sábado, 9 de julho de 2011

11 DE DEZEMBRO DE 1910 – “Arreda Cachorro” é o título mordaz de abertura da edição deste dia no O Rebate. Os golpes ofensivos são desfechados dos dois lados. É o irreverente Alencar Peixoto que através da imprensa, ataca o poderio político do Crato.

18 DE DEZEMBRO DE 1910– “Chefe esmolambado” é o título de um artigo ferino publicado no O Rebate contra o prefeito do Crato, escrito por José Ferreira de Menezes no qual ele incita o povo do Juazeiro a não mais pagar impostos àquele Município.
Começa um novo ciclo da campanha de emancipação política de Juazeiro com a adoção de outro  nome para o povoado: Vila do Juazeiro do Padre Cícero.
Nesta mesma data o povoado recebe a visita de uma comitiva de Aurora, Ceará, composta por 27 pessoas e chefiada pelo coronel Cândido Ribeiro Campos o qual veio engrossar a fileira de adesões à causa de Juazeiro.

2 DE JANEIRO DE 1911. A população juazeirense indignada com a campanha difamatória contra o Padre Cícero reage com a publicação de um manifesto de protesto contendo centenas de assinaturas, o qual foi publicado na edição do dia 8 de janeiro de 1911 de O Rebate. O protesto tinha o seguinte teor:

PROTESTO
Nós, abaixo assinados, naturais e romeiros do Juazeiro, revoltados contra o enorme atentado à honra do nosso verdadeiro amigo, o Revmo. Sr. Pe. Cícero Romão Batista, cometido pelos redatores do Correio do Cariri, nº 318, de 1º de janeiro corrente, protestamos energicamente em nosso nome e em nome de nossa família. Este nosso protesto não é do quilate do da Escola de Tiro, no Crato; é um protesto nobre e altivo, espontaneamente por nós feito e de real importância, porque, além de ser duma população inteira, não poderá, nem será contraprotestado por nenhuma outra localidade, estamos certos, inteiramente certos. Os insultos, as calúnias e as injúrias atiradas covardemente à face do Revmo. Sacerdote não o atingiram — nunca! Voltaram intactas pela força de repulsão encontrada nos rochedos de sua dignidade, ao seu ponto de origem. De modo que protestamos não tanto pelo efeito por elas produzido na alma branca de nosso venerando amigo, como porque a covardia desses indivíduos sem responsabilidades permitiria que eles nos envolvessem em seu grupo, alegando sermos amigos e estarmos em harmonia com eles, quando disseram que somos também vítimas do vampiro que nos suga o sangue. Para desmentirmos por completo asserção tão injuriosa aos nossos brios, basta dizermos: O Revmo. Pe. Cícero é o nosso “único” e verdadeiro amigo, e à sombra de sua sincera amizade é que a felicidade nos tem “'sorrido”, até em a nossa própria dor. Contra o seu nome augusto nada temos que dizer, senão cometendo o maior dos crimes — a ingratidão. Entretanto, a favor de seu nome imaculado, na defesa de sua pessoa empenhamos todos os nossos bens, todas as nossas forças, todas as nossas energias e até a nossa própria vida, obrigados pela gratidão a que ele tão naturalmente tem feito jus. Eis, portanto, a prova patente da mentira publicada, o desmentido formal do artigo 'O Juazeiro de Água Abaixo ou Combate ao Embuste', publicado no referido Correio do Cariri de lº deste ano. Está cumprido o nosso dever. Vila do Juazeiro do Padre Cícero, 2 de janeiro de 1911.

15 DE FEVEREIRO DE 1911. A pedido dos negociantes e outras personalidades do Crato chega a Juazeiro o padre João Carlos Augusto para propor o início das conversações de paz entre Crato e Juazeiro.

18 DE FEVEREIRO DE 1911. Uma delegação cratense chefiada pelo coronel Abdon Franca de Alencar (irmão do coronel Nelson Alencar) se reuniu em Juazeiro com os membros da comissão em prol da independência, ocasião em que foi selado o seguinte acordo:

Primeiro: Juazeiro tornar-se-ia município e comarca (distrito judicial autônomo), mediante acordo geral sobre os limites territoriais a serem fixados por Decreto da Assembleia Estadual, na sua sessão de julho de 1911; segundo: Juazeiro pagaria os impostos atrasados ao Crato, uma vez outorgada a autonomia; terceiro: a briga entre o Correio e O Rebate deveria cessar de imediato. (Fonte: História da Independência de Juazeiro do Norte, de Daniel Walker)


COMENTÁRIO RECEBIDO:


