório final e um posterior reconhecimento”, pontua Nivaldo.

Riqueza paleontológica

“Aqui é tão especial que consegue preservar coisas mais delicadas como a asa de uma libélula, que é a marca do Museu, e organismos que viveram uma semana e foram fossilizados. Mas a gente tem dinossauros e pterossauros. Uma das maiores quantidades de pterossauros são daqui do Araripe, cerca de 25. Esse número todo dia muda porque saem coisas novas”, destaca Alysson Pinheiro, biólogo, professor da Urca e diretor do Museu Museu de Paleontologia Plácido Cidade Nuvens. .

Doutor em Ecologia e Recursos Naturais, Alysson também é responsável pela descoberta, em 2016, de uma nova espécie endêmica de caranguejo de água doce na área do Geopark Araripe, o kingleya attenboroughi,

 

As atividades científicas desenvolvidas nos geossítios têm uma ponte de diálogo com o Museu de Paleontologia, que recebe 30 mil visitantes por ano, e carrega o nome de uma das primeiras pessoas a perceber a relevância do material fossilífero da Chapada do Araripe. “Plácido, fazendo seu doutorado na Itália, viu sendo comercializados em feiras nas praças os fósseis daqui de Santana do Cariri. Os mesmos fósseis que aqui ele encontrava em qualquer lugar, chutando, andando ou roçando a terra. Então, quando ele volta do seu doutorado, vira prefeito e cria o Museu [1985] e, em seguida, doa para a Urca [1991]”, conta Alysson.

Os geossítios que se destacam por essa riqueza paleontológica são: Pedra Cariri, Floresta Petrificada e Parque dos Pterossauros. Este último é área de escavações e fica situado próximo ao Museu de Paleontologia, em Santana do Cariri. “No passado, antes da pandemia, eu observava que naquele geossítio as crianças queriam botar o chapeuzinho e pegar o martelinho. Se deixasse eles iriam embora com a carteirinha de paleontólogo ou paleontóloga”, recorda Rafael Celestino.

Floresta Petrificada (Missão Velha) e Parque dos Pterossauros (Santana do Cariri)

Estar no Parque dos Pterossauros e se sentir um descobridor foi um dos marcos na história da família de Antônio Araújo. “Meu pai [Bonifácio Malaquias Ferreira] trabalhava na roça e encontrava os fósseis em cima do solo. Com o passar do tempo, ele disse: eu vou ver o que tem nessas pedras, ver que mistério é esse. Quando abriu viu aquele peixe, aquela coisa linda. Quando soube que era proibido vender, ele foi procurado pelo professor Plácido, aí passou a integrar o grupo da Urca e fazer o trabalho com os pesquisadores para contribuir com a humanidade”, diz Antônio.

Antônio atua como vigilante das trilhas e escavações do Parque dos Pterossauros

“Um dos papéis mais importantes do Museu de Paleontologia é fazer o link da sociedade civil com o conhecimento técnico-científico. A gente precisa mostrar esses fósseis e contar a história deles, para que todo e qualquer um entenda o que é, entenda a importância, e ajude a preservar e disseminar esse patrimônio”, diz Alysson, enfatizando que lugar de fóssil é no Museu.

Em setembro deste ano, o Museu foi reconhecido como patrimônio cultural de Santana do Cariri.

Os principais representantes do acervo guardado e protegido pelo Museu de Paleontologia são: troncos petrificados (por silicificação); impressões de samambaias, pinheiros e plantas com frutos; moluscos, artrópodes (crustáceos, aranhas, escorpiões e insetos); peixes (tubarões, raias e diversos peixes ósseos), anfíbios e répteis (tartarugas, lagartos, crocodilianos, pterossauros e dinossauros).

Feito de gente e histórias

O Geopark Araripe guarda lendas transmitidas de geração em geração, é o que afirma a historiadora Pedrina França Pereira. Uma dessas lendas envolve o geossítio Pontal de Santa Cruz, um mirante próximo à Santana do Cariri. “Segundo os populares mais antigos da comunidade, eles escutavam barulhos no topo da Chapada do Araripe, e começaram a relacionar isso a demônios. Aí resolveram fincar uma cruz no topo da chapada para espantar esses demônios”, relata Pedrina.

A lenda do Pontal e a vista da Chapada do Araripe encantaram a turista recifense Sandra Oliveira em sua primeira visita ao Cariri e ao Geopark. “Eu faço trilha que envolve tudo, porque gosto de conhecer a cultura e a culinária. Com certeza, eu retornarei e acredito que mais gente também, porque quando é legal a gente compartilha”, garante.

