terça-feira, 31 de março de 2020

Publicado no Diário Oficial do Município de Juazeiro do Norte em 30/03/2020 a Homologação do Concurso Público



Neste dia 30 de março de 2020 foi publicado no Diário Oficial do Município de Juazeiro do Norte a Homologação do Concurso Público para Provimento de Vagas dos Cargos de Efetivos e Formação de Cadastro de Reserva. Com isso, conforme a publicação, já deverão ser chamados os aprovados para assumirem cargos efetivos junto à Prefeitura Municipal, que serão convocados conforme as necessidades da administração, para compor os cargos nos setores específicos.

segunda-feira, 30 de março de 2020

Papa concede a benção 'Urbi et Orbi' e indulgência plenária ( perdão coletivo) por pandemia de coronavírus

Em ato inédito, Papa reza sozinho e
concede perdão coletivo
O Papa Francisco rezou nesta sexta-feira (27) sozinho diante da imensa praça de São Pedro vazia e deu a bênção e a indulgência plenária ao mundo pela pandemia de coronavírus que o assola. Não há registro de gesto semelhante na história do Vaticano.
Uma imagem para a história!
Papa Francisco reza na Praça São Pedro sozinho pelo fim da pandemia.





imagem Vatican News/divulgação 
imagem G1


Foi um ritual inédito, durante o qual ele deu a bênção “Urbi et Orbi” (à cidade e ao mundo) a todos os fiéis.
A bênção permite que mais de 1,3 bilhão de católicos obtenham a indulgência plenária, ou seja, o perdão de seus pecados, em um momento tão difícil, com medidas de confinamento que afetam mais de 3 bilhões de pessoas.

Papa reza na Praça São Pedro vazia nesta sexta-feira (27) (Fotos: Divulgação)

‘Um mundo doente’

Na oração, o papa ressaltou a avidez pelo lucro, que fez com que muitos não despertassem face a guerras
e injustiças planetárias. “Não ouvimos o grito dos pobres e do nosso planeta gravemente enfermo”, disse. “Avançamos, destemidos, pensando que continuaríamos sempre saudáveis num mundo doente. Agora nós, sentindo-nos em mar agitado, imploramos-Te: ‘Acorda, Senhor!'”, rezou.
Ele também aproveitou para valorizar aqueles que estão se dedicando a cuidar dos doentes.
“É o tempo de reajustar a rota da vida rumo a Ti, Senhor, e aos outros. E podemos ver tantos companheiros de viagem exemplares, que, no medo, reagiram oferecendo a própria vida… É a vida do Espírito, capaz de resgatar, valorizar e mostrar como as nossas vidas são tecidas e sustentadas por pessoas comuns (habitualmente esquecidas), que não aparecem nas manchetes dos jornais e revistas, nem nas grandes passarelas do último espetáculo, mas que hoje estão, sem dúvida, a escrever os acontecimentos decisivos da nossa história: médicos, enfermeiros e enfermeiras, trabalhadores dos supermercados, pessoal da limpeza, curadores, transportadores, forças policiais, voluntários, sacerdotes, religiosas e muitos – mas muitos – outros que compreenderam que ninguém se salva sozinho…”, prosseguiu.
imagens da internet 

Um evento extraordinário

“Se trata de um evento extraordinário presidido pelo papa, em um momento específico, quando o mundo cai de joelhos pela pandemia. Um momento de graça extraordinária que nos dá a oportunidade de viver esse tempo de sofrimento e medo com fé e esperança”, explicou o Vaticano em uma nota.
Desde que a epidemia de coronavírus eclodiu na Europa, o Papa Francisco se pronunciou em várias ocasiões, lembrando em particular dos médicos e enfermeiros, que estão na linha de frente da luta, e pedindo aos padres para acompanhar os doentes e moribundos.
Francisco, que teve que limitar suas ações e agenda para evitar possíveis contágios, se prepara para celebrar a primeira Semana Santa da era moderna, sem fiéis nem procissões.
Na quinta-feira, dois jornais italianos noticiaram que o pontífice teve teste negativo para o coronavírus. O pontífice foi submetido a um teste na quarta-feira (25), após a descoberta no mesmo dia de um caso de contaminação de um religioso que vive na mesma residência há anos, de acordo com os jornais “Messagero” e “Fatto Quotidiano”.

