quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Padre Cícero do Juazeiro - Por Pe. João Medeiros Filho

“É inegável que o padre Cícero Romão Batista, no arco de sua existência, viveu uma fé simples, em sintonia com o seu povo e, por isso mesmo, desde o início, foi compreendido e amado por este mesmo povo”. Estas foram palavras do Cardeal Parolin, no documento de reconciliação do Patriarca do Juazeiro. Datada de 20 de outubro de 2015 (centenário da diocese do Crato), a carta foi enviada a Dom Fernando Panico, pelo Secretário de Estado do Vaticano, em nome do Sumo Pontífice. Recorda a incansável missão do padre Cícero no Nordeste e sua dedicação aos pobres e sofridos. Suas virtudes eram bem maiores que as limitações, sua fé e amor a Cristo suplantavam suas falhas, a misericórdia divina transbordava em seus atos e palavras. Daí, o reconhecimento do povo de Deus, que sempre o venerou ao longo do tempo, apesar da proibição da hierarquia eclesiástica, passados mais de oitenta anos de sua morte. Somos de um tempo, em que não podíamos batizar as crianças com o nome de Cícero. Não raro, tínhamos problemas na pia batismal. Por ordem das autoridades diocesanas, devíamos acrescentar um prenome (José, Francisco, Antônio, Manuel etc.) a Cícero. 

Em 1964, Dom José de Medeiros Delgado, então arcebispo de Fortaleza, lançou o movimento pela reabilitação de Padre Cícero. Constituiu uma comissão composta dos padres Azarias Sobreira, pesquisador e escritor, Murilo de Sá Barreto, pároco de Juazeiro e os sociólogos: Francisco Cartaxo Rolim, frade dominicano e Eugênio Collard, professor da Universidade de Louvain (este último serviu à arquidiocese de Natal, durante três anos), auxiliados pelos historiadores Luís Sucupira e Renato Cassimiro. Tal equipe tinha como missão estudar o fenômeno do Juazeiro. O próprio dom Delgado dedicou-se à pesquisa e levantou a tese de que Padre Cícero “foi um incompreendido e mártir da disciplina eclesiástica”. O resultado de suas buscas consta de dois trabalhos publicados com os títulos: “Juazeiro, Padre Cícero e Canindé” e “Padre Cícero, o mártir da disciplina”, editados respectivamente em 1968 e 1970. O segundo tinha o intuito de comemorar o centenário da ordenação do “Santo do Juazeiro”. A partir desses levantamentos, começaram a aparecer estudos mais documentados, objetivos, menos apologéticos e negativos, dentre os quais podemos destacar: a acurada pesquisa do Monsenhor Sobreira “O Patriarca do Juazeiro” e a tese doutoral do brasilianista Ralph della Cava, intitulada “O milagre em Juazeiro”, defendida na Universidade de Columbia. Não é menos importante a dissertação de mestrado da Professora Luitgarde Cavalcanti Barros, apresentada à USP, que resultou numa valiosa obra: “Um estudo do movimento religioso de Juazeiro do Norte”. Padre Cícero não foi um teólogo, ideólogo, cientista político, filósofo, intelectual etc. Era, sim, um pastor do seu tempo sensibilizado com os problemas humanos e sociais de seus irmãos na fé. Não podemos nem devemos ideologizar as ações e o pensamento do venerável patriarca. É preciso fazer a leitura dos fatos e ver o personagem com os olhos da época e dentro do agir da Igreja do seu tempo.

Uma carta de padre Quintino Rodrigues de Oliveira e Silva (que veio a ser o primeiro bispo do Crato) a Dom Joaquim José Vieira, datada de 01 de julho de 1903, deu novo rumo às pesquisas. Assim lemos no documento: “Tenho a honra de comunicar a V. Exª Revma. que levei ao conhecimento do Revmo. Padre Cícero Romão Batista o ofício de V. Exª. mandando aquele sacerdote suspender as obras da capela que estava construindo perto da povoação do Juazeiro e ele me respondeu que obedeceria prontamente a V. Exª, suspendendo o serviço, o que efetivamente fez”. Era a prova inconteste do espírito de obediência do Patriarca do Juazeiro, vítima de idiossincrasias, intrigas políticas e “invidia clericalis”. Segundo dom Delgado, um dos motivos de controvérsias, contribuindo para a exclusão de Padre Cícero, foi o seu desejo de criar uma diocese, no sul do Ceará, cuja sede não seria no Crato. Dom Delgado chegou a propor à Nunciatura Apostólica a ereção de uma prelazia eclesiástica na cidade de Juazeiro.

O Papa Francisco não apenas reabilitou – tratando da recuperação das ordens sacras que estavam suspensas – mas também o reconciliou, anulando qualquer oposição à ação pastoral de padre Cícero. Esta decisão reconhece como autênticas manifestações de fé cristã as romarias e devoção ao “Santo do Juazeiro”, possibilitando, deste modo, maior aproximação dos romeiros com a Igreja Católica. Para os devotos do Patriarca do Cariri, nada mais confortador. Neste tempo, conturbado por agruras, seca, problemas de toda espécie, a reabilitação de Padre Cícero é uma brisa do céu, um mimo e afago do Sumo Pontífice a nos mostrar a face da ternura de Deus. Assim se expressa o Papa Francisco: “A atitude do padre Cícero em acolher a todos, especialmente os pobres e sofredores, aconselhando-os e abençoando-os, constitui sem dúvida, num sinal importante e atual” daquilo que deve ser a Igreja, sacramento da misericórdia divina.
pe.medeiros@hotmail.com
Fonte: www.tribunadonorte.com.br

quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Câmara Municipal de Maceió aprova projeto de criação da Medalha Padre Cícero

Os vereadores de Maceió encerraram as atividades do poder legislativo nesta quarta-feira (30) com uma sessão extraordinária onde foram apreciados diversos projetos, sendo  aprovado com  destaque projeto de Decreto Legislativo, de autoria do vereador Sílvio Camelo (PV), que cria a Medalha Padre Cícero. A honraria visa homenagear personalidades com relevante prestação de serviços religiosos. “Esta medalha é criada na Câmara no momento histórico em que o Padre Cícero finalmente é reconhecido pela Igreja Católica, através do papa Francisco”, afirmou o autor da proposta.

Seduc realiza chamada pública para seleção de profissionais do Programa Brasil Alfabetizado

A Secretaria Municipal de Educação (Seduc) realizará uma seleção com o objetivo de contratar profissionais para atuarem no Programa Brasil Alfabetizado (PBA) pelo tempo determinado de oito meses. As inscrições estarão abertas no período de 4 a 15 de Janeiro de 2016, quando sessenta e seis vagas serão disponibilizadas para alfabetizadores e treze para alfabetizadores-coordenadores de turmas.

De acordo com o edital dessa chamada pública, que está disponível no blog da Seduc, os candidatos selecionados serão lotados prioritariamente em escolas e/ou espaços da comunidade onde ocorram turmas de alfabetização, conforme a necessidade do PBA.

Por se tratar de uma função voluntária, o alfabetizador selecionado receberá bolsa mensal, subdivididas por classes, da seguinte forma: bolsa classe I no valor de R$ 400,00, II de R$ 500,00, enquanto as classes III e V, de R$ 600,00 e R$ 750,00, respectivamente. Já para o alfabetizador-coordenador de turma, as bolsas estarão divididas nas classes IV de R$ 600,00 e VI de R$ 800,00.

Os interessados devem procurar a Secretaria de Educação de Juazeiro do Norte, localizada a Rua 15 de Novembro, 15, no Bairro São Miguel, das 8h às 11h e das 14h às 17h. Para mais informações, a Seduc disponibiliza os números (88) 3511-5382/ 3511-5407.

Assessoria de Comunicação
Prefeitura de Juazeiro do Norte
Telefone: (88)3566-1029
E-mail: imprensa.juazeiro@juazeiro.ce.gov.br
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terça-feira, 29 de dezembro de 2015

UFCA realiza concurso público para produtor cultural e técnicos de laboratório

A Universidade Federal do Cariri, por meio da Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas (PROGEP), abre inscrições de 11 a 29 de janeiro de 2016 para selecionar cinco técnico-administrativos em educação, sendo um produtor cultural, nível superior, e quatro técnicos de laboratório de nível médio, distribuídos nas áreas de cerâmica (1 vaga), caracterização de materiais (1), geotecnia de pavimentação (1), estruturas e materiais de construção (1). 

