quinta-feira, 30 de junho de 2011

Neste 1º de julho de 2011 queremos homenagear o saudoso jornalista Walter Menezes Barbosa, no momento em que é lembrada a data de 20 anos do seu falecimento. Walter foi uma pessoa muito importante na vida social, cultural e educacional de Juazeiro do Norte e seu nome e memória precisam ser realçados no feliz momento em que este município comemora seu Centenário de Independência Política.  Sua vida é um exemplo de perseverança e determinação. Aos 14 anos de idade trabalhou em uma ourivesaria, onde dava polimentos em anéis, posteriormente trabalhou em uma sapataria como balconista. Aos 18 anos trabalhou como escriturário da Usina Anderson Clayton, uma firma americana com filial aqui estabelecida. Concluiu o curso de Técnico em Contabilidade, montou seu próprio escritório e foi durante muito tempo professor da Escola Técnica de Comércio de Juazeiro. Era também graduado em Direito, mas foi como jornalista e professor que se destacou em nossa cidade. Foi um dos fundadores da Associação Juazeirense de Imprensa, entidade da qual foi seu primeiro  presidente. Foi correspondente dos jornais O Povo, Tribuna do Ceará, Correio do Ceará e Unitário, todos de Fortaleza. Também teve destacada atuação no teatro e no rádio. Tão logo foi inaugurada a Rádio Progresso de Juazeiro, comandou com Leofredo Pereira o programa Delegacia das lamentações, um dos maiores sucessos da radiofonia juazeirense. Walter exerceu intensa atividade em prol do desenvolvimento sócio-cultural de Juazeiro, tendo participado como presidente  de várias instituições, entre as quais Sociedade de Amparo aos Mendigos, União Contabilista Juazeirense,  Comercial Clube,  Associados dos Empregados no Comércio de Juazeiro do Norte, Rotary Club, Fundação José Barbosa dos Santos, sendo também Venerável da Loja Maçônica Evolução Nordestina. Foi um grande incentivador do folclore. Em reconhecimento aos seus relevantes  serviços prestados a Juazeiro do Norte foi alvo de várias homenagens. Nesta cidade tem  uma rua com seu nome, recebeu o troféu Mérito Municipalista do Nordeste (Troféu Padre Cícero) e a Medalha Memórias de Juazeiro, outorgada in memoriam pela Associação dos Filhos e Afilhados de Juazeiro do Norte. Publicou os seguintes livros: Folclore juazeirense, Roteiro turístico de Juazeiro do Norte e Padre Cícero, pessoas, fotos e fatos.
Walter foi casado com a Sra. Maria Edite Figueiredo Barbosa, com quem teve os seguintes filhos: Francisco de Assis (médico), Maria de Fátima (assistente social), Lúcia Elizabeth (pedagoga), Walter Menezes Barbosa Filho (bioquímico), José Beethoven (engenheiro-agrônomo), Diana  (administradora de empresa) e Ruth Marília  (licenciada em matemática). 
Quando Walter faleceu era casado com a Sra. Terezinha de Fátima Figueiredo Barbosa (empresária, concursada da antiga Teleceará, e INSS) com quem teve dois filhos Leonardo Roncalli Figueiredo Barbosa (acadêmico do curso de Análise  de Sistema) e José Barbosa dos Santos Neto (administrador de empresa). 

Alguns pensamentos de  Walter Menezes Barbosa extraídos do livro Dados biográficos dos homenageados em logradouros públicos de Juazeiro do Norte, de Raimundo Araújo e Mário Bem Filho:
. A vida deve ser vivida com boa vontade e coragem para que ninguém se torne covarde.

. É preciso ter paciência e caridade para com os velhos. Um dia nós chegaremos também a envelhecer e precisaremos da paciência e caridade dos outros.

. Um bom aluno já vem preparado de casa. Na escola ele mostra sua dignidade, seu caráter e sua inteligência.

. Nunca faça troça de uma pessoa. A humilhação fere mais do que o fogo e a marca fica para nunca ser esquecida.

. O Padre Cícero é um santo. O que ele sofreu sem reclamar e o que fez de bom na terra, mostra sua grandeza de coração e espírito.

. Quero bem aos alunos porque me sinto igual a eles quando estou na sala ou em palestra com a turma.

. Se cada jovem soubesse o valor que possui, nunca cometeria indisciplina ou deixaria de estudar, para ser um homem feliz no futuro.

. Quando alguém falar mal de você, não se aborreça nem tenha ódio. Aguarde uma oportunidade para lhe prestar um favor, mostrando sua grandeza de espírito.

 . Sem Deus você não será nada. Deus foi quem lhe deu a vida e  vem lhe mostrando todo dia sua vontade em ajudá-lo. Seja amigo de Deus, sendo amigo das pessoas.

. A economia do mundo para funcionar, precisa de apoio da Contabilidade. Daí o valor da profissão do Contador;

. Se você conseguir, pelo menos uma vez por semana, ler um jornal, uma boa revista ou um livro, fique certo de que está conseguindo muitos conhecimentos para a vida e educando-se. Experimente.

. Seja humilde. Nunca queira mal a ninguém. Cada vez que você se torna compreensivo, sua posição cresce diante dos outros.

. Quando estiver sofrendo, não se desespere. Existe um Deus tão bom que estará ao seu lado para encorajá-lo. O sofrimento aprimora o coração e purifica a alma.

. Posso agora medir quanto o sofrimento me aproximou de Deus. Minha vida mudou muito.

MEMÓRIA FOTOGRÁFICA





quarta-feira, 29 de junho de 2011

Revista O Globo destaca Juazeiro


A Revista O Globo publicou uma boa matéria sobre Juazeiro do Norte. Coisas assim ajudam muito na divulgação de nossa cidade, projetando-a nacionalmente. Esta tem grande relevância, pois não mostra apenas o lado místico da cidade como costumam fazer as publicações editadas no Sudeste do país. A matéria mostra o Juazeiro atual como cidade em franco desenvolvimento, grande polo de ensino superior e apresentando o aeroporto local como um dos maiores em expansão, conforme a Infraero. Mas também mostra dois problemas para os quais é preciso uma atenta reflexão das nossas autoridades: a situação em que se encontram hoje os artistas populares (a reportagem focaliza o caso específico de Mestre Bigode, sem campo de trabalho) e o crescimento desordenado da cidade. Quem quiser ler a matéria completa click no link abaixo:
http://clipping.cservice.com.br/cliente/visualizarmateria.aspx?materiaId=13235534&canalId=75026&clienteId=jB3jjtzPlIQ=&end

terça-feira, 28 de junho de 2011

Leia  no www.historiadejuazeiro.blogspot.com  importante matéria escrita por Fernando Maia Nóbrega sobre Paulo Maia, o homem que conduziu em passeata a bandeira da independência de Juazeiro.