Texto integral da bênção “Urbi et Orbi” de 27 de março

“Ao entardecer…” (Mc 4, 35): assim começa o Evangelho, que ouvimos. Desde há semanas que parece o entardecer, parece cair a noite. Densas trevas cobriram as nossas praças, ruas e cidades; apoderaram-se das nossas vidas, enchendo tudo dum silêncio ensurdecedor e um vazio desolador, que paralisa tudo à sua passagem: pressente-se no ar, nota-se nos gestos, dizem-no os olhares. Revemo-nos temerosos e perdidos. À semelhança dos discípulos do Evangelho, fomos surpreendidos por uma tempestade inesperada e furibunda. Demo-nos conta de estar no mesmo barco, todos frágeis e desorientados mas ao mesmo tempo importantes e necessários: todos chamados a remar juntos, todos carecidos de mútuo encorajamento. E, neste barco, estamos todos. Tal como os discípulos que, falando a uma só voz, dizem angustiados “vamos perecer” (cf. 4, 38), assim também nós nos apercebemos de que não podemos continuar estrada cada qual por conta própria, mas só o conseguiremos juntos.
Rever-nos nesta narrativa, é fácil; difícil é entender o comportamento de Jesus. Enquanto os discípulos naturalmente se sentem alarmados e desesperados, Ele está na popa, na parte do barco que se afunda primeiro… E que faz? Não obstante a tempestade, dorme tranquilamente, confiado no Pai (é a única vez no Evangelho que vemos Jesus a dormir). Acordam-No; mas, depois de acalmar o vento e as águas, Ele volta-Se para os discípulos em tom de censura: “Porque sois tão medrosos? Ainda não tendes fé?” (4, 40).
Procuremos compreender. Em que consiste esta falta de fé dos discípulos, que se contrapõe à confiança de Jesus? Não é que deixaram de crer N’Ele, pois invocam-No; mas vejamos como O invocam: “Mestre, não Te importas que pereçamos?” (4, 38) Não Te importas: pensam que Jesus Se tenha desinteressado deles, não cuide deles. Entre nós, nas nossas famílias, uma das coisas que mais dói é ouvirmos dizer: “Não te importas de mim”. É uma frase que fere e desencadeia turbulência no coração. Terá abalado também Jesus, pois não há ninguém que se importe mais de nós do que Ele. De fato, uma vez invocado, salva os seus discípulos desalentados.
A tempestade desmascara a nossa vulnerabilidade e deixa a descoberto as falsas e supérfluas seguranças com que construímos os nossos programas, os nossos projetos, os nossos hábitos e prioridades. Mostra-nos como deixamos adormecido e abandonado aquilo que nutre, sustenta e dá força à nossa vida e à nossa comunidade. A tempestade põe a descoberto todos os propósitos de “empacotar” e esquecer o que alimentou a alma dos nossos povos; todas as tentativas de anestesiar com hábitos aparentemente “salvadores”, incapazes de fazer apelo às nossas raízes e evocar a memória dos nossos idosos, privando-nos assim da imunidade necessária para enfrentar as adversidades.
Vatican News/ divulgação

Com a tempestade, caiu a maquiagem dos estereótipos com que mascaramos o nosso “eu” sempre preocupado com a própria imagem; e ficou a descoberto, uma vez mais, aquela (abençoada) pertença comum a que não nos podemos subtrair: a pertença como irmãos.
“Porque sois tão medrosos? Ainda não tendes fé?” Nesta tarde, Senhor, a tua Palavra atinge e toca-nos a todos. Neste nosso mundo, que Tu amas mais do que nós, avançamos a toda velocidade, sentindo-nos em tudo fortes e capazes. Na nossa avidez de lucro, deixamo-nos absorver pelas coisas e transtornar pela pressa. Não nos detivemos perante os teus apelos, não despertamos face a guerras e injustiças planetárias, não ouvimos o grito dos pobres e do nosso planeta gravemente enfermo. Avançamos, destemidos, pensando que continuaríamos sempre saudáveis num mundo doente. Agora nós, sentindo-nos em mar agitado, imploramos-Te: “Acorda, Senhor!”
“Porque sois tão medrosos? Ainda não tendes fé?” Senhor, lanças-nos um apelo, um apelo à fé. Esta não é tanto acreditar que Tu existes, como sobretudo vir a Ti e fiar-se de Ti. Nesta Quaresma, ressoa o teu apelo urgente: “Convertei-vos…”. “Convertei-Vos a Mim de todo o vosso coração” (Jl 2, 12). Chamas-nos a aproveitar este tempo de prova como um tempo de decisão. Não é o tempo do teu juízo, mas do nosso juízo: o tempo de decidir o que conta e o que passa, de separar o que é necessário daquilo que não o é. É o tempo de reajustar a rota da vida rumo a Ti, Senhor, e aos outros. E podemos ver tantos companheiros de viagem exemplares, que, no medo, reagiram oferecendo a própria vida. É a força operante do Espírito derramada e plasmada em entregas corajosas e generosas. É a vida do Espírito, capaz de resgatar, valorizar e mostrar como as nossas vidas são tecidas e sustentadas por pessoas comuns (habitualmente esquecidas), que não aparecem nas manchetes dos jornais e revistas, nem nas grandes passarelas do último espetáculo, mas que hoje estão, sem dúvida, a escrever os acontecimentos decisivos da nossa história: médicos, enfermeiros e enfermeiras, trabalhadores dos supermercados, pessoal da limpeza, curadores, transportadores, forças policiais, voluntários, sacerdotes, religiosas e muitos – mas muitos – outros que compreenderam que ninguém se salva sozinho. Perante o sofrimento, onde se mede o verdadeiro desenvolvimento dos nossos povos, descobrimos e experimentamos a oração sacerdotal de Jesus: “Que todos sejam um só” (Jo 17, 21). Quantas pessoas dia a dia exercitam a paciência e infundem esperança, tendo a peito não semear pânico, mas corresponsabilidade! Quantos pais, mães, avôs e avós, professores mostram às nossas crianças, com pequenos gestos do dia a dia, como enfrentar e atravessar uma crise, readaptando hábitos, levantando o olhar e estimulando a oração! Quantas pessoas rezam, se imolam e intercedem pelo bem de todos! A oração e o serviço silencioso: são as nossas armas vencedoras.
imagem da net 