As inscrições serão realizadas exclusivamente pela internet, através da plataforma Forms. As taxas custam R$ 63,00 para os candidatos às vagas de técnicos e R$ 100,00 no caso dos inscritos ao cargo de produtor cultural. Os vencimentos básicos são, respectivamente, R$ 2.175,00 e R$ 3.666,54, acrescidos de auxílio-alimentação, no valor de R$ 373,00, para um regime de 40 horas semanais. 

Em ambos os cargos, o processo seletivo constará de duas etapas: aplicação de prova objetiva de múltipla escolha e de prova prática (para os técnicos) ou apresentação de projeto (produtor cultural), todas realizadas, conforme cronograma especificado em edital, no campus de Juazeiro do Norte.

Os interessados podem obter mais informações sobre pedido de isenção, conteúdo programático, dentre outros, na página "Concursos e Seleções", como também pelo edital nº 44/2015 que rege o processo seletivo.

terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Portal do Padre Cícero

Abaixo mostramos as novas concepções do Portal do Padre Cícero, projeto da arquiteta juazeirense Gizele Meneses. Esse portal foi ideia do Dr. Geraldo Menezes Barbosa, quando era presidente da Comissão do Centenário de Juazeiro do Norte, criada na administração do Prefeito Manuel Santana. O projeto original tem o nome de Portal da Fé e conforme a ideia de Dr. Geraldo deveria ser construído na estrada que dá acesso ao Horto pelo Salgadinho. Juazeiro precisa de um portal e este está sendo apresentado como uma excelente opção com a vantagem de seu projeto arquitetônico estar totalmente concluído. Agora é só construir. As opiniões sobre o portal variam: há quem goste e há quem não goste. Mas se for esperar unanimidade, não será construído nunca, pois é praticamente impossível uma coisa agradar a todos. Nem Deus agrada....


Flagrantes fotográficos da missa dos 80 anos de Monsenhor José Alves de Oliveira, realizada ontem à noite na Av. Castelo Branco em frente a Igreja do Menino Jesus de Praga, no Novo Juazeiro. 









 





segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

OS 80 ANOS DE MONSENHOR JOSÉ ALVES DE OLIVEIRA


Hoje a comunidade juazeirense celebra festivamente a passagem dos 80 anos de nascimento de Monsenhor José Alves de Oliveira.  Ele nasceu no Sítio Tapera, Distrito de Quitaiús de Lavras da Mangabeira, mas foi aqui, em Juazeiro do Norte, que ele desempenhou a maior parte do seu ministério sacerdotal, tendo se notabilizado como sacerdote virtuoso, íntegro, amigo de todos e dedicado seguidor de Jesus Cristo.
O nosso homenageado sem dúvida reúne numa só pessoa muitos predicados que ornamentam a sua destacável personalidade. Acredito que cada um do seu vasto ciclo de amizade tem seu motivo para exaltá-lo e ele tem virtudes suficientes para contemplar a todos. 
Mas, para mim em especial, gostaria de destacar a que considero marcante em sua personalidade: o desprendimento em servir, não importa onde, quando, nem por quê. 
Posso servir como testemunha presencial em seu favor, salientando que ele nunca se negou em atender às solicitações que lhe são dirigidas. Em dias inadequados por gerar conflito em sua agenda; em horários inconvenientes, porque colide com seu horário de repouso; em locais de difícil acesso porque dificulta a sua locomoção, hoje um tanto quanto restrita; nada disso, meus amigos, é motivo para ele apresentar uma desculpa convincente e se livrar do convite sempre formulado com tanta esperança de acolhimento. 
Ele, na sua fortaleza inabalável e no seu afã incontido de servir ao próximo e de levar a todos a palavra de Deus, atende com solicitude e prazer o pedido para celebrar uma missa em ação de graças; benzer um lar; fazer a renovação; providenciar a unção dos enfermos ou até mesmo, apenas para dar o conforto espiritual da sua presença de pastor e de amigo, sendo que esta é, invariavelmente, o melhor remédio para apaziguar as aflições das pessoas desesperadas na luta insana pela procura de um porto seguro para aliviar seus sofrimentos, estancar a dor por uma ferida da alma que persiste em ficar ou por algum caso de desamparo e de solidão em que uma palavra amiga é sempre o melhor conforto.  E é justamente nesses momentos que Monsenhor José Alves se faz presente tal qual um raio de luz para iluminar o evento ou um lenitivo para aliviar a dor do solicitante esperançoso.
É isto, meus amigos, o que mais admiro no Monsenhor José Alves que conheço como paroquiano ainda do tempo em que ele era o administrador da Capela do Socorro, no bairro onde residi por muitos anos, e do tempo em que éramos professores da antiga Escola Normal depois Centro Educacional Professor Moreira de Sousa. 
Quem me conhece, sabe perfeitamente que procuro sempre ser coerente nos meus julgamentos e jamais exercito a prática fácil da bajulação para agradar alguém ou conseguir favores. 
Por isso, aqui, hoje, neste momento, ao dirigir minha atenção ao meu amigo aniversariante Monsenhor José Alves de Oliveira, na passagem dos seus 80 anos de existência,  o faço com muito prazer e convicto de que me exprimo através de um julgamento coerente e despojado de louvação barata, porque estou apenas projetando para todos aqui presentes uma verdade indiscutível, capaz de ser partilhada, comprovada e endossada por todos que me conhecem e o conhecem. 
Então, justiça seja feita: Monsenhor José Alves, tudo o que disse aqui sobre o senhor é a expressão da mais pura verdade, juramentada sob a presença de Deus, aqui manifestada na pessoa do patrono da sua paróquia, e a quem peço que lhe proteja e lhe premie com muitos mais anos de vida. 
Sua missão ainda não terminou. Esta certamente é a vontade de Deus. 
Parabéns, amigo! 
Juazeiro do Norte, 21 de dezembro de 2015
Daniel Walker - Editor




domingo, 20 de dezembro de 2015

Renato Casimiro e Erivaldo Calou recebem Comenda Maçônica José Fausto Guimarães

Em solenidade (jantar de confraternização) realizada ontem, a partir das 20 h, na Fundação Antônio Fernandes Coimbra-FAFEC, a Loja Maçônica Cavalheiros   Spartanos Nº 085,  realizou a Cerimônia de outorga da Comenda José Fausto Guimarães ao não-maçom, Professor Doutor  Antônio Renato Soares de Casimiro, e ao maçom, José Erivaldo Calou Neves JR, empresário juazeirense. Os dois fizeram jus à comenda por se destacaram com seus valorosos trabalhos para o soerguimento da terra do Padre Cícero e para o fortalecimento das colunas de sustentação da instituição milenar,  respectivamente. Na primeira foto acima, à esquerda, José Erivaldo quando recebia a comenda das mãos do maçom, Cícero Vitorino, Orador da Loja; na da direita, Renato Casimiro quando recebia sua comenda das mãos do  Sr. Edilberto Alves Grangeiro, do Veneral da Loja. (Fotos de João Carlos Rodrigues)

Orgulho romeiro - Por Paulo Leonardo Celestino

“Deus escreve certo por linhas tortas”. Foi assim que o Papa Francisco anunciou a reconciliação da Igreja Católica com o Pe. Cícero Romão Batista. Suas palavras, pronunciadas por meio de carta, emocionavam uma multidão no largo do Socorro em Juazeiro do Norte, que escutava atentamente. Olhos marejados.
O sentimento de orgulho de ser sertanejo paira no ar. Finalmente, depois de dezenas de anos sendo considerada uma massa de fanáticos, a nação romeira é reconhecida como rebanho da Igreja!
Papa Francisco cita o contexto social complicado da época do Pe. Cícero. E o exalta como instrumento humano de Deus. A prova disso está estampada na fé inabalável de cada romeiro.
Todas as peregrinações anuais, em carro pau de arara, o respeito aos mortos no dia de Finados, o carinho pelos ensinamentos do padrinho são qualidades citadas pelo Papa como obediência aos princípios da Igreja.
É o jeito simples do sertanejo de se manifestar sendo compreendido. Pode parecer diferente e exótico aos outros olhos, mas é autêntico!
Onde ele estiver, Pe. Cícero deve estar também com os olhos marejados de lágrimas pela felicidade e gratidão a todos os seus afilhados, pois foi graças à persistência da nação romeira a conquista desta reconciliação!
Deus escreve certo por linhas tortas. Viva os romeiros do Pe. Cícero!

sábado, 19 de dezembro de 2015

Não existem mais empecilhos para a beatificação do Padre Cícero - Armando Lopes Rafael

Beatificação é o passo imediatamente anterior ao da canonização; este último, o fim de um longo processo, no qual a Igreja Católica Apostólica Romana declara uma pessoa como santo(a). Mas, já ao atingir o estágio de “beato”, a Igreja Católica autoriza a veneração pública dessa pessoa. Entenda-se por “veneração” o “culto de dulia”, que tem por objeto honrar uma pessoa que nos remete a Deus. Fica claro que, ao ser declarado beato(a), o candidato(a) a santo(a) já se encontra no Céu e pode interceder por aqueles que lhe recorrem em oração.

