quinta-feira, 14 de julho de 2011

Olha lá, no alto do Horto, Ele tá vivo, o Padre não tá morto!

De qualquer angulo, o Padre brilha e abençoa seu filho Juazeiro. Uma ida ao Horto em pleno meio dia para fotografar a historia acontecendo. É neste Juazeiro que o Padre plantou e cem anos depois esta grande arvore cresceu. Pautília Ferraz) 

COMENTÁRIO ENVIADO POR DR. IDERVAL TENÓRIO, de Salvador, BA
Amigo Daniel e amigo Casimiro.
 Os amigos tocaram na ferida ao lançar a manchete:”OLHA LÁ  NO ALTO DO HORTO , ELE TÁ  VIVO MEU PADIM NÃO ESTÁ MORTO.”, ESTE TRECHO FAZ PARTE DE UMA MÚSICA FEITA PELO MAIOR COMPOSITOR VIVO DO BRASIL e que também foi o maior parceiro de Luiz Gonzaga  e é vivo e mora no Recife.  O meu amigo  JOÃO LEOCÁRIO SILVA(  JOÃO SILVA)  e que muitos não conhecem  e que tenho chamado de  uma das  INJUSTIÇAS DO NORDESTE E DO BRASIL..
 Esta música ele fez a pedido de Luiz Gonzaga para homenagear os romeiros e o querido Padre Cícero Romão Batista (MEU PADIM).
 Estou escrevendo um livro sobre a sua vida junto a  Luiz Gonzaga que breve lançarei. Envio a música escrita e um pouco do mestre João como tenho chamado.
 Este texto foi feito pelo grande escritor Pernambucano Jose Maria Almeida Marques que é da nossa querida BODOCÓ,município onde praticamente me criei nas férias na Serra do Araripe, então nosso conterrâneo.

VIVA MEU PADIM
João Silva e Luiz Gonzaga

Olha lá
No alto do morro
Ele está vivo
O padre não tá morto...............bis

Viva meu Padim
Viva meu Padim
Cícero Romão
Viva meu Padim
Viva também
Frei Damião

Eu todos os anos
Setembro e Novembro
Vou ao Juazeiro
Alegre e contente
Cantando na frente
Sou mais um romeiro

Vou ver meu Padim
De bucho cheio
Ou barriga vazia
Ele é o meu pai
Ele é o meu santo
É minha alegria

Olha lá
No alto do morro
Ele tá vivo
O padre não tá morto..........bis

JOÃO SILVA (1)
Luiz Gonzaga e João Silva
Por José Maria Almeida Marques
“E eu, pra não morrer de tristeza me sento na mesma mesa mesmo sabendo quem és...”