“Porque sois tão medrosos? Ainda não tendes fé?” O início da fé é reconhecer-se necessitado de salvação. Não somos autossuficientes, sozinhos afundamos: precisamos do Senhor como os antigos navegadores, das estrelas. Convidemos Jesus a subir para o barco da nossa vida. Confiemos-Lhe os nossos medos, para que Ele os vença. Com Ele a bordo, experimentaremos – como os discípulos – que não há naufrágio. Porque esta é a força de Deus: fazer resultar em bem tudo o que nos acontece, mesmo as coisas ruins. Ele serena as nossas tempestades, porque, com Deus, a vida não morre jamais.
O Senhor interpela-nos e, no meio da nossa tempestade, convida-nos a despertar e ativar a solidariedade e a esperança, capazes de dar solidez, apoio e significado a estas horas em que tudo parece naufragar. O Senhor desperta, para acordar e reanimar a nossa fé pascal. Temos uma âncora: na sua cruz, fomos salvos. Temos um leme: na sua cruz, fomos resgatados. Temos uma esperança: na sua cruz, fomos curados e abraçados, para que nada e ninguém nos separe do seu amor redentor. No meio deste isolamento que nos faz padecer a limitação de afetos e encontros e experimentar a falta de tantas coisas, ouçamos mais uma vez o anúncio que nos salva: Ele ressuscitou e vive ao nosso lado. Da sua cruz, o Senhor desafia-nos a encontrar a vida que nos espera, a olhar para aqueles que nos reclamam, a reforçar, reconhecer e incentivar a graça que mora em nós. Não apaguemos a mecha que ainda fumega (cf. Is 42, 3), que nunca adoece, e deixemos que reacenda a esperança.
Abraçar a sua cruz significa encontrar a coragem de abraçar todas as contrariedades da hora atual, abandonando por um momento a nossa ânsia de onipotência e possessão, para dar espaço à criatividade que só o Espírito é capaz de suscitar. Significa encontrar a coragem de abrir espaços onde todos possam sentir-se chamados e permitir novas formas de hospitalidade, de fraternidade e de solidariedade. Na sua cruz, fomos salvos para acolher a esperança e deixar que seja ela a fortalecer e sustentar todas as medidas e estradas que nos possam ajudar a salvaguardar-nos e a salvaguardar. Abraçar o Senhor, para abraçar a esperança. Aqui está a força da fé, que liberta do medo e dá esperança.
“Porque sois tão medrosos? Ainda não tendes fé?” Queridos irmãos e irmãs, deste lugar que atesta a fé rochosa de Pedro, gostaria nesta tarde de vos confiar a todos ao Senhor, pela intercessão de Nossa Senhora, saúde do seu povo, estrela do mar em tempestade. Desta colunata que abraça Roma e o mundo desça sobre vós, como um abraço consolador, a bênção de Deus. Senhor, abençoa o mundo, dá saúde aos corpos e conforto aos corações! Pedes-nos para não ter medo; a nossa fé, porém, é fraca e sentimo-nos temerosos. Mas Tu, Senhor, não nos deixes à mercê da tempestade. Continua a repetir-nos: “Não tenhais medo!” (Mt 14, 27). E nós, juntamente com Pedro, “confiamos-Te todas as nossas preocupações, porque Tu tens cuidado de nós” (cf. 1 Ped 5, 7).
imagem Vatican News/divulgação 



Fonte: G1
fivo@hojeemdia.com.br | @flaviaivo

27/03/2020 





domingo, 29 de março de 2020

Discurso proferido pelo Professor Daniel Walker nos 80 anos dos Coroneis Humberto e Adauto Bezerra

Senhor Presidente, demais autoridades da Mesa,
Minhas Senhoras, Meus Senhores, amigos de Juazeiro: 

Quando recebi a incumbência de saudar os Coronéis Adauto e Humberto Bezerra na passagem dos seus 80 anos de existência e recepção da Comenda outorgada pela Câmara Municipal de Juazeiro do Norte, duas coisas aconteceram comigo: a primeira, foi a surpresa da indicação - e me fiz a seguinte pergunta – Por que justamente eu ainda convalescendo de uma cirurgia?