Sandra Oliveira, natural de Recife, ficou encantada diante da paisagem e lendas do Pontal

As histórias fortalecem a relação que as pessoas têm com esse território. Esse pertencimento foi um dos motivos que incentivaram a comunidade próxima à Ponte Pedra, localizada em Nova Olinda, a elaborar uma solicitação pública para que a estrutura se tornasse um dos geossítios.

Para a geologia, a Ponte de Pedra está ligada à Formação Exu, que é um arenito poroso e capeia a Chapada do Araripe. “Dentro de uma dinâmica natural, a Ponte de Pedra foi esculpida. A gente entende que o canal de drenagem à época da existência daquela estrutura, era um canal de drenagem bastante ativo. Aí foi trabalhando a rocha de modo que constitui aquela ponte. Nós fizemos um trabalho geológico que constatou que aquela ponte era um pouco maior”, diz Rafael Celestino.

Os moradores gostam de contar que a ponte era trilhada pelos antigos vaqueiros que povoaram as cidades de Nova Olinda e Santana do Cariri. O local também guarda registros arqueológicos, como gravuras e pinturas rupestres, além de cerâmica e material lítico que eram usados pelos Kariri. “A Ponte é tida como um local místico. Segundo as lendas, ali seria uma ponte encantada que daria acesso a um castelo também encantado. Essa passagem da ponte seria protegida por um ser guardião do portal de entrada, metade serpente e metade mulher”, explica Pedrina.

Patrimônio Natural e Cultural

Esses relatos e registros arqueológicos sobre a cultura Kariri são pesquisados e salvaguardados pela Fundação Casa Grande Memorial do Homem Kariri (FCG-MHK), em Nova Olinda. Implantada em 1992 pelo casal de músicos, pesquisadores e arqueólogos Rosiane Limaverde e Alemberg Quindins, a FCG desenvolve programas que valorizam a cultura através da arqueologia mitológica. A Casa está fundamentada na Arqueologia Social Inclusiva, promovendo a formação cultural e social de crianças e jovens e seus familiares. São as crianças as responsáveis por guiar os visitantes pela Casa e compartilhar as histórias sobre a região e seu povo.

A FCG sedia o Instituto de Arqueologia do Cariri Dra. Rosiane Limaverde, vinculado à Urca, e recebe estagiários da Universidade e do Geopark Araripe. Atualmente, a instituição coopera com o essas e demais instituições públicas e privadas na elaboração do Dossiê para candidatura da Chapada do Araripe como Patrimônio Cultural e Natural da Humanidade, proposta que será enviada à Unesco em 2023.

“O Instituto de Arqueologia tem sido um braço muito forte na escrita do Dossiê, tanto pelo trabalho de levantamento arqueológico desenvolvido por Rosiane Limaverde, que iniciou esse trabalho de levantamento de sítio, cadastro e reconhecimento dessas paisagens, não só na pesquisa de graduação, mestrado e doutorado dela, mas desde a pesquisa da década de 1980 que ela e Alemberg fizeram dos sítios mitológicos. Então, para compor essa paisagem cultural do Cariri, a gente tá destacando também esses pontos de memórias, esses pontos encantados, que são esses sítios mitológicos e arqueológicos”, detalha a arqueóloga da FCG-MHK, Lucineide Marquis.

Além de apoiar a elaboração do Dossiê, o Governo do Ceará, por meio da Secult, deu mais um passo importante para fortalecer a candidatura da Chapada do Araripe, enviando um projeto de Lei à Assembleia Legislativa para a criação da Chancela Cultural na legislação estadual de patrimônio. Isso permite que seja conferido à Chapada do Araripe esta chancela como Paisagem Cultural do Ceará. O projeto foi aprovado na AL em 15 de julho deste ano.

“Para nós, a Chapada do Araripe, independente do resultado da Unesco, já é um Patrimônio. Mas esse reconhecimento oficial vai trazer uma valoração para a região, que pode acarretar no desenvolvimento turístico e científico”, conclui Marquis.

16 DE NOVEMBRO DE 2021

Larissa Falcão - Ascom Casa Civil - Texto
Nívia Uchoa - Fotos
Eligia Cavalcante - Vídeo
Yuri Leonardo - Infográfico

fonte www.ceara.gov.br/2021/11/16/geopark-araripe-a-historia-da-vida-na-terra-recontada-no-ceara/