Livro homenageia Centenário de Juazeiro



No dia 23 de julho será  lançado em Juazeiro do Norte, o livro JUAZEIRO, MAGIA E POESIA, de autoria de Manoel César e Nilze Costa e Silva.
Juazeiro, Magia e Poesia é um passeio afetivo pela história e geografia da cidade de Juazeiro do Norte, no sentido de ressaltar a beleza do lugar, pegando a mão do visitante e levando-o a conhecer e se encantar com a cultura da cidade através da magia que transformou Juazeiro numa Meca Nordestina. O livro é uma homenagem ao centenário da cidade, emancipada em 22 de julho de 1911. Os autores são conhecidos escritores de Fortaleza, que, como todos que visitam Juazeiro, encantaram-se e querem repassar este encantamento para outros visitantes. O evento acontecerá no Hotel Cariri Plaza (antigo Hotel Municipal), às 19h.

Informações sobre os dois autores
MANOEL CÉSAR nasceu em Fortaleza-Ce, em 4 de maio de 1948. É Procurador Federal do INSS. Autor dos livros: A Poesia Ainda Existe (1983), Sintagmas da Solidão (1985) e Mágicas Palavras (1988) e Detalhes do Tempo. Integra as antologias: O Talento Cearense em Poesia (Ed. Maltese, São Paulo, 1996); Poetas Pela Paz e Justiça Social, lançada em 2007 na Feira do Livro de Porto Alegre (RS), Policromias nº 4 e 5. Participa do grupo Poemas Violados, sendo um dos seus fundadores, em 2001. Seu mais recente livro, Detalhes do Tempo constitui sua obra reunida para as novas gerações que não conviveram com seus três primeiros livros, que obtiveram Menção Honrosa Prêmio Estado do Ceará na década de 80.
NILZE COSTA E SILVA nasceu em Natal, Rio Grande do Norte, tendo vindo morar no Ceará com alguns meses de idade. Ainda na adolescência se apaixonou pela Literatura, lendo os grandes clássicos mundiais. Graduou-se em Administração de Empresas e logo após especializou-se em Teoria da Literatura (1986), pela Universidade de Fortaleza (UNIFOR). Estreou na Literatura com o Livro Viagem (contos e crônicas). Quando foi instituído o Prêmio Estado do Ceará, Nilze Costa e Silva sagrou-se em 1° lugar, com a novela No Fundo do Poço. A autora está incluída no Dicionário Crítico de Escritoras Brasileiras, de Nelly Novais Coelho - (2002) – Escrituras Editora. Entre outras obras, é autora de O Esconderijo dos Anjos (romance-reportagem); Dilúvio (contos); Fortaleza Encantada (crônicas afetivas sobre a cidade de Fortaleza) e A Mulher sem Túmulo (vida romanceada da Beata Maria de Araújo, protagonista dos milagres de Juazeiro em 1889).
 


Médico juazeirense comenta homenagem a Dona Zuíla

O médico juazeirense Iderval Reginaldo Tenório (foto acima), residente em Salvador, sensibilizado com a homenagem prestada neste blog por Renato Casimiro fez o seguinte comentário:
Salvador,  27 de Junho de 2011


      Querido historiador, jornalista, menestrel, impulsionador e importante ícone da cultura  brasileira, Professor Renato Casimiro:
      Quando vejo uma exemplar  vida toda ela dedicada a uma comunidade na vertente altruísmo, fico a imaginar: COMO É IMPORTANTE A EXISTÊNCIA DE PESSOAS DESTE QUILATE, DESTA DEDICAÇÃO E DESTA ENTREGA A UM POVO. Foi o que fez a grande Zuíla Moraes que encarou como seus filhos não só os seus, mas os filhos  de todos os Juazeirenses e não Juazeirenses que viveram por estas plagas cearenses.
     Sou de uma geração em  que tudo  que acontecia em Juazeiro e  se perguntava onde seria realizado, vinha logo a resposta: LÁ EM DONA ZUILA, as leituras, os jogos recreativos, as gincanas, as festas, as comemorações, tudo que englobasse educação, cultura, saúde  e humanismo, era em Dona Zuíla e olhe que fui aluno Salesiano outra pilastra da educação não só brasileira e sim mundial, mas estava lá a guerreira  Zuíla, agora povo de Juazeiro, existia uma grande explicação, aquela obra era por amor, por paixão, por dedicação e pelo compromisso que cada líder traz  sedimentado na mente de berço.
     Quando Dona Zuíla foi gerada Deus disse: Nasce menina, nasce em Juazeiro do Norte terra do Padre Cícero, estudas no Grupo com o seu nome (O MEU GRUPINHO, OU QUE GRUPO BOM)-GRUPO ESCOLAR PADRE CÍCERO, a mais importante escola da região que por ela  passaram muitos líderes, depois vais para a Escola Normal Rural, aperfeiçoa os conhecimentos e começa a semear neste fértil torrão as  tuas atitudes,os teus conhecimentos e não esperes por recompensas pecuniárias, a tua tarefa não será comercial, simplesmente humanitária, casarás com um bom homem e do suor do seu trabalho a tua família será provida do que existe de melhor da região e foi assim a vida da  grande e imortal Zuíla para nós desta terra.

     Casimiro, a mestra Zuíla foi  uma semeadora, uma regadora contumaz, uma cuidadora exemplar e uma grande formadora de líderes. O povo precisa saber mais sobres estes ícones, um dia falei; JUAZEIRO PRECISA URGENTEMENTE ACORDAR E ENXERGAR NOS PIONEIROS ESTA GRANDE FRUTIFICAÇÃO DE HOJE.  O amigo foi feliz e a cada dia que passa eu vou lavando a minha alma cônscio que a minha opinião não está muito longe da realidade.
     DONA ZUILA MORAES, FUI ALUNO DO MESMO GRUPO ESCOLAR PADRE CÍCERO, DEPOIS DO COLÉGIO SALESIANO, GINASIO MUNICIPAL ANTÔNIO XAVIER DE OLIVEIRA, COLÉGIO MOREIRA DE SOUZA, DEPOIS UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA NO CURSO DE MEDICINA, SEM ESQUECER AS AULAS DE ARITMÉTICA COM DONA TOINHA E SUA PALMATÓRIA  LÁ PERTO DO SOCORRO. HOJE COM 56 ANOS PARABENIZO A SENHORA POR TER PARTICPADO DE MINHA FORMAÇÃO SEM NUNCA TER ME DADO UMA AULA PRESENCIAL,  MAS ACREDITO QUE MUITO QUE APRENDI NA VIDA TEM COM CERTEZA O SEU DEDO, O DEDO DA BONDADE, O DEDO DA VERDADE, O DEDO DA ÉTICA E DA HUMILDADE, POIS FIQUE A SENHORA SABENDO QUE OS BONS ENSINAMENTOS SÃO PASSADOS  DE  HUMANO PARA HUMANO PELA FORÇA DA APROXIMAÇÃO E DA REVERBERAÇÃO DOS CONHECIMENTOS EM TODOS OS ÂNGULOS, SÓ AS ESTRELAS REVERBERAM COM TANTA ÊNFASE .