Depois, fui invadido por uma ansiedade devido ao compromisso assumido, pois não é fácil saudar em uma solenidade oficial como esta, duas pessoas tão importantes, cujas biografias são como elas, praticamente gêmeas, porquanto percorreram os mesmo caminhos como militares, políticos, empre-sários e pais de famílias. Portanto, eu precisava descobrir um fato novo para apresentar esta noite. 

Exaltar a vida pública deles seria redundância, pois disso a imprensa já cuidou e há registros abundantes. Os outros aspectos de suas vidas também já foram igualmente destacados. Então, tive de cair em campo para encontrar uma coisa realmente inédita, mas também interessante para eles e para a platéia. 

Como venho trabalhando desde algum tempo na pesquisa da história de Juazeiro, percebi que poderia destacar a importância dos dois no contexto histórico juazeirense, pois eles foram de fato personagens de primeira linha na história desta cidade. E é isso que vou fazer com o beneplácito da platéia que me ouve. 

Segundo o escritor Humberto de Campos: “Cada um, ao nascer, traz no coração, ou nas mãos, a história do seu destino”. Qual seria o destino desses dois homenageados?
Como tudo tem um início, vou começar dizendo como eles nasceram, mas para isso vou usar a descrição feita pela irmã deles, a Professora Alacoque Bezerra, como está no livro que ela escreveu sobre o pai. Diz ela:
“Estava na casinha das eufrasinas (nossas moradoras) ansiosa e chorando por ouvir os gemidos da minha mãe, que aguardava a chegada do quinto filho. 

Chega meu pai da procissão, durante a qual pediu muito a Deus, felicidades para o filho que ia chegar. Vieram dois. Quanta surpresa e alegria duplicada. Quanto amor e enlevo ao redor de uma redinha branca, onde dormiam a menina dos olhos do meu pai: seus gêmeos, dois filhos homens. Parece que tudo parou e ressurgiu uma nova aurora de tons alvissareiros que se iam acentuando, à proporção que os dias passavam. 

Para presentear meus pais, Deus os mandou para suprir a carência dos dois primeiros que levara. Como acomodar dois, com roupinhas, cueiros, sapatinhos de lã, que só foram preparados para um? Uma correria grande. Minha tia Lindalva encarregou-se de prover tudo. Como distingui-los? E os nomes?  José Adauto e Francisco Humberto. A identificação fora simples: uma touquinha branca para Adauto e uma touquinha preta para Humberto, isso até que os traços fisionômicos permitissem uma identificação mais concreta. 

Depois, na pequena casa onde nasceram, no Salgadinho, Adauto, já Governador, mandou colocar uma placa simbólica informando que ali eles nasceram”.
Agora, relato a procedência. Eles são descendentes do Brigadeiro Leandro Bezerra Monteiro, logo pertencem ao tronco familiar que iniciou a história do lugar, que mais tarde Padre Cícero colocou no mapa do Brasil e tem o nome de Juazeiro do Norte. 

A Família Bezerra não só iniciou a história do lugarejo, como também foi quem primeiro lutou pela sua emancipação política do jugo cratense, num movimento idealizado em 1907 pelo Major Joaquim Bezerra de Menezes, depois encampado pelo Padre Cícero com êxito total.
A entrada dos dois irmãos aniversariantes na história de Juazeiro tem início quando ambos ingressaram na vida política, mas sem disputar cargo, e sim, ajudando na campanha para eleição do candidato a Prefeito de Juazeiro, o parente e amigo José Geraldo da Cruz, em 1954. 

Como não eram ainda muito conhecidos no ramo, usaram a estratégia de pedir votos em nome do pai, José Bezerra de Menezes, conceituado político e homem de negócios já bastante conhecido aqui, o qual, por uma infeliz coincidência, tinha morrido naquele mesmo ano, antes de a campanha decolar.
O pai prometera eleger José Geraldo, e certamente o faria se estivesse vivo; por isso coube aos dois filhos gêmeos neófitos em política o cumprimento da promessa. Afastaram-se temporariamente do Quartel, engajaram-se na campanha e o candidato venceu.
Com essa estréia coroada de êxito, os dois - mais Adauto do que Humberto -, descobriram que tinham o gen da política no sangue. E assim, à carreira militar que seguia brilhante, agregaram a carreira política. 