João  Silva nasceu em Arcoverde. Aos sete anos já tocava pandeiro e cantava em rádios no Recife. Aos quinze, por dores do mal d’amor, foi para o Rio de Janeiro tentar a fama, para um dia voltar e dizer à Iracema; “Tá vendo o que perdeu ?”. E voltou. Foi á sua casa. Ela veio, ficou na porta, ele falou-lhe: “Tá vendo o que você perdeu?” Calada estava, calada ela ficou. Mestre João me falou que lhe veio um nó angustial nos “grugumilhos”. Passado um tempo, Iracema balbuciou: “Vou ali beber água.” Não mais voltou. Naquele fatal momento nasceu: “ ... “Bebeu água foi simbora / nem se despediu de mim.”
Este é o Mestre João Leocádio da Silva. O mais profícuo, fiel e leal parceiro de Luiz Gonzaga. Nos idos de 1988, Gonzaga ia fazer um show no Canecão. Um crítico “alma sebosa”, do Rio de Janeiro, escreveu no jornal que  aquela música de paraibas ia conspurcar o templo sagrado do samba. Gonzagão se “arretou”: “João, vamos dar uma pisa nesse “fela”. João retrucou: “Não, Gonzaga, vamos fazer isso com música”!. Seu Luiz não titubeou. Chamou o grande Geraldo Azevedo e, no LP “Ai Tem”, ambos cantaram “Taqui Pá Tu”, onde os dois craques “dixeram de um tudo” contra aquele beócio. No final da canção Gonzaga fala: “...Sabe, Geraldinho, o que esse cabra é, ele é um fela...”
Eis um tantinho de João Silva, que mostro aos caros leitores. Aos setenta anos, vivendo em Aracaju, ainda produzindo bem, um pouco magoado com Pernambuco, João Silva compôs,  para Seu Luiz , desde 1964 (LP Sanfona do Povo, Não Foi Surpresa, de João Silva e João do Vale)   até 1989 (onde canta com Gonzaga, no LP Alvorada Nordestina, da autoria dos dois, Vamos Chegando), sem esquecer de “Vou Te Matar de Cheiro”, no LP do mesmo nome, composta pelos parceiros e em homenagem à Edelzuita, último amor do Rei. No show final e inesquecível de Gonzagão, no Teatro Guararapes, sempre a segunda parte de cada música era cantada por João,  a pedido de Lua, cujas forças estavam se exaurindo.
Não existe na Música Popular Nordestina e talvez na MPB, quem tenha maior quantidade de músicas gravadas por diversos artistas (mais de duas mil), do que Mestre João. Vejamos alguns:  Gérson Filho, Severino Januário, Zé Gonzaga, Chiquinha Gonzaga, Joquinha Gonzaga, Ary Lobo, Marinês e Abdias, Dominguinhos, Joãozinho do Exú, Quininho de Valente, Novinho da Paraíba, Pinto do Acordeon, Cremilda, Elba Ramalho, Cirano, Trio Nordestino, Alcione, Beth Carvalho, Flávio Leandro, Flávio José, Genival Lacerda, Núbia Lafayette, Ney Matogrosso.
Aliás, para compor, João é multifacetado. O hino da boemia nordestina, sem dúvida, é Pra Não Morrer de Tristeza, supra sumo do samba de latada, que Mestre João chama “samba apracatado”. Mas ele compõe, além de todo tipo de forró, merengue, bolero, guarânia, lamento, toada, carimbó, como se pode ver no Lp “Mixto Quente”, que ele gravou em 1979. 
Um grupo de pessoas, que amam a música nordestina, em parceria, chamaram Mestre João Silva, para resgatar-lhe vida e obra. Quando aceitou, João citou versos de Nélson Cavaquinho, sambista como ele: “... Quem quiser fazer por mim / que faça agora...” O projeto chama-se MESTRE JOÃO SILVA - PRA NÃO MORRER DE TRISTEZA - O MAIOR PARCEIRO DE LUIZ GONZAGA. Na tarefa estão engajados este escriba que vos fala, Roberta Jansen, Rinaldo Ferraz, Herbert Lucena, a gravadora  A FÁBRICA, Mávio Holanda, Jr. do Bode e esperamos a necessária ajuda das autoridades culturais. Certamente contaremos com o apoio desta Folha de Pernambuco, para lançar luz sobre o mais popular compositor pernambucano vivo.
Pra finalizar, só mesmo trazendo, aqui, a letra  de “Flor de Croatá’, de Mestre João, que o grande  Flávio José considera como a música que ele mais gosta de cantar: “ Vou bater porta /Pra quem abusou de mim /Esse meu rosto triste  /Não nasceu assim /Era bonito que nem flor  / De Croatá/ E então zangado/ Era danado pra cheirar/ Tinha alegria /Que jorrava noite e dia / Mas se excedeu / Pra um tal malvado/ De um amor/ Que não deu gosto/ Só deu desgosto/ E tudo em fim/ Foi até bom/ Que me ensinou a ser ruim.”

* poeta pernambucano.

Um comentário:

Carlos Macêdo disse...

Com as aparas do barro com que era esculpida a Estátua do Meu Padim, fiz a minha primeira cabeça. Era um Tiradentes pobre, feio e morto, que a minha mãe achou genial. Daí em diante, não sei se sou arte ou se arte sou eu.