UM DIA O JUAZEIRO, O CEARÁ, O BRASIL  E O MUNDO SABERÃO AGRADECER AOS FORMADORES DE HOMENS DE BEM. 
    Solicito aos senhores deste belo jornal que levem a sério o que falei em edições anteriores: Juazeiro precisa conhecer as verdadeiras personalidades que construíram e que constrói esta terra, principalmente RECONHECER os educadores, do mesmo jeito que no agora reconheçam Daniel Walker e Renato Casimiro para que  num longínquo futuro não caiam no esquecimento, você fazem a Juazeiro de hoje. Parabéns. Um abraço fraterno do mais juazeirense  dos juazeirenses que ainda hoje dorme com um punhado de terra da Praça do Cinqüentenário e da Serra do Araripe meus dois torrões e faz questão de manter o sotaque da terrinha, todas as vezes que começa a desbotar imediatamente volto à terra do Padre Cícero e dou mais uma demão.
    Dona Zuíla, meus parabéns, a  senhora é um dos elos desta explosão do Juazeiro do Norte em muitos seguimentos, tudo fruto da Educação plantada pela senhora durante toda a sua vida.
Um abraço do amigo
Iderval Reginaldo Tenório

segunda-feira, 27 de junho de 2011

23 DE AGOSTO DE 1910. A Câmara Municipal de Missão Velha comunica oficialmente à Assembleia Legislativa do Ceará que aceita ceder um pedaço do seu território para formação do município de Juazeiro cuja independência estava sendo pleiteada. Padre Cícero foi muito grato a Missão Velha por esta iniciativa, pois sem essa cessão de terra o povoado de Juazeiro não teria conseguido a área necessária para formação do seu município. A medida, claro, irritou o prefeito cratense.

Documento de cessão de terra de Missão Velha a Juazeiro
SAIBA MAIS. Ainda hoje Juazeiro é um dos menores municípios do Ceará em extensão territorial. Sua área que originalmente era de 211 km2  atualmente é de 249 km2.

30 DE AGOSTO DE 1910. Logo às primeiras horas da manhã, os juazeirenses foram arrastados à rua atraídos pela divulgação de um pequeno, mas explosivo boletim impresso aos milhares na gráfica de O Rebate, estampado nos seguintes termos:

ATITUDE DO POVO DE JUAZEIRO, QUALQUER QUE SEJA A SOLUÇÃO. 1) Não mais reconhecer o Coronel Antônio Luís como seu chefe. 2) Não pagar impostos municipais à Câmara do Crato, nem a nenhum procurador ou representante dela. 3) Pagar os impostos estaduais e federais. 4) Submeter-se à direção política do Exmo. Sr. Dr. Accioly. 5) Não atacar nem agredir a ninguém, procedendo com toda calma. 6) Unirem-se todos para juntos trabalharem pela Liberdade e pelo Progresso do Juazeiro. 7) Se o Coronel Antônio Luís entender que deve mandar cobrar os impostos municipais à custa de armas, reagir também pelas armas, com todo heroísmo, desde o maior ao menor, sacrificando a vida, o dinheiro e tudo que possa ter. 8) Morrer ou vencer pela Liberdade do Juazeiro.
O Povo.

Aproveitando o clima de euforia do povo juazeirense o coronel José André de Figueiredo expede juntamente com outros cidadãos telegramas ao comércio do Crato, Imprensa da  Capital e entidades comerciais de Recife e Fortaleza, dando ciência das resoluções tomadas pelo povo. Os telegramas enviados diziam o seguinte:

Povo Juazeiro, cansado prepotência coronel Antônio Luís, chefe Crato, resolveu não sujeitar-se sua direção política, nem obedecer  resolução Município Crato, proclamando sua independência hoje. Não pretendemos atacar Crato, mas, receando venha ordem chefe ataque Juazeiro, nós, sócios Associação Comercial e negociantes aqui, pedimos intervenção junto Governo, satisfazer povo, fim evitar luta possível, prejuízos capitais comércio Fortaleza e Recife aqui existentes nosso poder.   As. José André de Figueiredo (e mais 24 pessoas)

31 DE AGOSTO DE 1910. Nova passeata acontece com o mesmo objetivo.  As passeatas tiveram grande repercussão na capital cearense, notadamente junto ao alto comércio e por isso a entidade máxima da classe dirigiu ofício ao presidente do Estado encerrando com os seguintes termos:

Ninguém mais que a Associação Comercial pode desejar que venha ter afinal uma solução pacífica a questão de que se trata, por isso que uma luta se ferindo nessa zona muito comprometeria os interesses do comércio desta praça. Muito confia a Associação no critério de V. Exa. a quem apresenta os seus protestos de alta consideração.
1º DE SETEMBRO DE 1910. Em resposta ao ofício referido na efeméride acima, o presidente Accioly escreveu:

O comércio do Juazeiro pode estar tranquilo: do Crato não partirá o ataque de que se mostra receoso. Nem está isso na intenção dos que ali têm responsabilidade da direção dos negócios políticos, nem o Governo do Estado, que dispõe naquela zona de força numerosa para manter a ordem, consentiria fosse esta perturbada, pois neste sentido são as intenções existentes.

Esse pronunciamento mais ou menos tranquilizador foi transmitido ao coronel José André em documento anexo a uma carta da Associação Comercial do Ceará, firmada por seu presidente, Manuel Sátiro, com data de 5 de setembro. Apesar dessas notícias dignas de crédito, porque oriundas de fonte oficial, persistiam boatos alarmantes de que o prefeito cratense estava disposto a arrasar o povoado e para tal contaria até “com auxílio da força federal”.
A esses rumores, porém, a população juazeirense reagiu vigorosamente, redobrando a vigilância armada contra a possível ameaça de ataque. Nesta mesma data Padre Cícero toma conhecimento de que o major Joaquim Bezerra de Menezes havia tentado patrocinar a autonomia de Juazeiro, em Fortaleza.