E este ingresso gerou um fato da maior importância para a história política do Município: o fim do embate entre duas lideranças pela disputa da hegemonia e da consolidação do poder, conduzindo às urnas duas grandes legiões de adeptos conhecidas popularmente por gogós e carrapatos.
O passo seguinte foi mais longo, mais ousado, também vitorioso, e começou com Adauto. Atendendo aos apelos dos amigos do pai, candidatou-se a Deputado Estadual, e uma vez eleito, transformou-se no primeiro filho de Juazeiro a ocupar tal cargo. 

Ao se eleger Deputado Estadual, o coronel Adauto escreve mais uma página na história de sua terra. E aqui cabe bem o que disse Oscar Wilde: “Todos sabem fazer história; mas só os grandes é que sabem escrevê-la”.
No dia 15 de março de 1975 ele assume o cargo político mais alto do Estado, o de Governador, e aí escreve outra página na história de sua cidade, pois foi o primeiro e único juazeirense até hoje a ser eleito para este alto cargo. 

Como governador ele fez muito pelo Juazeiro. Construiu dezenas de obras ainda hoje existentes. Na história da educação juazeirense, por exemplo, seu nome figura como construtor de muitas escolas, entre as quais a que tem o seu nome, a que tem o nome de sua mãe e a que tem o nome do Presidente Ernesto Geisel, porém sempre conhecida como Polivalente. 

Mas na história da educação juazeirense o nome do Coronel Adauto Bezerra tem um realce maior ainda, pois foi ele quem trouxe, em 1976, a Faculdade de Engenharia Operacional, primeira faculdade de Juazeiro, antes pertencente à Universidade Estadual do Ceará e agora com o nome de Curso de Engenharia de Produção, pertencente à Universidade Regional do Cariri. 

Quando estava em pleno mandato de governador uma tragédia tomou conta da cidade: o tradicional Mercado Central, nosso shopping popular, foi consumido pelas chamas de um incêndio avassalador. O trágico acontecimento causou desalento geral nos feirantes e uma grande baixa na economia do município. 

Aí o Coronel Adauto vem em socorro dos aflitos e escreve mais uma página na história juazeirense, construindo a partir das cinzas e em tempo recorde o novo Mercado que continua até hoje.
Na história de Juazeiro ele ainda figura como Deputado Federal, como superintendente da SUDENE, banqueiro bem sucedido e um dos fundadores da Rádio Progresso AM e da Rádio Transcariri FM, esta a primeira estação de FM de Juazeiro. Coronel Adauto Bezerra certamente continuará fazendo história. 

A participação do Coronel Humberto na história de sua terra natal não é menos importante em relação à do seu irmão gêmeo. Como Prefeito de Juazeiro, empossado em 1963, ele iniciou uma nova fase na administração pública juazeirense.
E a partir daí eu já sou testemunha presencial da sua história, pois estava iniciando minha vida de jornalista e documentei muita coisa nas páginas do jornal O Povo de Fortaleza, do qual era seu Correspondente aqui, e no Grande Jornal Sonoro Iracema, da Rádio Iracema, do qual era o Redator do noticiário local. 

Eis o que ele disse ao ser empossado no cargo: “O que desejo, na minha administração que hoje se inicia, é serenidade no trabalho, austeridade de ação e honestidade na arrecadação e na aplicação dos dinheiros públicos”.
Trabalho. Honestidade. Moralidade. Autoridade. Estas palavras tão ouvidas no Quartel foram incorporadas à sua administração com sucesso absoluto. Meus amigos, peço permissão para registrar um fato que reputo da maior relevância para este momento. 

O então Capitão Humberto Bezerra foi o primeiro candidato a Prefeito de Juazeiro a ter um Plano de Governo. Mas inovou também noutro aspecto. Hoje se fala muito em administrar com transparência, mas na verdade isso não tem nada de novo. 

O Capitão Humberto Bezerra, quando Prefeito de Juazeiro, já fazia isso. Eu me lembro muito bem, pois estava lá quando ele, religiosamente, todo mês, comparecia ao estúdio da Rádio Iracema para prestar contas de sua administração, fazendo um balanço das atividades realizadas e da aplicação dos recursos arrecadados. Era tudo transparente e a cidade inteira parava para ouvi-lo. 

Numa época em que as verbas recebidas pelo Município eram insignificantes, comparadas com as de hoje, ele fazia verdadeiros milagres, como bem demonstravam as obras realizadas, resultado de uma administração honesta, revolucionária, inovadora e realizadora.
Aumentou a arrecadação municipal, como nunca fora visto antes; fez todo mundo pagar imposto predial. Não dispensou de ninguém, de ninguém mesmo, nem dos familiares. No começo, muitos amigos seus reclamaram, mas pagaram. Depois ficaram satisfeitos porque viam o imposto pago convertido em obras para a comunidade. 