 Ora, é exatamente isso o que fazem milhões de devotos do Padre Cícero Romão Batista, há mais de 80 anos. Interessante relembrar que o “Padrinho Ciço” nunca teve seu processo de beatificação iniciado. Como este sacerdote morreu suspenso das suas ordens sacerdotais, a Igreja Católica não poderia tomar tal iniciativa. Necessário se fazia que as autoridades do Vaticano retirassem as condenações impostas, em vida, ao Padre Cícero para viabilizar um pedido de beatificação.

O impasse persistia. Os bispos da Diocese de Crato não se atreviam em pedir a Roma o levantamento das penas impostas ao Padre Cícero. Do outro lado, os devotos deste sacerdote argumentavam: “Mas Roma já não sabe que Meu Padrinho é santo?”. Quando chegou a Crato em 2001, o atual bispo desta diocese, dom Fernando Panico, nomeou uma comissão para estudar este problema. Em maio de 2006, o processo foi entregue no Vaticano. Nove anos depois, o papa Francisco envia uma mensagem reconciliando a Igreja Católica com a obra e herança espiritual do Padre Cícero. Agora não existem mais empecilhos para, num futuro próximo, ser iniciado o processo de pedido da beatificação do santo popular.
armando.rafael@terra.com.br
Historiador e leigo católico; chanceler da Diocese de Crato

sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Nasce em Juazeiro Grupo de Apoio às pessoas enlutadas

CONVITE DE LANÇAMENTO
 
Os amigos solidários no luto convidam a todos a participarem do lançamento do GRUPO DE APOIO ÀS PESSOAS ENLUTADAS – GAPE
PROGRAMAÇÃO:
1     Palavra de abertura com Ana Joarlene Rolim, teóloga e coordenadora do Instituto Juazeiro de Educação Superior – IJES
2     Apresentação do projeto pelo prof. Edilson Botelho e lançamento da logomarca do Grupo.
3     Palestra com o Psicanalista Clínico Lorschaeider Peixoto. Com o tema: Conversando Sobre o Luto: O Sentido da Vida em Meio as Perdas.
4     Inscrições das pessoas que se identificaram com o projeto e desejarem fazer parte do Grupo.   
5     Encerramento com Sorteios e autógrafos dos livros: Psicanálise Para Leigos e Homoafetividade e Fé. Do Escritor e Psicanalista Henoque Viríssimo.
DATA E LOCAL:
PRÓXIMO SÁBADO DIA 19 DE DEZEMBRO DE 2015,
HORÁRIO: DAS 15:00H ÀS 17:00h
NO AUDITÓRIO DO INSTITUTO JUAZEIRO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - IJES – RUA DA GLÓRIA 175 – ESQUINA COM RUA SÃO FRANCISCO – CENTRO – JUAZEIRO DO NORTE.
TEL.: (88) 35871329 e (88) 999387297

A SUA PARTICIPAÇÃO É GRATUITA E VOLUNTÁRIA


Papa Francisco reconhece o Padre Cícero e valoriza a Nação Romeira

José Carlos dos Santos
Professor de Filosofia da URCA/IFCE
Comissão de Pastoral de Romaria

É Tempo de um novo advento! Tempo de Misericórdia! Neste momento histórico, o Papa Francisco surpreende a todos e envia uma mensagem de reconhecimento Pastoral e Religioso ao Padre Cícero Romão Batista. Ao mesmo tempo, inspirado pela força do espirito de Deus, faz uma convocação a Igreja a uma atitude de reconciliação com os Afilhados do Padre Cícero, os Romeiros da Mãe de Deus.
Para o povo de Juazeiro e a nação romeira, talvez seja o maior gesto de amor neste ano da misericórdia. Esse documento tem um imenso valor simbólico e faz o reconhecimento das virtudes humanas, cristãs e sacerdotais do santo popular nordestino: o Padre Cícero. 
Neste sentido, abandona-se a concepção de uma ideia de “reabilitação canônica eclesial” e se constitui essencialmente numa reconciliação histórica da figura do Padre Cícero. O Papa Francisco está reconhecendo o Padre Cícero como modelo de sacerdote, que por meio de sua vida apostólica, transformou-se no seguidor e discípulo de Cristo e sua vida é testemunha da pregação e vivência do evangelho. Olhando para a história de vida do Padre Cícero encontraremos sinais concretos de entrega, doação e serviço aos outros. Ele acolhia a todos que chegavam na sua casa. Um homem nas circunstâncias do seu tempo, estava preocupado com a situação do seu povo que vivia o flagelo da seca. Diante das doenças graves da sua gente, revela um gesto de amor. 
No esforço de compreender a mensagem do Papa Francisco, encontramos respostas que até hoje inquieta a todos nós e desafia a academia e os pesquisadores do Padre Cícero: afinal, E..Quem é ele? O Papa Francisco responde:
“Viveu uma fé simples, em sintonia com o seu povo”;
“Deixou marcas profundas no povo nordestino a intensa devoção do Padre Cícero à Virgem Maria;
“Educador da sensibilidade católica”;
“Oração e o respeito pelos mortos”;
“Atitude em acolher a todos, especialmente aos pobres e sofredores, aconselhando-os e abençoando-os”
“Movido por um intenso amor pelos mais pobres e por uma inquebrantável confiança em Deus”
“Agia segundo os ditames da sua consciência em momentos e circunstâncias bastantes difíceis.”
“Movido por um desejo sincero de estender o Reino de Deus”
Neste contexto, o Papa revela os traços da personalidade do Padre Cícero nos aspectos humanos e revela um sacerdote virtuoso. Essas afirmações reconhecem as virtudes do Padre Cícero que o fez dele admirado e amado pelo povo nordestino. O papa interpretou com muita fidelidade e autenticidade o sentimento do povo nordestino e sua profunda relação com o padrinho e conselheiro Padre Cícero. Deste modo, podemos entender que essas atitudes de vida e suas virtudes são os verdadeiros sinais de santidade.
No programa a sombra do Pé de Juá no dia 31 de agosto na rádio Padre Cícero, abrimos o espaço para os ouvintes e internautas manifestarem sua opinião sobre as virtudes do Padre Cícero, que eles consideravam muito relevante. Em síntese, eles responderam:
Amor a Jesus, especialmente na Eucaristia
Devoção e entrega total a Nossa Senhora das Dores
Compaixão e amor aos pobres, sem trégua, seguindo a ordem de Jesus
Fidelidade à Igreja Católica da qual nunca se afastou
Grande conselheiro, segundo os ensinamentos do evangelho e da igreja
Humildade e paciência nas provações
Pacificador nos sertões.
Fé inabalável na misericórdia de Deus: valorização do sacramento da penitência, da reconciliação.
Paz interior que não era deste mundo mas de Deus
Vida segundo o espírito de Deus: perdão, pureza, consolação, entrega total e fé na divina providência.
Indiscutivelmente, encontramos a convergência entre o pensamento do Papa e a consciência do povo sobre o padre Cícero. Essa sintonia na compreensão das virtudes humanas e sacerdotais do Padre Cícero confirma e fortalece a dimensão mística da vida do Padre e sua obra multidimensional na construção de uma cidade fundada na força da oração e pelo trabalho. O sonho do Padre é que que, em Juazeiro, cada casa seja um “santuário” e uma “oficina”, juntando sempre oração e trabalho. Isso faz de Juazeiro um espaço sagrado para os romeiros e o Padre Cícero, o seu padrinho, protetor e conselheiro.
Adentrando na interpretando do documento, vamos encontrar afirmativas de reconhecimento das romarias e do romeiro. O papa destaca “o entusiasmo das multidões que acorrem, anualmente a Juazeiro”. Essa constatação é fundamental, pois demonstra a compreensão do fenômeno das romarias. Valorizam-se as expressões da piedade popular protagonizadas pelo romeiro nas suas orações, na sua devoção a Mãe das Dores, nos seus gestos e no canto dos seus benditos que o documento afirma: “O entusiasmo e o fervor com que os romeiros entoam estes hinos ecoam pelo nordeste brasileiro, como um convite constante a uma vida cristã mais coerente e fiel”.
Neste processo de reconciliação da Igreja com o Padre Cícero e o reconhecimento dos romeiros, o documento acentua as iniciativas populares de uma evangelização encarnada na vida e na realidade do povo. Destaca-se a devoção mariana, a participação na missa em memória ao Pe. Cícero, a busca pelo sacramento da penitência, oração pelos fieis falecidos e as romarias como “bela expressão de fé”. Lembrando sempre que os romeiros são os protagonistas da sua romaria nas suas expressões mais sublimes e autentica religiosidade.
Ao mesmo tempo, o documento ressalta a necessidade de uma ação evangelizadora da Igreja através da diocese de Crato de acolhimento, valorização e respeito a expressão do povo-romeiro. A vida do Pe. Cícero e a experiência de fé dos romeiros devem ser reconhecidas como referências de uma nova evangelização. Não se pode ignorar ou ser indiferentes. A igreja é convidada “a uma atitude de saída, ao encontro das periferias existenciais”. Nesta afirmativa, o papa reconhece o espirito de acolhimento e os conselhos do Padre Cícero aos pobres e sofredores do nordeste como “um sinal importante e atual” da ação evangelizadora da Igreja no Brasil.
Portanto, o documento enviado pelo Vaticano a Dom Fernando, assinado pelo Secretário de Estado como expressão da vontade do Papa Francisco é um marco histórico na relação da Igreja Hierarquia com o Padre Cícero e as romarias de Juazeiro. Ele promove a valorização da vida, da pessoa e da ação do padre Cícero na sua missão religiosa e pastoral. Ao mesmo tempo, convoca a Igreja Católica a um gesto de reconciliação com o próprio padrinho Cícero e a nação romeira. A atitude do papa Francisco é um ato de desprendimento, um gesto de humildade, perdão e misericórdia e revela para a história que o Padre Cícero é um homem de Deus, comprometido e solidário com seu povo e suas virtudes são sinais de esperança e de vida e que na verdade ele é santo na mente e no coração dos seus romeiros.  