3 DE SETEMBRO DE 1910. O prefeito do Crato envia um batalhão de polícia a Juazeiro sob o pretexto de cobrar impostos atrasados. A população, revoltada, organiza passeata de protesto e monta plantão na Praça da Liberdade (atual Praça Padre Cícero) com forte vigilância armada. Depois dirige-se à redação de O Rebate, passando pelas residências de José André, Padre Cícero, João Bezerra e Cincinato Silva, percurso este permeado de discursos, música e foguetório. Juazeiro estava mesmo em pé de guerra! 


terça-feira, 21 de junho de 2011















O dia 24 de junho assinala os noventa anos da existência de Maria Zuíla e Silva Moraes. É dia de festa. Não somente para seu círculo familiar, simplesmente, cercada pelos filhos, netos e bisnetos, mas também deveria ser para esta cidade um tanto desmemoriada que tem a obrigação de venerar esta criaturinha de Deus que veio para empreender entre nós uma das mais profícuas jornadas de dedicação ao próximo que se conheceu em tantas e muitas léguas ao redor do Juazeiro.
Hoje, abalada em sua saúde, certamente também cansada pela incompreensão que, a rigor, pouco lhe afetava na extenuante atividade social que exercia – como a vi enérgica e batalhadora - Zuíla Moraes vive recolhida à privacidade do convívio afetuoso de sua família. Ela teve uma vida inteiramente voltada para a educação e assistência às pessoas, de um modo geral. Sua longa luta teve sempre o mesmo objetivo, e que graças à sua perseverança e fé em Deus, conseguiu atingi-lo, permitindo hoje que muitas pessoas sejam ou tenham sido grandemente beneficiadas em diversos sentidos, por seus serviços.
Maria Zuíla Saraiva e Silva nasceu nesta cidade de Juazeiro do Norte, em 24 de junho de 1921. Era a primogênita dos filhos do casal José Pereira e Silva (Zeca Marcolino) e Otília Saraiva e Silva, de família numerosa com os irmãos: Zaíla, Neusa, Juraci, Zeneida, Audísio, Zuleide e Luiz. Fez seus estudos, inicialmente, numa escola particular sob a direção de Dona Adelaide Mendonça, onde foi alfabetizada, em 1930. Ingressou no Grupo Escolar Padre Cícero, onde cursou todo o primário da primeira à quarta série (de 1931 a 1934). Transferiu-se para a Escola Normal Rural, ali cumprindo os dois anos complementares ao segundo grau dos seus estudos (entre 1935 e 1936), para sequenciar com o ingresso no Curso Normal Rural, em três anos (de 1937 a 1939). No dia 19 de novembro de 1939, Zuíla se tornou professora ruralista em cerimônia acontecida no Auditorium da Escola Normal Rural, sendo participante de uma turma de 23 professores, em sessão solene presidida pelo Dr. Plácido Aderaldo Castelo. Foram seus colegas de turma, dentre outros, Elias Rodrigues Sobral, Ozir Moreira, Alzira Pereira, Maria Rodrigues, Stela Ribeiro, Geni Machado, Idelvisse Belém e Iracema Magalhães. Maria Zuíla e Silva Moraes, com dezenove anos incompletos, casou com Alberto Bezerra Moraes em 21.06.1940. Entre os anos 40 e 50, Zuíla e Alberto viveram a primeira fase da grande alegria com a família que constituíram: cinco “Marias” (Otília, Célia, Márcia, Sílvia e Angela) e um “José” (José Carlos).
Em 1952 fundou e passou a dirigir o Instituto Domingos Sávio. De outras iniciativas devemos mencionar: a fundação e a direção da Escola Parque Dr. Joaquim de Figueiredo Correia, em 1963, que era mais conhecida como Escola de Artes Industriais; a fundação e a direção do Instituto Psico-Pedagógico Eunice Damasceno, em 1967; a fundação e a direção da Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais, APAE, em 1968, por cujo trabalho será eternamente lembrada; e também, pela direção do Centro de Reabilitação do Cariri “Luís Moraes Correia”, em 1980. Da lembrança de tantas ações meritórias de Zuíla Moraes, não pode deixar de ser lembrada a existência do Clube de Mães, que funcionou anexo ao Instituto Maria Gorete, precursor do Domingos Sávio. Ali as futuras mamães recebiam acolhimento e eram capacitadas para habilitações domésticas de costura e bordado, voltadas para a confecção de roupinhas de bebê, ao tempo em que eram assistidas com noções de puericultura, especialmente sobre saúde, higiene e cuidados especiais com os filhos.
O Instituto Maria Gorete foi também importante como ponto de cultura dos adolescentes entre o final dos anos 50 e início dos anos 60, quando Zuíla reunia a juventude para oferecer-lhe espaço acolhedor de convivência, clube de leitura e jogos educativos, na sua sede da Rua Padre Cícero.  Era como chamávamos o Clube do Sesinho, nome emprestado de um dos maiores sucessos editoriais de revista infantil no Brasil, entre 1947 e 1960. Dona Zuíla assinava esta revista com muitos exemplares e disponibilizava na sala de leitura. Também fomentava a assinatura, pois era uma publicação de grande expressão educacional, a partir de um elenco notável de personagens que formavam uma turma muito admirada (Sesinho, Bocão, Nina, Ruivo etc). O Clube do Sesinho se reunia três vezes por semana, entre 19 e 21 horas. A fórmula era simples e muito atraente: proporcionava leitura por uma hora, e a seguir tínhamos direito a escolher um dentre diversos jogos educativos.
Zuíla participou de inúmeros eventos relacionados às instituições que criou e dirigiu, destacando-se os congressos de APAEs, Encontro Interamericano de Proteção ao Pré-Escolar, no Rio de Janeiro, em 1968; IV Encontro Interestadual da Federação Nacional das APAEs do Nordeste, acontecimento este que ela sediou em Juazeiro do Norte, em 1974. Foi domadora-fundadora do Lions Clube de Juazeiro do Norte, em 1956; e neste mesmo ano fundou o Instituto Brasil-Estados Unidos, bem como o primeiro curso de língua inglesa na cidade de Juazeiro do Norte, em 1959. Foi fundadora e Conselheira do Movimento Bandeirante em Juazeiro do Norte, a partir de 1959, no mesmo ano em que fundou e dirigiu o Ginásio Menezes Pimentel, mantido pelo Instituto Domingos Sávio, que abrigou o então primeiro curso científico da cidade. Zuíla Moraes criou também o primeiro curso de Classes Especiais, com denominação de Lar-Escola Helena Antipoff, anexo ao Instituto Domingos Sávio, em 1970. Essa escola, pioneira em pedagogia moderna (educação especial) contou com uma clinica (Clínica Leão Sampaio), para atendimentos psicoemocionais, dispondo de médicos (pediatras, neurologistas, psiquiatras) além de assistentes sociais, psicólogas, orientadoras educacionais especializadas, e técnicos em educação física). Os trabalhos eram exercidos por pessoal cujas especializações eram bem cuidadas em estabelecimentos de formação de largo conceito em grandes centros de educação especial do país.
Toda esta vida dedicada à sua comunidade foi o fruto primordial de um desejo incomum que nasceu nela e que contou com o apoio imprescindível de seu marido, e dos filhos que geraram para o mundo. Depois de cinco lindas filhas, saudáveis, de “marcolina” beleza, veio José Carlos, acometido de Síndrome de Down. Nasceu com ele o grande desafio de Zuíla e de sua família, a inspiração e a força, não só para superar o desígnio, mas para gerar todos os impulsos que os levaram juntos a realizar o que foi possível e o quase impossível na direção da promoção humana, a que tanto se dedicaram. Hoje, aos 61 anos de idade, José Carlos – ao lado de sua mãe - é a testemunha viva, silenciosa e admirada por esse exemplo coletivo de superação. O grande, o imenso troféu da vida de Maria Zuíla e Silva Moraes. 
Celebramos, portanto, neste dia 24, em sua homenagem, a graça de sua existência, com a qual esta nossa terra centenária tem ainda tanto a reconhecer e a lhe agradecer. Não nos cabe esquecer, jamais, que ela é uma parte relevante desta nossa felicidade.
 