A história de Juazeiro não pode deixar de registrar seu pioneirismo na expansão dos limites urbanos, pavimentando ruas até então intransitáveis e fazendo com isso desaparecer da lembrança do povo juazeirense uma palavra feia, porém muito usada na época que era o “arisco”. Em Juazeiro, naquele tempo, morar no arisco era uma humilhação.
Logo após a chegada da energia de Paulo Afonso, o Capitão Humberto que já havia calçado o arisco agora também o iluminava, e assim cobria de dignidade a população ali residente. Quem escrever a história de Juazeiro não poderá omitir esta outra página brilhante da sua administração.
E a moral dele na hora de fazer cumprir a lei?! Feriado municipal durante o seu governo, significava comércio fechado, portas baixadas, mesmo, e ninguém ousava desrespeitar. 

Com ajuda do Governador Virgílio Távora construiu o magnífico prédio da Prefeitura Municipal, ainda hoje mantendo sua arquitetura inicial. Na época de sua inauguração, com aquela fonte luminosa multicolorida, foi um delírio para quem assistiu. Era o orgulho da cidade.
O Prefeito Humberto Bezerra construiu escolas, abriu estradas vicinais interligando os sítios à sede do município e levou eletrificação ao distrito Padre Cícero, o qual foi pioneiro no recebimento deste benefício em todo Estado do Ceará. 

Em sua administração foi inaugurada a Quadra João Cornélio, um aprazível local onde as crianças brincavam no Parque Infantil, os jovens praticavam esportes, e também onde eram realizados shows de artistas renomados e os estudantes participavam de atividades literárias, graças às conhecidas “Promoções HB” idealizadas pelo jovem, meu amigo José Carlos Pimentel, em nome da biblioteca Dr. Possidônio Bem, instalada na mesma Quadra. Juazeiro do Norte experimentava realmente bons momentos. 

Depois ele seguiria na carreira política elegendo-se Deputado Federal. Foi também Vice-governador e Secretário de Estado, mas terminou perdendo interesse pela política e passou a exercer somente sua atividade de banqueiro, sendo hoje figura de proa numa instituição bancária nascida em Juazeiro, com a participação ativa do seu pai, e hoje tem projeção nacional. 

Neste ponto, peço licença para citar um fato que me encheu de orgulho de ser juazeirense. Em 2004 estava de férias com minha esposa em Porto Alegre, lá no fim do Brasil, quando casualmente passando pela Rua Sete de Setembro vi uma agência do BICBANCO. Aquilo me deixou muito feliz por saber que estava diante de um estabelecimento bancário que nasceu em minha cidade. Foi emocionante. 

Mas o encerramento da carreira política do Coronel Humberto não estancou sua presença na história de Juazeiro. Em 1995, por ocasião do Centenário de Nascimento do seu pai, ele entregou uma das maiores obras assisten-ciais já realizadas nesta cidade: a Casa do Idoso.
Não é uma obra de político, mas uma obra de iniciativa pessoal dele. Lá ninguém vive desprezado, nem sabe o que é solidão. 

Quem mora na Casa do Idoso reencontra a dignidade perdida ou adquire a dignidade que nunca teve, porque lá existe um ambiente de aconchego familiar, de acomodações dignas, higiene incomparável, alimentação farta e boa, tudo isso graças ao trabalho da eficiente equipe coordenada por Irmão Bernardo sob o olhar sempre atento do patrão que mora em Fortaleza, porém a visita várias vezes por ano. A Casa do Idoso é uma obra que orgulha a nossa cidade e deixa o Coronel Humberto muito feliz.

Eu e o querido e saudoso Padre Murilo, quando a Casa do Idoso esta-va ainda em construção, íamos lá todos os sábados olhar os serviços. E recordo que ele cada vez mais ficava admirado do avanço da construção e comentou uma vez comigo: “Essa obra de Humberto vai mexer muito com ele e será a melhor coisa para o Juazeiro”. E é mesmo, Coronel, pode ter certeza. E nós três sabemos o que Padre Murilo quis dizer quando afirmou que essa obra ia mexer com o senhor. 

Estes, meus amigos e conterrâneos, são apenas alguns lances para mostrar o quanto estes dois ilustres aniversariantes e detentores da Medalha Padre Cícero são protagonistas da história de Juazeiro. Mas eles também abriram espaço para que outras pessoas brilhassem e também figurassem na história desta cidade, como algumas que passo a citar. 

O saudoso Gumercindo Ferreira Lima poderia ser lembrado como um lojista como tantos que viveram aqui, mas na história de Juazeiro ele será mais lembrado como o grande Secretário de Obras do Prefeito Humberto Bezerra e Vereador de muitas legislaturas.
O homem era um verdadeiro trator, foi o grande tocador das obras do Capitão Humberto na época. Abria estradas, construía prédios e fazia ponte mais rápido do que o governador atual. Gumercindo Ferreira Lima foi sem dúvida alguma o melhor ator coadjuvante da administração Humberto Bezerra e tem um lugar reservado na história de Juazeiro, por isso e por muitas outras ações que desenvolveu de moto-próprio em prol do desenvolvimento de Juazeiro. 