Amigos Daniel e Renato.
Queridos do Juazeiro: para se conquistar a liberdade urge muita luta e perseverança. O dono do poder, o titular da pasta reage e se apega ao seu mister e de tudo faz para não perder a soberania sobre aquele povo, aquele território, aquela economia ou aquela opinião. A conquista requer muita luta, quiçá muitas vidas.  Foi assim com o grande Ghandi na libertação da Índia e outras colônias das mãos inglesas, assim com o Brasil  e colônias africanas das mãos de Portugal, foi assim quando o Japão perdeu os seus territórios na Ásia, na Europa com os Ingleses, com Napoleão na França e aqui no Brasil na guerra do Contestado em Santa Catarina, na revolução de 1932 com São Paulo contra o governo central de Getúlio Vargas e muitas outras, como relembrado não seria diferente no CARIRI.
O município do Crato, senhor absoluto, lutou defendendo o seu território e suas economias, apenas esqueceu de devolver ao povo parte do que arrecadava, esqueceu de prestigiar os homens que labutavam e a liberdade é inerente aos seres vivos, tanto racionais e irracionais, a liberdade é a mais sublime forma de viver.   Juazeiro com o líder que possuía, o grande Padre Cícero Romão Batista, filho do Crato, homem de paz, não poderia calar diante de tantos descasos e partiu para a luta, partiu com todas as suas forças, cansou das promessas do coronel  Antonio Luís Alves  Pequeno, cansou de transferir riquezas para a sede, o Padre Cícero foi menosprezado em 1909, 1910 e 1911 e o povo comprou a causa da liberdade, em 1910 a grande revolta, em 1911 fevereiro a grande reunião com  três representantes do Crato e três do Juazeiro, culminando com o grande dia 22 de julho de 1911 quando na Câmara de Deputados na capital do Ceará foi votado e aprovado o mais novo município do Ceará –Juazeiro - se desligando do município do Crato. AS TROMBETAS ESTRONDARAM  POR TODOS OS RECANTOS E VIVA O JUAZEIRO,  JUAZEIRO DO MEU PADRIM.
Agora, amigos do  JUAZEIRO E CARIRI, o importante é que hoje Juazeiro, Crato, Babalha, Missão Velha, Milagre, Aurora e toda a região lutam de mãos dadas como irmãos, lutam por uma só causa, o engrandecimento da Região que mais prospera no Nordeste.
De parabéns este povo lutador, de parabéns todo o Cariri, de parabéns o glorioso  Ceará, de parabéns mesmo esta juventude que fará da região brevemente o mais cobiçado oásis do Nordeste.
Daqui de minha insignificância, mas cônscio de minha naturalidade  cearense e do Juazeiro parabenizo o Juaonline em nome de Daniel e Casimiro pela oportunidade e felicidade de se conhecer a verdadeira História deste povo sofrido e lutador. Um abraço do mais Juazeirense dos Juazeirenses que vive fora do município, mas que vive como se aí morasse. Viva Juazeiro do Norte, viva o Crato, viva Barbalha, viva o Cariri  e viva o grande líder ecumênico fundador, Padre Cícero Romão Batista .
Iderval Reginaldo Tenório
Acessem o blog.
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email   driderval@bol.com.br

Um comentário:

Rosângela Tenório disse...

Caros amigos Daniel Walker e Renato Casimiro, sexta-feira, 8 do corrente, estive no Memomrial Padre Cícero na solenidade de outorga da Medalha do Centenário do Juazeiro do Norte a 3 grandes personalidades, Jesualdo Farias, Magnífico Reitor da UFC, Lira Neto, escritor e jornalista e a Professora Assunção Gonçalves que em muito tem contribuído para o desenvolvimento da Meca do Cariri. Fui a este evento acompanhada de minha mãe, dona Tonha (como é conhecida por todos, no bairro do socorro)e minha irmã Odorina, juntas representamos as famílias Reginaldo Tenório e Camilo, das quais temos orgulho de pertencer. Não ficamos (mamãe e eu) até o final, pois mamãe já com seus 96 anos, 9 meses e 20 dias estava com muito frio e achei por bem levá-la para se abrigar em sua cama quentinha, pois já passava das 22:00h.
Queria naquele evento, registrar uma foto de Dona Assunção Gonçalves com Mamãe (romeira de Alagoas e creio a mais velha da platéia), que estava alí para prestigiá-la.
No momento, tivemos a oportunidade de escutar a sintese que a Diana Barbosa fez do livro História da Independência de Juazeiro do Norte,escrito por você, Daniel e confesso que fiquei bastante emocinada embora já tenha lido.
Parabéns pelo livro e pelo empenho e dedicação que você tem em contar a nossa História.
Rosângela Tenório