domingo, 19 de junho de 2011

Esta foto retirada do fundo do baú mostra o ator juazeirense  José Wilker quando fez sua primeira visita a sua terra natal como artista famoso (década de 70). Na foto vemos da esquerda para a direita: Maurício Xavier, Luiz Carlos de Lima, José Wilker, suas tias Dade, Olívia e Estelita Magalhães (falecidas) e o saudoso radialista Coelho Alves. (Foto do acervo do professor Luiz Magalhães hoje pertencente ao Arquivo Juaonline Renato Casimiro/Daniel Walker)

Juazeiro nos Estados Unidos



O historiador americano Ralph della Cava fez doação de seu acervo com documentos sobre Padre Cícero e Juazeiro à Universidade da Flórida e agora esses documentos estão à disposição dos internautas através do site http://ufdc.ufl.edu/rdc/all

Eis aí uma ótima ferramenta de pesquisa para os interessados.

15 DE AGOSTO DE 1910. O prefeito do Crato, coronel Antônio Luís Alves Pequeno, envia telegrama a Padre Cícero nos seguintes termos:
 "Fortaleza, 15.08.1910. Pe.  Cícero. Juazeiro. Recebi carta. Sinto não poder este ano satisfazer vosso pedido e dos amigos elevação Juazeiro à vila porque não vim preparado para tal fim, pois não estou a par limites que devo dar. Além disto, circunstâncias se deram que impossibilitaram-me dar meu consentimento. Para o ano, correndo as coisas sem alterações, será possível satisfazer pedido. Peço obséquio cientificar amigos. Saudações. Antônio Luís."

 Este telegrama foi remetido em resposta à carta que Padre Cícero endereçou ao coronel Antônio Luís solicitando seu empenho junto à Assembleia Legislativa do Ceará para que fosse apreciado o pedido de independência de Juazeiro.

16 DE AGOSTO DE 1910. Em resposta ao telegrama referido na efeméride acima, Padre Cícero escreveu:
"Ciente. Entretanto, lamento ressentido que você segunda vez não queira ajudar-me em uma obra tão meritória, que traria definitivamente a paz geral, glória de seu nome, seu triunfo sobre seus desafetos. Admira você preferir os ressentimentos de um povo não satisfeito à real simpatia de um povo  agradecido, para satisfazer um capricho. Estou certo, não compreendeu bem minha carta."  
  Pelo visto, Padre Cícero estava bastante aborrecido com o prefeito do Crato, pois pela segunda vez ele demonstrava seu desinteresse pela causa da independência de Juazeiro. Por isso, Padre Cícero para expressar mais ainda o seu descontentamento mandou através de portador uma carta na qual entre outras coisas dizia:
 "A elevação do Juazeiro a Município é uma necessidade que se impõe há muito tempo e para a qual você deveria ter-se esforçado para consegui-la. Esta localidade não pode mais continuar a ser reduzida à humilhante condição de povoação."
   E também na mesma data Padre Cícero informa ao presidente do Ceará, Nogueira Accioly, sobre o telegrama recebido do prefeito do Crato.

17 DE AGOSTO DE 1910. O Presidente do Ceará, temendo ferir os interesses do prefeito cratense, tirou o corpo fora e, em resposta ao telegrama do Padre Cícero referido, na efeméride acima, responde:
 "Pe. Cícero – Juazeiro. Recebi seus telegramas. Pedido respeitável amigo tem para mim todo valor. Entretanto, para deliberar sobre assunto, acho conveniente entender-se primeiro Coronel Antônio Luís, combinando com ele melhor meio resolver questão envolve interesses políticos devemos atender. Nogueira Accioly."

 O presidente do Ceará tranquilizou Padre Cícero, mas também não se interessou pela causa de Juazeiro como queria o Padre Cícero. Quanto a Antônio Luís, ele sequer respondeu à carta enviada pelo Padre Cícero. E assim, em face do desinteresse das autoridades pela independência de Juazeiro, o Padre foi forçado a adotar medidas mais duras, porquanto se convenceu de que por este caminho a tão sonhada emancipação política de Juazeiro não ocorreria. Estava, portanto, iminente uma sublevação popular, faltando apenas uma voz de comando.  E esta, segundo o escritor Otacílio Anselmo “passado o luto decorrente da morte de José Marrocos, troou nos quatro cantos da imensa povoação”, conforme é relatado na efeméride de 30 de agosto de 1910.
Padre Cícero, em face da pouca importância dada ao seu telegrama, resolve se dirigir ao Crato a fim de entender-se pessoalmente com o coronel Antônio Luís. Inicialmente ele fez ver ao prefeito do Crato que o pedido de independência política de Juazeiro não estava sendo feito pelo seu desafeto, major Joaquim Bezerra, e sim por ele próprio, doravante o novo patrocinador da causa de Juazeiro. Mesmo assim, o coronel manteve-se irredutível. Este fato causou grande descontentamento ao Padre Cícero e aos demais membros do movimento, tendo chegado às páginas de O Rebate desta forma:
 "Mas qual não foi a desilusão do Padre, quando o Sr. Antônio Luís positivamente declarou que não consentiria para não criar mais um município inimigo, nem dar gosto aos chefes de Missão Velha, Barbalha e Milagres, que eram uns bandidos e seus inimigos. O Padre Cícero fez-lhe uma série de considerações a respeito querendo provar o salutar efeito político, mas tudo debalde. E para consolar o Padre, disse que este ano (1910) talvez fosse possível. O resultado desse entendimento deixou o sacerdote profundamente decepcionado, como está evidente nos termos rigorosamente telegráfico do seguinte despacho ao Presidente Accioly, expedido na mesma data: “O coronel Antônio Luís desatendeu meu pedido criação vila Juazeiro”.