Mas há também Dona Sinharinha, sua eficiente Secretária. O Cabo Dídio, homem de fibra, honesto, um grande fiscal. E seu tesoureiro, Odemar Bastos Rodrigues, este ainda vivo. E Seu Manoel Balbino, que não era Bezerra de Menezes, mas sempre foi considerado como da família. 

É... Coronel Humberto e Coronel Adauto, os senhores lançaram muitos nomes na história de Juazeiro, e como eu conheço a boa índole dos dois, sei que os senhores não se incomodam de terem nascido numa cidade cuja história guarda uma certa singularidade, diria até esquisitisse, porque é mística - por ter ainda uma legião de penitentes como os Aves de Jesus; encantada - por ter acreditado em lendas como a das Três noites de escuro ou a da Pedra da batateira - e engraçada pois reúne no mesmo espaço geográfico nomes de pessoas do seu gabarito, como militares brilhantes e políticos de sucesso, de Padre Cícero, o maior ícone da nossa história, afora outros, mas que, por outro lado, apresenta também nomes de figuras populares, muito queridas de quem as conheceram ou delas ouviram falar, alguns dos quais vou declinar para mexer com muitos saudosistas aqui presentes.

Distinta platéia, veja bem como este nosso Juazeiro é uma cidade misteriosa. Juazeiro é um mundo, como disse meu amigo Renato Casimiro, pois o Juazeiro desses dois ilustres coronéis, o meu e o de muitos conterrâ-neos que estão aqui é o mesmo Juazeiro do exímio carpinteiro Joaquim Gomes de Menezes, que só se torna conhecido quando é transfigurado na sua identidade de realeza fictícia com o pomposo nome de Príncipe Ribamar da Beira-fresca. Em qualquer outra cidade, Sua Alteza Imperial certamente seria tratado como pessoa amalucada, mas como Juazeiro é uma cidade diferente, nosso Príncipe era tratado como tal e participava até de solenidades oficiais. 

Lembro-me dele, vistosamente uniformizado com seu traje real, ao lado do então Prefeito Capitão Humberto e outras autoridades, durante solenidade cívica, em palanque armado na Praça Padre Cícero, num memorável desfile de 7 de Setembro. Ninguém o importunava nem se incomodava com a sua presença.  Há outras figuras da mesma categoria, como o conhecido João Remexe-bucho, com um saco de treco às costas, fazendo seus aviõezinhos de papel para a meninada. Famílias bondosas, ricas ou de qualquer classe, lhe davam um prato de comida e muitas vezes o recebiam dentro de suas casas, tamanha era a confiança nele depositada. Quando ele morreu foi sepultado com dignidade e grande acompanhamento. 

Também o inofensivo Doca, sempre alegre, dedilhando uma musiquinha na sua inseparável caixa-de-fósforos na Praça Padre Cícero, diante do olhar admirado dos transeuntes. Esses tipos populares encantaram gerações inteiras. Mas há também figuras de outra natureza, como o conhecido motorista Pedro Vicente, inventando e contando suas histórias fantásticas, tipo aquela segundo a qual sua mãe teve uma febre tão alta que queimou os punhos da rede... Pedro Vicente cuja biografia estou pesquisando era um gerador de alegria. Dona Assunção Gonçalves me disse que aprendeu Matemática com ele. 

Recordo também a saudosa Amália do Doce, mestre na culinária, um amor de pessoa, simples, dócil, cujas guloseimas eram bastante apreciados até pela alta sociedade local, inclusive. Eu soube que ela vendeu doce para a casa dos Bezerra. Antônio Patu, dono do Ponto Chic, local muito freqüentado, onde o escritor Raimundo Araújo me disse que viu certa vez seu Zé Bezerra esbanjando alegria tendo ao colo os dois filhos gêmeos, então cadetes do exército.

Coelho Alves, a voz mais bonita do rádio juazeirense, o locutor que dava brilho e elegância a qualquer solenidade que cerimoniava. Professor Elias Rodrigues Sobral com sua escola de datilografia. Soledade Magalhães, a bondosa enfermeira carinhosamente chamada Dade, a primeira de Juazeiro, que muitas vezes esteve na casa dos Bezerra tratando da família. 

Dona Amália Xavier de Oliveira, a maior diretora da Escola Normal, a primeira do ensino rural fundada no Brasil. Assunção Gonçalves que completará 90 anos depois de manhã. Temos também o que se chama hoje de celebridades, como o ator José Wilker, a modelo e agora atriz Suyane Moreira, e a mais recente, seu Lunga, uma verdadeira atração turística, o homem mais zangado do mundo segundo o cordelista Abraão Batista. 