VIVA MEU PADRINHO CICERO!

quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

PROGRAMAÇÃO DA RECONCILIAÇÃO

Neste sábado dia 19 de dezembro todos os romeiros, devotos e afilhados do Padre Cícero são convidados para participar da carreata em comemoração a reconciliação histórica da Igreja com o Patriarca do Nordeste. A concentração acontecerá a partir das duas horas da tarde, na Praça do Romeiro, em frente à Basílica Santuário Nossa Senhora das Dores. Após passar pelas ruas de Juazeiro do Norte, a carreata seguirá para a Capela do Socorro onde será celebrada a Santa Missa.
Participe deste momento que marca uma nova história para o povo de Juazeiro e seus romeiros!

PROGRAMAÇÃO:

SÁBADO – Dia 19 de Dezembro
14h – Concentração na Praça do Romeiro – Basílica Santuário Nossa Senhora das Dores
15h – Carreata - Roteiro: Saída Praça do Romeiro (Basílica Santuário) Rua Padre Cícero até o posto gasolina da inboplasa, faz o retorno, pega a Rua Leão XIII, Avenida Carlos Cruz, Rua Pio IX, Rua Monsenhor Esmeraldo, Avenida Carlos Cruz novamente, Rua São Bento, Avenida Airton Senna, Rua do Limoeiro (até a Praça do Sol) vira a esquerda, na Rua Padre Francisco, Rua São Benedito, Rua do Cruzeiro, Rua Padre Cícero, Rua São Francisco, Rua Santa Rosa, Avenida Leandro Bezerra, chegada: Praça do Socorro.
17h – Missa
18h30 – Show na Praça do Socorro, com Jota Farias

DOMINGO – Dia 20 de Dezembro
5h – Salva de fogos nas principais praças da cidade e na Colina do Horto
6h – Missa
10h – Coletiva de Imprensa
Durante todo dia, homenagens do povo de Juazeiro e dos romeiros (as) ao Patriarca do Nordeste.

Organização: Basílica Santuário Nossa Senhora das Dores.
Apoio: Prefeitura Municipal de Juazeiro do Norte.

Depois da reconciliação, fieis agora pedem a beatificação

Muita gente está vibrando com a reconciliação da Igreja com o Padre Cícero, anunciada domingo passado pelo Bispo do Crato, e já pensa em sua beatificação. É claro que a diocese do Crato não está pensando nisso, pelo menos por enquanto. Mas que o caminha agora está aberto, disso não há a menor dúvida. Antes e durante mais de um século com a pecha de punido com a suspensão de ordens e banido da Igreja como embusteiro, seu nome jamais poderia compor uma lista para uma possível beatificação. Dentro desse contexto era absolutamente impossível. Porém, doravante com a ficha limpa na Igreja que finalmente reconheceu e agora exalta as suas virtudes e o apresenta como modelo, tudo fica mais fácil e é possível, sim, se pensar, mais tarde na sua beatificação. É prudente ninguém alimentar esperança de que isso aconteça logo, pois lá no Vaticano, como se sabe, parece que os cardeais não costumam primar pela rapidez em suas decisões. Mas por outro lado, não será bom cultivar o pessimismo nem descartar nenhuma possibilidade, pois como o papa Francisco é imprevisível pode haver alguma surpresa. Se depender de milagres, dizem os devotos mais ardorosos do Padre Cícero, não vai ter problema algum porque eles são abundantes e não será difícil comprová-los. Dom Fernando certamente já deve estar prevenido porque sabe que, se a cobrança da reabilitação depois consumada em reconciliação foi intensa, mais ainda o será quando a beatificação porventura estiver em curso. Na verdade, como é visível, os devotos do Padre Cícero só vão sossegar mesmo, quando ele for canonizado, com direito a altar nas igrejas, pois de fato é como tal que muitos sempre o consideram. Na minha opinião, a reconciliação do Padre Cícero abre caminho para sua beatificação que depois abrirá caminho para sua canonização. A resposta a isso só o tempo dirá.

Agora entendam o que significa a reconciliação do Padre Cícero: 

“Reabilitação é recuperação de ordens que estavam suspensas. Reconciliação é apagar qualquer oposição a ação do Padre Cícero. A Diocese de Crato deu entrada ao processo de reabilitação pelo fato de o Padre Cícero ter morrido suspenso de ordem, porém como o padre já havia falecido e as punições cessadas, não tinha o que o Papa reabilitar. A Reconciliação é mais ampla que a Reabilitação pois, é uma aceitação e reconhecimento dos frutos feitos através das romarias e devoção ao padre Cícero, propiciando uma maior aproximação dos romeiros com toda a Igreja Católica”

Daniel Walker, Editor

Festa do Menino Jesus de Praga do Novo Juazeiro

   



Verbas federais recebidas pelo Município

Os convênios do município de JUAZEIRO DO NORTE/CE que receberam seu último repasse no período de 07/12/2015 a 13/12/2015 estão relacionados abaixo:

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Número Convênio: 736347
Objeto: Execucao de Pavimentacao asfaltica na Avenida Maria Ednir Bezerra de Menezes, no municipio de Juazeiro do Norte, Ceara.
Órgão Superior: MINISTERIO DO TURISMO
Convenente: MUNICIPIO DE JUAZEIRO DO NORTE
Valor Total: R$ 975.000,00
Data da Última Liberação: 10/12/2015
Valor da Última Liberação: R$ 9.067,50

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Número Convênio: 806435
Objeto: Pavimentacao em Vias Publicas no Municipio de Juazeiro do Norte - CE.
Órgão Superior: MINISTERIO DAS CIDADES
Convenente: MUNICIPIO DE JUAZEIRO DO NORTE
Valor Total: R$ 1.234.850,00
Data da Última Liberação: 10/12/2015
Valor da Última Liberação: R$ 216.151,84