 A repulsa do prefeito cratense também não agradou à população juazeirense, mas não houve manifestação ostensiva ao chefe político do Crato. Aí entrou em cena uma manifestação explícita da Comissão de Engrandecimento de Juazeiro expedindo o seguinte telegrama:
 "Exmo. Sr. Dr. Accioly. Fortaleza. O coronel Antônio Luís não quis concordar com a elevação dessa povoação Juazeiro a vila e seu distrito em Município e termo. Não obstante adeptos do partido que folga de ter V. Exa. por chefe supremo, temos direito de pedir emancipação política sem contudo faltarmos com a consideração e cordialidade que tributamos à pessoa do Sr. Coronel Antônio Luís, chefe local. Ass. José André, Cincinato Silva, Manuel Vitorino da Silva, João de Siqueira, João Batista de Oliveira, João Vitoriano da Silva."
(Fonte: História da Independência de Juazeiro do Norte, de Daniel Walker)   


Criatividade juazeirense...


No Cruzamento das ruas Padre Cícero com Dr. Floro está localizando este restaurante, cujo nome Cinco pães de dois peixes é bem típico da "criatividade" juazeirense...

Mania de mudar














A fachada do auditório da Escola Normal em suas duas versões, sendo a de pintura verde a atual. Sem comentário. 

Lembranças da Rua São José II
– Seu Francisco de Assis e dona Cesarina
 Morei bem próximo deste casal, Francisco de Assis, mais conhecido por Chico Paladar e dona Cesarina, distava um quarteirão depois da minha casa. Como passava na calçada de suas casas, tanto na calçada do lado da sombra como a do lado do sol, eles possuíam muitas casas, então quando me dirigia para a casa de titia Maroli ou de titia Odete, algumas vezes o encontrava sentado em uma preguiçosa no meio da calçada, impedindo que as pessoas trafegassem normalmente por cima da calçada, obrigando que passassem para o meio da rua. Ele muito tranquilo, bem sentadinho, nem percebia que as pessoas tinham que desviar para não bater nele ou na preguiçosa. Mas criança por sua própria natureza é inquieta e gosta de aprontar. Assim juntava uma turma, meus irmãos e primos, e a gente ficava passando de lá para cá, de propósito, somente para impinjar       (termo muito usado nesta época, hoje se costuma chamar de implicar). Certa vez, ele já estava bastante aborrecido, olhou para a gente, sentou bem ereto, tirou o chapéu da cabeça, coçou a cabeça e disse: “Vou dizer para o pai de vocês que vocês estão roubando minha paciência e não me deixam sossegado”. O que correu de menino e menina de todos os lados não foi brincadeira, todos ficamos assustados com medo de punição de nossos pais. Assim fomos reduzindo as traquinagens que fazíamos para tirar seu Chico Paladar do sério. Um fato interessante que gosto de relembrar com os meus irmãos e primos é sobre os sacos de dinheiro de papel e de moedas que seu Chico Paladar colocava para secar a fim de evitar o mofo, devido ficar muito tempo guardado. Para os nossos olhos aquilo era uma fortuna! Como despertava a nossa curiosidade ver espalhado no terraço de sua casa os montes de dinheiro. Seus filhos mais novos, da nossa faixa de idade, nos avisavam com antecedência que o dinheiro ia ser exposto ao sol. Neste dia era uma alegria, a gente ficava trepado no muro apreciando aquela ruma de dinheiro espalhada com pedras ou pedaços de tijolos em cima para evitar que voassem e seu Chico Paladar de tocaia, vigiando. A justificativa que ele dava era que não confiava em banco, preferia guardar em sua casa, pois em sua casa estava mais seguro e na hora que precisava já estava com ele, não tinha o inconveniente de depositar e de sacar. Também naquele tempo existiam aqui somente duas instituições financeiras:  Banco de Crédito Comercial e Banco do Juazeiro S/A. Depois de um determinado tempo ele mudou de opinião adquirindo o hábito da modernidade, e já na década de 70 sua esposa, dona Cesarina foi uma forte depositante da Credimus, caderneta de poupança, onde meu marido era Gerente. Conta sua filha Leô, que seu pai estava com 36 anos quando conheceu sua mãe com apenas 13 anos. Ele, um paraibano rígido, não quis muita conversa e nem namorar muito, se dirigiu para os pais dela pedindo-a em casamento. Os pais  não querendo contrariá-los achou melhor vir até ao Juazeiro pedir a orientação do Padre Cícero, se ele permitia este casamento, porque o pretendente era bem mais velho do que ela (uma diferença de 23 anos). Mas o Padre Cícero respondeu: “Vai dar certo, e eles vão viver bem, unidos até que a morte os separe”. E assim aconteceu. Padre Cícero orientou seu Chico Paladar para negociar com bananas, e disse mais: “Sua honestidade é que vai fazer você crescer”. Ele seguiu à risca o seu conselho e deu certo. Passou a vender também outras frutas, num quartinho na Rua Santa Luzia próxima a Rua Padre Cícero. De lá passou para a Rua Alencar Peixoto já com outro tipo de mercadorias, artefatos de palha, corda, balaio, chapéu de palha, agave, cesta e temperos. Esta loja funciona ainda no mesmo local e é sua filha, Doma, que que deu continuidade ao seu trabalho. Investiu também em frotas de kombis e de ônibus, mas não se animou muito, tinha muita dor de cabeça, e desistiu. Outra coisa interessante do casal foi a escolha dos nomes dos dez filhos, isso me intrigava, estranhava esta criatividade não muito usada: todos se iniciavam com a letra L: Leonor, Leocádio (Leó), Leosmar (Mazim), Lenilda (Bebé), Leonardo, Luis, Leozina (Leô), Leodoma (Doma), Lezinha (Olézia, falecida), Lucineide (falecido, o nome é assim mesmo embora seja mais comum para mulher). Sua neta Jaqueline informou o número de netos, 33.
Seu Chico Paladar era uma pessoa muito séria, não gostava muito de conversa, mas com relação à amizade que tinha por sua esposa, a maneira como a tratava servia de exemplo para muitas pessoas que moravam perto. Como eu gostava de observá-los quando se dirigiam para o armazém, ela bem baixinha, com o cabelo enrolado em um cocó preso por uma travessa e ele segurando delicadamente suas mãos. A visão é como se fosse agora, admirava e achava muito bonito eles andando de mãos dadas e ele com muito cuidado protegendo-a. Ela foi uma forte colaboradora nos seus investimentos ajudando-o a crescer. Seu Chico Paladar faleceu em 1992 e dona Cesarina em 2007. Viveram juntos por quase 60 anos. 
Residência de seu chico Paladar e a loja que hoje funciona sob a direção da filha.  