E os locais, como Beco de Catarina, Feira do Capim, Bar de Lera, Churrascaria Acapulco, Clube dos Doze, Banco dos Velhos, Bosque, Pracinha, Coqueiros de Damiãozinho, Bela Vista, Cine Avenida, chega! É bom parar porque saudade mata. E depois, para resgatar o Juazeiro antigo já existe o jornal eletrônico Juazeiro do Norte on-line. 

Mas ainda preciso fazer um replay. Coronéis Adauto e Humberto Bezerra, eu não sei se os senhores ainda chegaram a dançar lá, mas no Rádio Clube que seu pai ajudou a fundar, houve festas memoráveis, históricas. Mas houve também uma que foi um verdadeiro escândalo para a época, segundo me contou a amiga Assunção Gonçalves, como testemunha presencial. 

Naquela época, quando as donzelas de Juazeiro queriam casar, viam nos caixeiros-viajantes os melhores partidos. E nas festas eles eram os preferidos para dançar. Então, um dia, uma moça da sociedade teve o seu cabelo levemente beijado e sem nenhuma má intenção por um caixeiro-viajante que estava de passagem pela cidade. A moça entrou em pânico. Foi um deus-nos-acuda. Chamaram a diretoria do clube! A orquestra parou de tocar e a festa terminou por causa desse beijo dado na época e no lugar errados. 

Fatos assim, pessoas e locais como os que foram citados, Coronel Adauto e Coronel Humberto, geravam os motivos que davam vida e fazia feliz o nosso Juazeiro de outrora. Mas isso não existe mais. A nossa cidade ho-je é outra, completamente diferente, está sem líder, perdeu o primeiro lugar em arrecadação de tributos e por isso não é mais a cidade que mais cresce no Ceará, famoso slogan nunca mais pronunciado pelos locutores da Rádio Iracema. 

Todos aqui reconhecem: os senhores sempre foram fiéis às suas origens, nunca deixaram de visitar a sua terra natal, ainda recordam com saudade dos amigos que morreram, procuram visitar os que estão vivos e ajudam muitas pessoas necessitadas.  Isto se chama gratidão, respeito, reconhecimento, consideração. Mas esse belo exemplo tem poucos seguidores. Muitas pessoas sepultaram seus familiares aqui, e nunca mais voltaram. Outras planejam fazer o mesmo. E chegam pessoas que só vêm para ganhar dinheiro sem darem a mínima importância para a cidade. De nada participam. 

Não sei se o que vou dizer vai mudar alguma coisa, mas meus amigos, a história desta cidade deveria ser motivo de orgulho para todos que aqui vivem, pois está repleta de figuras históricas, de benfeitores e de pessoas de valor, os livros de História do Brasil falam dela, todavia muitos juazeirenses não sabem disso, daí o motivo por que o indiferentismo e a ingratidão são tão praticados aqui. 

A ingratidão, segundo Charles Duclos, consiste em esquecer, desconhecer ou reconhecer mal os benefícios recebidos e ela se origina da insensi-bilidade, do orgulho e do preconceito. Não tenho nenhuma dúvida de que o modelo político praticado ultimamente aqui, impregnado de uma desenfreada disputa pelo poder, ânsia de vencer a qualquer preço, desejo fútil de apagar as marcas deixadas pelas administrações anteriores, falta de amor à terra, pode ser apontado como um dos maiores responsáveis por esta deplorável situação. 

Isto precisa mudar. O Juazeiro de uns tempos para cá está causando saudades nos que viveram no Juazeiro de antigamente, quando todos eram felizes... e sabiam!
Por isso, ao finalizar meu pronunciamento, após parabenizar os ilustres aniversariantes e pedir desculpa pelo desabafo incontido, faço um apelo aos juazeirenses natos e naturalizados, classificados como ingratos: procurem desenvolver a prática sadia da gratidão; conheçam a história do lugar que os acolhem; 

Saibam reconhecer e honrar os nossos verdadeiros valores do passado e do presente, pois é se espelhando no exemplo deles que nossa abençoada cidade, que sempre resistiu a todo tipo de pressão política, de perseguição e de inveja, poderá recriar novas lideranças, repensar seu destino, reciclar seu modelo político, estabelecer melhor suas prioridades, e assim, retomar seu crescimento, acelerar seu desenvolvimento, aumentar sua auto-estima e triunfar com a bandeira da vitória desfraldada, como foi em 1911,com a sua Independência; em 1914, quando foi invadida pelas tropas do governo, e brevemente quando se concretizar a tão sonhada reabilitação eclesial do Padre Cícero, pois o futuro de Juazeiro tem no passado o seu maior e melhor exemplo. 

Muito obrigado.
(Discurso pronunciado pelo Professor Daniel Walker no dia 30 de maio de 2006 no Memorial Padre Cícero em homenagem aos irmãos Coronéis Adauto e Humberto pela passagem dos seus 80 anos.)