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Número Convênio: 817100
Objeto: Formacao de criancas e adolescentes com foco na promocao dos direitos, em acordo com o Estatuto da Crianca e do Adolescente, qualificando-os para contribuir na elaboracao de politicas publicas nacionais.
Órgão Superior: PRESIDENCIA DA REPUBLICA
Convenente: INSTITUTO ANTONIA ROQUE SANTOS DA SILVA
Valor Total: R$ 195.624,00
Data da Última Liberação: 07/12/2015
Valor da Última Liberação: R$ 195.624,00

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quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Bodas de Ouro do Casal José Calixto e Maria de Lourdes

O casal José Calixto de Araújo e Maria de Lourdes Bezerra de Araújo celebraram hoje a passagem dos seus 50 anos de casamento. Em regozijo ao evento o casal reuniu amigos e familiares para a celebração de uma missa a qual aconteceu na Igreja Menino Jesus de Praga e em seguida todos foram convidados para participar da Renovação do Sagrado Coração de Jesus em sua residência. 
Maria de Lourdes Bezerra de Araújo e José Calixto de Araújo celebraram matrimônio em 16/12/1965 na igreja Nossa Senhora de Lurdes (São Miguel) em Juazeiro do Norte. Durante estes 50 anos de união, viveram 13 anos em Recife onde tiveram os dois filhos: Alfredo e Marcelo. A educação foi o legado que o casal planejou para seus filhos e se dedicaram neste plano ao longo dos anos. Depois de 13 anos em Recife foram para Fortaleza onde moraram por 1 ano. No ano de 1979 voltaram com a família para Juazeiro do Norte onde vivem até hoje. Em 1992 foram morar no Novo Juazeiro onde construíram uma grande amizade com várias pessoas deste bairro, hoje ao completar 50 anos de união visualizaram o carinho de todos estes amigos e também dos familiares. Os filhos que moram distante de Juazeiro ficaram muito felizes em ver todo o carinho dos amigos no dia de hoje e poder compartilhar desta celebração tão especial, um exemplo de vida, para os filhos e para os netos Vytor e Ana Clara / Igor e Gabrielle.
Abaixo, fotos do evento


















Padre Cícero: Monumento da Reconciliação

Dentro do ritmo de euforia que invade a Nação Romeira pela reconciliação do Padre Cícero, seus adeptos agora pedem a construção do Portal da Reconciliação. Como alguém publicou no Facebook a foto do portal que deveria ser construído por ocasião do Centenário de Juazeiro do Norte  agora pedem que o mesmo seja construído em homenagem à reconciliação. O projeto mostrado na foto é da arquiteta juazeirense Gizele Meneses e sua construção agora seria uma boa pedida. Mas se depender do Poder Público pode demorar, pois por esse caminho as coisas são difíceis, a não ser que uma forte pressão popular exija isso. No projeto original o portal deveria ser construído na estrada que dá acesso ao Horto, pelo Salgadinho,  por sugestão de Dr. Geraldo Barbosa, então Presidente da Comissão do Centenário. Com a construção do anel viário passando por lá seria bom incluí-lo nele.   

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Finalmente a Igreja Católica abraça o “Meu Padim" - Por Antônio Luiz Macedo

Após decênios de humilhações, acusações infundadas, perseguições sem fim pela hierarquia Eclesial da Diocese de Fortaleza e do Crato, o Padre Cícero Romão Batista é suspenso de ordem e proibido pelo Vaticano de celebrar a Santa Missa.

Com a consciência tranquila submete-se a essa injustiça insuflada por inveja, e coloca em prática – sem revide e sem mágoa – os votos que fizera ao abraçar o chamado de Deus para exercer um sacerdócio puro e santo: a obediência integral; a pobreza evangélica e a castidade sem reservas.

A Igreja o degredara, mas o seu coração estava pleno da confiança no seu Senhor. A sua fidelidade foi sempre a sua marca registrada.

Continuou fazendo o seu apostolado entre os pobres, excluídos e necessitados. Acolhia a todos com o mesmo amor e atenção. Aos poucos, através de atitudes e gestos que revelavam a humildade e a fé dos quais o seu coração era possuidor, sua fama se espalha pelo sertão nordestino, fazendo do Juazeiro do Norte uma cidade cosmopolita.

Uma de suas frases mais conhecidas e que mais proferiu como Fundador daquela pequena vila: “Eu sou filho de Crato, mas Juazeiro é meu filho”.

Para nós, a demora foi grande; mas o tempo de Deus finalmente cumpriu-se no dia 13 de dezembro de 2015, durante a solenidade da Abertura das Portas da Catedral de Nossa Senhora da Penha, presidida por Dom Fernando Panico, dando início na Diocese ao Ano Jubilar Extraordinário da Misericórdia. Como primeiro fruto do Ano Santo, a Igreja abraça novamente “Meu Padim”, aquele que não deixou por um instante sequer de abraçar a Igreja.

Bendito Ano da Misericórdia promulgado pelo Papa Francisco. O Papa da misericórdia, dos pobres, dos excluídos, dos necessitados; o Papa da ternura, da bondade, do encontro e do amor: qualidades que marcaram a vida do “Padim Ciço”.

A justiça humano-divina foi realizada. A festa no céu e nos sertões nordestinos se perpetuará para sempre no coração e na alma de cada juazeirense, de cada romeiro, de cada romeira. “Bendito seja Deus que nos reuniu no amor de Cristo”.

Antonio Luiz Macêdo, farmacêutico bioquímico, escritor, juazeirense
Editor do blog: http://ecatol.blogspot.com.br/

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Carta de Reconciliação do Padre Cícero será distribuída na Missa do dia 20

A Diocese do Crato e a Basílica de Nossa Senhora das Dores estão organizando a grande festa que será realizada no próximo domingo, dia 20, na Missa do Padre Cícero, em regozijo pela sua reconciliação com a Igreja. Já sabe, de antemão, que a carta da reconciliação será imprensa e distribuída gratuitamente entre os presentes como um documento histórico. Como se trata de um documento público essa carta pode ser reimpressa sem fins comerciais por qualquer firma do comércio local (ou até mesmo por pessoa física) que queira aumentar a tiragem. Como se espera a chegada de milhares de romeiros seria bom que a Prefeitura e o comércio local patrocinassem uma grande tiragem, pois ela precisa ser acessível a todos e guardada como uma relíquia histórica pelos devotos e admiradores do Padre Cícero. Então, vamos aumentar a tiragem da carta de reconciliação do Padre Cícero? Ele merece. 
A noticia sobre a carta em que a Igreja se reconcilia com o Padre Cícero, divulgada em primeira mão pelo Portal de Juazeiro, foi recorde de acessos a este portal. Até agora, foram mais de 10 mil acessos, sendo a matéria mais lida durante toda a história deste site. Também inserimos uma chamada no Facebook e a mesma atingiu mais de 100 compartilhamentos, gerando centenas de comentários dos mais distintos recantos do Brasil, numa prova evidente do quanto o Padre Cícero é admirado. Durante esta semana estaremos divulgando mais matérias sobre este palpitante assunto
E assim o www.portaldejuazeiro.com como vitrine da história desta cidade caminha pára alcançar o gigantesco número de 1 milhão de acessos. 