Seu Chico Paladar e dona Cesarina, fotos cedidas por sua filha Leô.

    
Parabéns!
Registro com muito prazer a festa de Bodas de Ouro do casal amigo Afonso e Francisquinha, coisa rara nos dias atuais. Ela foi funcionária do meu pai, na Mercearia Confiança, e ele é funcionário aposentado do INSS. O evento foi celebrado pela família com uma missa em Ação de Graças na Igreja do Sagrado Coração de Jesus, oficiada por Pe. César, e em seguida banquete no bufê  Suel Festas.  O casal tem quatro filhos, oito netos e 3 bisnetos. 


sábado, 18 de junho de 2011

Leia no www.historiadejuazeiro.blogspot.com duas matérias importantes: Padre Cícero visto pelos sábios, escrito pelo desembargador Suenon Bastos Mota, e um decreto histórico de 1939 mudando os nomes das ruas de Juazeiro. Brevemente estaremos publicando uma série de matérias escritas por Fernando Maia Nóbrega, pesquisador juazeirense, radicado em Fortaleza. Este blog da história de Juazeiro está a disposição de quem quiser colaborar. Os textos poderão ser enviados através do e-mail danielwalker@oi.com.br 
Com pouco mais de um mês de criação este blog já teve mais de 1000 visitas e isso indica que ele vai ser um grande sucesso. 

UM FILM DE JOAZEIRO

Na abertura do Cine Ceará, 2011, parcialmente sediado em Juazeiro do Norte, vimos a apresentação de pequeno fragmento de um filme realizado em 1925, com respeito à visita do presidente do Estado do Ceará, Moreira da Rocha, ao Cariri. O filme original, segundo consta, teria pelo menos 25 minutos de duração. Embora expressivo, com respeito à entrada e permanência da comitiva, sendo recebida por Floro Bartholomeu e Pe. Cícero Romão Baptista, este fragmento não representa senão pouco mais de 30% do seu original. Uma pena que a maior parte deste precioso documento se perdeu no tempo. Em sua edição de 25.10.1925, a revista Ceará Illustrado, editada por Demócrito Rocha, dá cobertura à viagem da comitiva presidencial de José Moreira da Rocha, especialmente em Ingazeiras, Missão Velha, Joazeiro e Crato, e há uma referência sobre este documentário, realizado para cinema. Em pequena nota diz a redação: “Ainda há pouco, no Cinema Moderno, perante o Exmo. Sr. Presidente do Estado, sua família, o deputado Floro Bartholomeu e diversos membros da comitiva presidencial, foi exibido em experiência o último film do Joazeiro, apanhado pelo Dr. Affonso Lima. É uma fita limpa, bem iluminada, na qual se vêm interessantes aspectos da comitiva, sua entrada triunfal naquela cidade e no Crato, além de outras tiradas na Estrada de Baturité, entre Missão e Ingazeiras.”
Interessante observar dois detalhes: o realizador foi Affonso Lima (diferentemente do que se tem dito, registrando Ademar Bezerra Albuquerque); a citação “o último film do Joazeiro” (quando se procura na história do cinema de documentário brasileiro, esta película de 1925 é a primeira citada – mas, a menção parece nos induzir que houve algum outro anterior). 

73ª Escola Estadual de Educação Profissional é inaugurada em Juazeiro do Norte

DENTRO
O município de Juazeiro do Norte, na região do Cariri, recebeu nesta quinta-feira (16), a visita do governador Cid Gomes, que entregou para a população, a Escola Estadual de Educação Profissional, a 73ª inaugurada no Interior do Estado. A inauguração da EEEP Raimundo Saraiva Coelho vai possibilitar que 540 alunos da região recebam, em tempo integral, um aperfeiçoamento técnico-pedagógico. A solenidade também contou com a participação dos secretários Izolda Cela (Educação) e Camilo Santana (Cidades), além do prefeito de Juazeiro, Dr. Santana, e dos deputados federais Manoel Salviano, Arnon Bezerra e Raimundo Macedo.

A nova escola segue o padrão das demais EEEPs do Estado, com uma estrutura de auditório com capacidade para 200 pessoas, laboratórios de Informática, Física, Química, Biologia e Matemática, quadra poliesportiva, teatro de arena, refeitório, 12 salas de aula, biblioteca e ampla área de jardim. Respeitando a predominância vocacional econômica da região, serão ofertados cursos voltados às áreas de Agrimensura, Edificações, Construção Civil e Design de Interiores.
  
Para o governador Cid Gomes, a região onde foi instalado o equipamento educacional merece maior atenção, por tratar-se de um polo econômico propenso ao crescimento. Ainda segundo o chefe do Executivo no Estado, existe uma demanda de mão-de-obra no mercado que precisa ser suprida. “Esta escola faz parte de um projeto do Governo, que visa preparar o nosso jovem para as vagas ofertadas pelo mercado. Acontece que a mão-de-obra especializada está em falta”, comentou. Cid Gomes apontou o interesse do Governo do Estado em ofertar escolas profissionalizantes para os municípios com população superior a 25 mil habitantes. “Até 2014 esperamos estar com um montante de 140 escolas profissionalizantes, o que virá a beneficiar cerca de 40 mil estudantes do Ceará”, concluiu.

A escola profissionalizante de Juazeiro do Norte oferta ensino em tempo integral (07h às 17h), com três refeições diárias e ônibus para condução de 32 alunos. Para a sua construção foram investidos R$ 8,9 milhões, provenientes do Tesouro Estadual e Ministério da Educação.