domingo, 13 de dezembro de 2015

Nação Romeira em festa: Igreja se reconcilia com Padre Cícero

O maior desejo do Padre Cícero foi finalmente realizado hoje com a divulgação oficial pelo bispo D. Fernando, durante a celebração da missa na Sé Catedral de Crato em regozijo pela passagem do Ano Santo (ou Jubileu) e Abertura da Porta Santa da Catedral do Crato de uma carta  de reconciliação da Igreja com o Padre Cícero.  
 De acordo com o documento divulgado, Padre Cícero tem suas virtudes exaltadas e as romarias por eles estimuladas em devoção a Nossa Senhora das Dores são igualmente valorizadas. Agora, com a existência dessa carta em que a Igreja se reconcilia com o Padre Cícero, quem ousar falar mal dele, apresentando-o como herege e embusteiro, estará simplesmente fazendo papel de ignorante ou despeitado, pois  nenhuma dessas acusações, antes aceitas pela Igreja, faz mais sentido doravante. 
A partir de hoje  a Igreja reconhece oficialmente o filho mais ilustre de Crato e o fundador de Juazeiro como um sacerdote íntegro, virtuoso, um exemplo a ser seguido pelas suas decantadas e autênticas virtudes. Por isso, Juazeiro  e toda a  Nação Romeira estão em festa, exaltando o tão esperado evento, com certeza um dos mais significativos da biografia do Padre Cícero. 
Estão assim compensadas todas as orações feitas pelos devotos e os esforços empreendidos pelo bispo,  os membros da comissão que elaborou o projeto de pedido de reconciliação, os padres e as autoridades em geral que formaram uma verdadeira corrente de fé  em prol da consecução do objetivo, o maior desejo do Padre Cícero. 
No céu, com certeza, ele está comemorando a vitória junto com seus amigos que estão lá. O professor José Marrocos, então, deve estar vibrando tanto quanto o Padre Cícero. 
Finalmente a biografia do Padre Cícero está como ele desejava, à altura da Igreja que tanto amou e da religião que professou e foi um dos seus grandes propagadores no Nordeste. Sua memória não pode mais ser vilipendiada pelos inimigos gratuitos. Todos os seus devotos e admiradores estão verdadeiramente felizes porque ele é mesmo como acreditavam: um padre virtuoso, incapaz de praticar qualquer veleidade contra a sua Igreja.
Portanto, hoje é dia de festa, vamos comemorar! Parabéns, Padre Cícero. Obrigado, Papa Francisco. Obrigado, D. Fernando. E agora, vamos todos cantar: “Viva meu Padim, viva meu Padim,  Ciço Romão!”
Abaixo fotos da missa clicadas por Elizangela Santos, do jornal Diário do Nordeste (as três primeiras) e Rozélia Santos, do site www.maedasdoresjuazeiro.com,  (as duas últimas).



CRONOLOGIA DO MARTÍRIO DO PADRE CICERO
- 4 de novembro de 1889. Inconformado com as notícias veiculadas na imprensa sobre os milagres  o Bispo Dom Joaquim envia carta a Padre Cícero na qual o proíbe expressamente de fazer qualquer manifestação pública sobre o assunto.
- 6 de agosto de 1892. Através de Portaria o bispo D. Joaquim suspende o Padre Cícero das faculdades de confessar, pregar e administrar sacramentos. Esta foi a primeira pena grave imposta oficialmente a ele como desdobramento das investigações dos fenômenos ocorridos no povoado de Juazeiro a partir de 1º de março 1889, denominados popularmente de Milagres da Hóstia.
- 13 de abril de 1896. O bispo dom Joaquim aumenta a punição ao Padre Cícero e o proíbe de celebrar Missa. 
- 10 de fevereiro de 1897. O Santo Ofício  emite um novo Decreto, agora proibindo a permanência de Padre Cícero em Juazeiro, sob pena de excomunhão. Temeroso de incorrer na pena de excomunhão,  em 29 de junho de 1897 ele resolve sair do povoado e vai para Salgueiro. 
- 22 de junho de 1898. Após cinco interrogatórios os cardeais do Santo Ofício decidem absolver o Padre Cícero das censuras até então impostas, mas ele permanece com a proibição de pregar, confessar e dirigir as almas e é aconselhando a procurar outra diocese. 
- 5 de setembro de 1898. Após vários requerimentos enviados ao Santo Ofício para regularizar sua situação ele consegue autorização e com muita alegria celebra Missa na Capela de São Carlos em Roma. E os cardeais foram mais benevolentes ainda, pois lhe concederam também permissão para celebrar durante a viagem de volta ao Brasil.
- 15 de novembro de 1898. Padre Cícero se apresenta a Dom Joaquim em Fortaleza e lhe informa que fora absolvido em Roma. Mas o bispo, certamente insatisfeito com a decisão do Santo Ofício, foi implicante mais uma vez e não permite que ele celebre em Juazeiro. 
- 12 de julho de 1916. O Santo Ofício declara o Padre Cícero incurso na excomunhão latae sententiate. 
Em 27 de julho de 1916 o cardeal Merry Del Val comunica o fato oficialmente ao Núncio Apostólico, Dom José Anversa. D. Quintino, bispo do Crato, só tomou conhecimento desse documento no dia 14 de abril de 1917, portanto nove meses depois da sua publicação. E só resolveu comunicar por carta ao Padre Cícero no dia 29 de abril de 1920, portanto três anos depois. Padre Cícero não chegou a receber essa carta porque Dr. Floro foi quem a viu primeiro e diante do conteúdo exposto achou por bem não lhe entregar, pois achava que em face da avançada idade Padre Cícero não estava em condições de saúde e psicológicas para suportar tamanho baque. E foi isso mesmo que Dr. Floro informou ao bispo, conseguindo convencê-lo a não dar conhecimento da gravíssima pena de excomunhão a que padre Cícero incorreu. Dom Quintino tinha, então, um documento provando que Padre Cícero estava excomungado, mas mesmo assim deixou que ele continuasse celebrando missa fora de Juazeiro. Ele celebrava no sítio Saquinho, município do Crato. 
- No dia 1º de janeiro de 1917, estando excomungado, mas sem saber, Padre Cícero recebe autorização do bispo para celebrar Missa na capela de Nossa Senhora das Dores, onde deixara de celebrar desde o dia 6 de agosto de 1892. 
Tudo corria mais ou menos normal entre Padre Cícero e o bispo Dom Quintino. Mas no dia 2 de junho de 1921 Padre Cícero lhe escreve uma carta pedindo autorização para ser padrinho de batismo de uma criança, filha legítima do Sr. Antônio Luiz de Assis Chitafina e Lucila Tenório de Assis, residentes em Juazeiro. Para sua surpresa, Padre Cícero recebeu a seguinte resposta:
“Visto como o Revdmo. suplicante não está cumprindo exatamente todas as cláusulas das declarações que em Dezembro de 1917 depositou em nossas mãos, depois de serem lidas em público; e não só está fomentando a venda e divulgação das medalhas proibidas (quais são as que têm a sua efigie), mas frequentando o estabelecimento do vendedor e benzendo-as, como ainda a certa mulher que deixou de confessar-se para casar por ter declarado que acreditava "Nos milagres do sangue precioso do Juazeiro" aconselhou-lhe que fosse para Cajazeiras, da Paraíba, onde há trabalhos públicos, e depois de algum tempo de estadia ali, efetuasse, lá mesmo, seu casamento; não podemos dar licença ao mesmo suplicante para apadrinhar crianças e nem lhe conceder uso de ordens nesta diocese.
Crato, 3 de junho de 1921
Ass. Quintino, bispo diocesano”.
Segundo escreveu Amália Xavier de Oliveira em seu livro O Padre Cícero que eu conheci, “este despacho só chegou ao conhecimento do Padre Cícero no dia 4 de junho, quando ele já havia celebrado, sem o saber, sua última Missa”. 
Apesar de muita gente ter o bispo dom Quintino como algoz e inimigo do Padre Cícero, ele, na verdade foi muito benevolente para com o Padre Cícero e até escreveu ao Papa pedindo a sua reabilitação. 
No dia 23 de fevereiro de 1921, o Santo Ofício analisou a solicitação de Dom Quintino ao Papa, que pede a absolvição das censuras e a permissão de celebrar, e resolveu atender apenas à primeira parte (absolvição das censuras, aí incluindo a excomunhão), mas não concedeu o direito de celebrar, podendo o Padre Cícero receber os sacramentos como simples leigo. Também é feita mais uma vez a recomendação de ele deixar Juazeiro. 
- 3 de junho de 1926. Como Padre Cícero adotou a opção de permanecer em Juazeiro Dom Quintino acatando determinação do Santo Ofício o suspende novamente, retirando-lhe  o uso de ordens. Foi esta a última e definitiva punição.
E foi nessa situação – suspenso de ordens e não excomungado -  que Padre Cícero encerrou seus últimos dias de vida, em 20 de julho de 1934. 
E agora em pleno Ano Santo a Igreja se reconcilia com o Padre Cícero, pondo fim ao martírio que ele suportou até morrer.

HOMILIA DE D. FERNANDO NA ABERTURA DA PORTA SANTA NA CATEDRAL
Amados irmãs e irmãos, 
presbíteros de nossa Igreja particular de Crato, diáconos, religiosas e religiosos, 
seminaristas, colaboradores,
Prezados Diocesanos 

A Liturgia deste 3.º Domingo do Advento é um convite solene e insistente à verdadeira alegria. O texto da carta aos Filipenses, proclamado na segunda leitura, deu a este domingo o nome Gaudete, ou seja, Alegrai-vos. Ainda mais, com a abertura da Porta Santa da Misericórdia na nossa Catedral , a Igreja particular de Crato quer renovar a sua vocação de Povo de Deus em romaria para a plenitude da vida e da salvação em Cristo, do qual a Porta Santa é símbolo . Jesus é a Porta, Ele está no meio de nós, ama-
nos e, apesar dos nossos descaminhos, insiste em nos amar. 

O Jubileu extraordinário da Misericórdia convida-nos para não desistir do caminho da esperança, da conversão e da alegria. Jesus nos lembra que a sua Porta é estreita e que precisamos esvaziar-nos de nós mesmos, para entrar no Reino dos céus. A Porta da Misericórdia é Cristo; por Ele nos tornamos o seu Povo e o seu rebanho. Somos Igreja em caminho, seguidores de Cristo. Se somos conduzidos pelo Espírito de Deus, não podemos nos deixar levar pela ansiedade, a inquietude e o pessimismo, que é uma espécie de miopia do coração que nos torna profundamente negativos ao julgarmos pessoas que temos dificuldade de aceitar, de compreender e perdoar. 

Infelizmente, a nossa Diocese não escapa a esta visão pessimista que nos últimos anos vem nos atrapalhando na nossa missão evangelizadora. Existem feridas que nossos pecados produziram no tecido da nossa Igreja diocesana. Estas feridas exigem gestos sinceros de humildade e reconciliação, de ambas as partes. De minha parte, peço perdão a Deus e a vós irmãos; reconheço minha fraqueza, fragilidade e pecado. Abrindo a Porta Santa do Ano da Misericórdia, perguntemo-nos: como Deus poderá fazer-se encontrar por nós, quando o caminho do nosso coração está fechado com cadeias de intolerância, de prepotência, de incompreensão? 

Tomemos consciência de que Deus nos ama muito, para além das nossas falhas e fraquezas, e que o seu amor nos transforma, nos torna menos egoístas e mais humanos. O que renova o mundo e o transforma não é o medo, mas o amor. O medo provoca insegurança, pessimismo, angústia, sofrimento, bloqueios, fechamentos; o amor é que faz crescer, cria dinamismos de superação, nos torna mais humanos, nos faz confiar e realiza o encontro e a comunhão… 

São palavras do Papa Francisco na Bula de proclamação deste ano da misericórdia:

“Precisamos sempre de contemplar o mistério da misericórdia. É fonte de alegria, serenidade e paz. É condição da nossa salvação. Misericórdia: é a palavra que revela o mistério da Santíssima Trindade. Misericórdia: é o ato último e supremo pelo qual Deus vem ao nosso encontro. Misericórdia: é a lei fundamental que mora no coração de cada pessoa, quando vê com olhos sinceros o irmão que encontra no caminho da vida. Misericórdia: é o caminho que une Deus e o homem, porque nos abre o coração à esperança de sermos amados para sempre, apesar da limitação do nosso pecado”.

Hoje, por ocasião da abertura solene da Porta Santa da Misericórdia nesta Catedral de Nossa Senhora da Penha, quero anunciar com alegria, à querida Diocese de Crato e aos romeiros e romeiras do Juazeiro do Norte, um gesto concreto de misericórdia, de atenção e de carinho por parte do Papa Francisco para nós: A IGREJA CATÓLICA SE RECONCILIA HISTORICAMENTE COM O PADRE CÍCERO ROMÃO BATISTA.

Recebi no mês passado uma longa carta - mensagem do Secretário de Estado de sua Santidade, o Cardeal Pietro Parolin, redigida por expressa vontade do Papa Francisco. Ele pede a mim que dê uma justa interpretação ao texto e que o apresente à Diocese e a todos os romeiros. Isso faço agora. Convido a todos vocês a também fazerem uma justa interpretação, procurando apoiar e promover a unidade de todos na mais autentica comunhão eclesial. 

Partilho com vocês, de antemão, queridos padres e irmãos e irmãs presentes, esse documento “histórico”, a pedido expresso do Santo Padre, que lhes envia uma fraterna e calorosa saudação e bendiz a Deus “pelos luminosos frutos de santidade que a semente do Evangelho faz brotar nessas terras abençoadas” do nordeste. 

De imediato quero esclarecer que esse documento é a proposição definitiva e solene de “reconciliação histórica” da Igreja com Padre Cícero, por reconhecer nele “virtudes humanas, sacerdotais e apostólicas” que devem ser valorizadas. Não se trata, portanto, de “reabilitação canônica”. E gostaria de dizer também que é motivo de alegria o que este ato de reconciliação sugere: a profunda comunhão com o sucessor de Pedro, pois ele nos remete à minha Carta Pastoral “Romarias e Reconciliação”, publicada em 2003. No próximo dia 20, levaremos a mensagem do Papa ao conhecimento da nação romeira em Juazeiro, quando da Missa em memória do Pe. Cícero. 

O Papa Francisco, no seu incansável dinamismo missionário, percebe com clareza o quanto a memória do Padre Cícero dinamiza ainda hoje a vida pastoral e religiosa do Brasil, especialmente do Nordeste. E ressalta “os bons frutos que os romeiros vivenciam ao peregrinar a Juazeiro, atraídos pela figura desse sacerdote.”

“É louvável”, diz a Mensagem, como a Diocese de Crato, “incorpora, integra e evangeliza” as grandes romarias, “acolhendo e animando o romeiro em sua vida cotidiana”, “traduzindo, em cantos de romaria”, com palavras do próprio Padre Cícero, o conteúdo da fé e da moral cristã: “Quem matou não mate mais.... , quem roubou, não roube mais! 

Todas as Dioceses do Nordeste foram lembradas pela Mensagem que diz: a associação das outras Igrejas particulares do nordeste, fontes primárias das romarias, à Diocese de Crato nesse modo particular de evangelização, tem-se mostrado eficaz e deve ser apoiada e estimulada.

Já se percebe que o realce que se quer dar a esta Mensagem é a ligação direta entre Padre Cícero e a Nova Evangelização, pois o apresenta como um modelo de sacerdote numa Igreja “em saída”, que acolhe a todos, especialmente os pobres e sofredores, e este é um sinal importante, especialmente nos dias de hoje, pois experimentam a misericórdia de Deus através do Padre Cícero.

Podemos então aclamar com o Profeta Sofonias, inspirados na segunda leitura da Missa deste Terceiro Domingo de Advento: “Canta de alegria, Diocese de Crato; rejubila, povo nordestino; alegra-te e exulta de todo coração, povo brasileiro! “.

Segundo as palavras de Jesus, sabemos que “Toda arvore é reconhecida pelo seu fruto” (Lc 6,44). Nesta certeza, o Santo Padre não quis deter-se em questões polêmicas do passado, mas foi logo, em sua avaliação, ao centro, à figura sacerdotal do Padre Cícero. Poderíamos parafrasear a afirmação de Jesus: Provando o sabor dos frutos que amadurecem até hoje, e que são resultado da ação Pastoral do Padre Cícero, o Papa Francisco se pergunta: “Esse Padre chamado carinhosamente pelo povo de ‘Padim’: é arvore boa ou ruim?”

Papa Francisco apresenta o Padre Cícero como um modelo de sacerdote numa Igreja “em saída”, para os tempos atuais e a Nova Evangelização. 

O documento é mais incisivo ainda quando lembra que Deus sempre se serve de pobres instrumentos para realizar suas maravilhas. Somos todos, “vasos de argila”: (2Co 4,7) que guardam os tesouros de Deus. Nosso querido Padre Cícero não é exceção a esta regra e, como todos nós, não foi privado de fraquezas e de erros, mas isso apenas mostra que e mostra que “o poder que a tudo excede, provém de Deus, e não de nós” (2Co 4,7). 

Por meio de seu Secretário de Estado, o Papa Francisco afirma, “sem dúvida alguma, que Padre Cícero, pelo seu intenso amor pelos mais pobres e por sua inquebrantável confiança em Deus, foi este instrumento escolhido por Ele.” Por isso, o Santo Padre nos convida a agradecer ao Senhor por todo o bem que Ele suscitou por meio do Padre Cícero que, diz de novo o texto, “sem dúvidas” foi movido por um desejo sincero de instaurar o Reino de Deus. 