A estudante Larissa Elpídeo, de 14 anos, interessada em Design de Interiores, se mostra otimista com a chegada da nova escola na sua cidade. “Acho muito bom a instalação de uma escola desse porte aqui em Juazeiro. A minha expectativa é sair daqui já com um emprego garantido”, aposta.
  
Coordenadoria de Comunicação do Governo do Estado

Casa Civil ( comunicacao@casacivil.ce.gov.br / 3466.4898)


COMENTÁRIO
Amigos de Juazeiro:

Como ferrenho defensor do curso profissionalizante para jovens  de todas as classes sociais, principalmente para os das classes baixa, média baixa e média média,  fico gratificado em saber que o meu pensamento está no caminho certo.
   O curso superior sonho de uma sociedade sedenta por saber tem o seu valor,este valor deveria vir atrelado a um cabedal de conhecimentos não oferecidos pelas Faculdades, uma vez que o ingresso nestes cursos são feitos sem  dificuldades culturais, basta uma prova que nada avalia dos candidatos e para cursos que não seriam necessários serem superiores, pois as vagas de trabalhos exigem apenas conhecimentos da profissão para ajudantes ou aprendizes e vastos conhecimentos técnicos para os que ocupam os postos técnicos como  titulares, conhecimentos estes estudados, praticados e  testados nas Escolas Técnicas Profissionalizantes.
   Esta opinião vem ao encontro à formação Superior.
  Para o ingresso nestes cursos se faz necessário uma base familiar dirigida para esta formação,um curso primário bom, um curso ginasial excelente e um curso científico exemplar onde o jovem candidato tenha conhecimentos largos da sua língua, da logística profissional, dos problemas sociais,da ética profissional,da problemática política da nação e do mundo, esta base vem da família,da escola pré Universitária ,da vontade política dos gestores públicos, das verbas na educação e do interesse global do candidato.
  O que se vê hoje no Brasil é a formação de jovens em milhares de cursos superiores desnecessários que após o seu termino não sabem para que servem,para onde vão e ficam desesperados à procura de uma ocupação com o intuito de sua sobrevivência, uma vez que durante 04 ou 5anos dedicaram o seu tempo,seu pouco dinheiro (muitas vezes ajudados pelos pais,pelos tios e pelas  aposentadorias dos avós) e a sua juventude, saindo sem uma profissão prática que seja absorvida pelo mercado. Quantos bacharelandos em turismo, relações públicas, administração em comércio exterior e outros cursos de igual  importância quando se trabalha na sua área estão em balcões de lojas, auxiliar de escritórios, ajudantes de corretores,recepcionistas de uma maneira em geral,quantos?, tudo isso fruto da falta de planejamentos e da vontade do governo mostrar ao mundo a melhora do nível da escolaridade da nação, puro engano, as maiores vítimas são os formandos.
 Tivessem estes mesmos jovens encontrado um curso básico do primário ao secundário de boa qualidade, seja particular ou público e cursado uma área profissionalizante estariam com os seus 20 anos preparados para enfrentar a vida, seriam técnicos em estradas,em construção civil,em refrigeração,técnicos em enfermagem,em informática e etc, depois que estivessem no exercício profissional,no exercício da cidadania,dono dos seus narizes,gerando o seu próprio sustento e com um vasto cabedal de conhecimentos, poderiam deveriam, seriam convocados a participar de uma eclética seleção para o ingresso no curso superior, daí sairiam grandes profissionais nas suas áreas, pois além dos conhecimentos técnicos engendrariam nos detalhes profissionais, nos porquês  de cada profissão ,inclusive no teor humano e filosófico. Estas vagas de trabalhos estão em abertas por falta de mão de obra qualificada, existem  muitos bacharelandos revoltados em ocupações que diferem de sua formação e poucos técnicos, ocasionando esta enorme vacância profissional ,paralisando o crescimento da nação.
 O curso superior é importante para todos,mas para as classes de rendas  mais baixas após uma profissão técnica, salvo para o jovem que desde a sua infância independente de sua condição social seja predestinado e vença estas barreiras apesar das dificuldades e de todos os empecilhos criados pela sociedade,estes existem e em grande quantidade,basta que sejam pinçados e selecionados pelos educadores  .
 O curso técnico profissionalizante é a base para a sobrevivência de um povo, o curso superior é a sedimentação cultural , é a independência e o ingresso na soberania pois além do conhecimento técnico a fundo tem também o conhecimento humano e filosófico como um todo. Parabéns pela criação de curso técnicos profissionalizante a salvação de um povo.
Iderval Reginaldo Tenório
 http://www.iderval.blogspot.com        um  blog cultural

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Feira internacional de artesanato em Juazeiro


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Objetos de usos variados podem ser conferidos pelo público, tais como bijuterias e decoração 
FOTO: ELIZÂNGELA SANTOS
Juazeiro do Norte Uma amostra de artesanato variado, em um dos maiores celeiros da arte popular do Nordeste. De forma pioneira em cidades do interior do Brasil, está acontecendo em Juazeiro até o dia 19, a Feira Internacional de Artesanato e Decoração (Feincartes), com a participação de exemplares de 13 países. Os artesãos do Cariri destacam a importância de integração com o setor local. A Federação das Associações de Artesãos do Cariri está presente. Em julho, irá participar de uma feira do gênero, em Recife, com artistas da região.

Na feira em Juazeiro, podem ser encontrados desde vasos do Marrocos, tapetes da Índia, a pedras preciosas do Senegal.

A organização do evento, que está sendo realizado no Palácio da Microempresa - Sebrae, prevê a participação, desde a abertura, no último dia 10, até o encerramento, de pelo menos 30 mil pessoas.

Juazeiro passa a ser a cidade pioneira nesse tipo de evento, no interior do Brasil. A feira é realizada em vários Estados do País, principalmente nas capitais. Segundo uma das coordenadoras, Maria Mathias, a Feincartes veio para Juazeiro atraída pelo grande desenvolvimento que a cidade tem obtido nos últimos anos. "Essa cidade tem crescido 70% acima de outras cidades do Nordeste. A meta é realizar aqui outras edições nos próximos anos", afirma.

A feira atua não só na área de artesanato, mas decoração. Outros Estados do Brasil estão no evento, como Tocantins e seu trabalho com capim dourado.

Entre os países, estão Colômbia, Índia, África do Sul, Dubai, Índia, Indonésia, Líbano, Marrocos, Síria, Paquistão, Palestina, Peru e Turquia.

Elizangela Santos - diário do Nordeste