Essa afirmação do Papa Francisco nos enche de uma profunda alegria quando lembramos as palavras de Jesus sobre o Juízo final (Mt: 25, 31-46) Sim, todos nós, seremos julgados pelos nossos gestos concretos de Amor e de Misericórdia, e nada mais! 

O documento ainda ressalta como qualidades do Padre Cícero, o profundo amor a Nossa Senhora das Dores e das Candeias, a oração e o respeito aos mortos, o amor e o respeito à Igreja Católica e a seus ministros. 

E observa que “Este dado positivo, eminentemente religioso, justifica a ação pastoral que essa Diocese de Crato presta ao fenômeno religioso de Juazeiro do Norte, que tem sua origem, justamente na ação do Padre Cícero.” 

Caros Padres, querida Diocese de Crato: fomos justificados pelo Papa Francisco. Nós não nos equivocamos assumindo a opção pastoral em favor das romarias e do acolhimento aos romeiros . O Papa nos diz que agindo assim, fica garantida a reta orientação eclesial a todos os que se sentem ligados ao Padre Cícero, na região nordeste e em todo Brasil.

Como são reconfortantes e animadoras as palavras do Papa São Paulo II por aqueles de nós que já experimentaram em sua vida que “Deus escreve certo por linhas tortas”! Sim, Deus se serve de nós, instrumentos imperfeitos para realizar a Sua obra! Santo é seu Nome e sua Misericórdia é para sempre! 

Como Bispo Diocesano dessa Igreja particular, fico feliz por poder receber essa grande graça, em nome do Padre Cícero e de seus romeiros e romeiras, em nome de todos aqueles bispos – Dom Quintino, Dom Delgado – que alguma vez pediram que a Igreja e Padre Cícero se reconciliassem, em nome de todas as pessoas que queriam ver o Seu Padrinho ser, de novo, acolhido pela Igreja Católica da mesma forma que sempre foi acolhido por seus afilhados!

E é justo que também o Pe. Cícero, hoje, enfim reconciliado com a Igreja católica, passe pela Porta Santa, como todos nós, entrando nesta Catedral aonde ele foi batizado e celebrou sua Primeira Missa. Ele vai entrar como romeiro. Seu lugar não será ainda o Altar, mas ficará no meio do Povo, invocando e cantando conosco a misericórdia do Pai. 

Peço a Deus que, no Ano Santo da Misericórdia, desça em profusão sobre nossa Diocese a Misericórdia divina , a graça da união, dom do Espírito Santo, para promover em nossas diferenças a “cultura do encontro”, no respeito recíproco e na verdade da justiça.

Virgem Maria, Mãe de Misericórdia, Nossa Senhora da Penha, estes teus olhos a nós volve, teus devotos. Somos filhos. Os nossos rogos ouve, ó Mãe do Redentor. “Amor e Verdade se encontram, Justiça e Paz se abraçam; da terra germinará a Verdade, e a Justiça se inclinará do céu.” (Sl 85,10). Sejamos misericordiosos como o Pai. 
+ Dom Fernando Panico


Foto-montagem de Robinson Dayana
Resumo da carta-mensagem do Papa Francisco. 
Sobre a Reconciliação histórica da Igreja Católica com a memória do Padre Cícero Romão Batista 

Em longa correspondência enviada ao Bispo Diocesano de Crato, Dom Fernando Panico, o Secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Pietro Parolin, afirmou que: “A presente mensagem foi redigida por expressa vontade de Sua Santidade o Papa Francisco, na esperança de que Vossa Excelência Reverendíssima não deixará de apresentar à sua Diocese e aos romeiros do Padre Cícero a autentica interpretação da mesma, procurando por todos os meios apoiar e promover a unidade de todos na mais autentica comunhão eclesial e na dinâmica de uma evangelização que dê sempre e de maneira explicita o lugar central a Cristo, principio e meta da História”. 

A mensagem lembra, inicialmente, as festas pelo centenário de criação da Diocese de Crato acrescentando “que (essas comemorações) põem em realce a figura do Padre Cícero Romão Batista e a nova Evangelização, procurando concretamente ressaltar os bons frutos que hoje podem ser vivenciados pelos inúmeros romeiros que, sem cessar, peregrinam a Juazeiro atraídos pela figura daquele sacerdote. Procedendo desta forma, pode-se perceber que a memória do Padre Cícero Romão Batista mantém, no conjunto de boa parte do catolicismo deste país, e, dessa forma, valoriza-la desde um ponto de vista eminentemente pastoral e religioso, como um possível instrumento de evangelização popular”. 

Lembrando que Deus sempre se serve de pobres instrumentos para realizar suas maravilhas e que todos nós somos “vasos de argila” (2Co 4,7) em Suas mãos, o texto afirma, sem dúvida alguma, que Padre Cícero, pelo seu intenso amor pelos mais pobres e por sua inquebrantável confiança em Deus, foi esse instrumento escolhido por Ele. O Padre respondeu a este chamado, movido por um desejo sincero de estender o Reino de Deus. 

Na correspondência constam vários tópicos, dos quais alguns são reproduzidos, a seguir, textualmente: 

“Mas é sempre possível, com a distância do tempo e o evoluir das diversas circunstâncias, reavaliar e apreciar as várias dimensões que marcaram a ação do Padre Cícero como sacerdote e, deixando à margem os pontos mais controversos, por em evidência aspectos positivos de sua vida e figura, tal como é atualmente percebida pelos fiéis”. 

† “É inegável que o Padre Cícero Romão Batista, no arco de sua existência, viveu uma fé simples, em sintonia com o seu povo e, por isso mesmo, desde o início, foi compreendido e amado por este mesmo povo”. 

† “Deixou marcas profundas no povo nordestino a intensa devoção do Padre Cícero à Virgem Maria” no seu título de “Mãe das Dores e das Candeias” (...) Como não reconhecer, Dom Fernando, na devoção simples e arraigada destes romeiros, o sentido consciente de pertença à Igreja Católica, que tem na Mãe de Jesus Cristo um dos seus elementos mais característicos? 

† “A grande romaria do dia de Finados, iniciada pelo Padre Cícero, transmite a dimensão escatológica da existência humana. Pois, como afirma o documento de Aparecida, Nossos povos (...) têm sede de vida e felicidade em Cristo. (...) 

† “Não deixa de chamar a atenção o fato de que estes romeiros, desde então, sentindo-se acolhidos e tendo experimentado, através da pessoa do sacerdote, a própria misericórdia de Deus, com ele estabeleceram – e continuam estabelecendo no presente – uma relação de intimidade, chamando-o na carinhosa linguagem popular nordestina de “padim”, ou seja, considerando-o como um verdadeiro padrinho de batismo, investido da missão de acompanhá-los e de ajuda-los na vivência da sua fé”. 

† “No momento em que a Igreja inteira é convidada pelo Papa Francisco a uma atitude de saída, ao encontro das periferias existenciais, a atitude do Padre Cícero em acolher a todos, especialmente aos pobres e sofredores, aconselhando-os e abençoando-os, constitui sem dúvida, um sinal importante e atual”. 

† “O afeto popular que cerca a figura do Padre Cícero pode constituir um alicerce forte para a solidificação da fé católica no ânimo do povo nordestino (...). Portanto, é necessário, neste contexto, dirigir nossa atenção ao Senhor e agradecê-lo por todo o bem que ele suscitou por meio do Padre Cícero”. 

† “Assim fazendo, abrem-se inúmeras perspectivas para a evangelização, na linha desta recomendação do Documento de Aparecida; “Deve-se dar catequese apropriada que acompanhe a fé já presente na religiosidade popular”. (Documento de Aparecida, 300). 

† “Ao mesmo tempo que me desempenho da honra de transmitir uma fraterna saudação do Santo Padre a todo o povo fiel do sertão do Ceará, com os seus Pastores, bendizendo a Deus pelos luminosos frutos de santidade que a semente do Evangelho faz brotar nestas terras abençoadas, valho-me do ensejo para lhe testemunhar minha fraterna estima e me confirmar de Vossa Excelência Reverendíssima devotíssimo no Senhor 

Pietro Cardeal Parolin 
Secretário de Estado de Sua Santidade 
Vaticano, 20 de outubro de 2015.