sábado, 23 de julho de 2011

Lembranças da Praça Padre Cícero e do Bosque
Em comemoração ao centenário desta abençoada cidade, acontecido dia 22, trago em minhas reminiscências a Praça Padre Cícero que não tem mais o glamour de eras passadas. Ah! Tempo bom! Quando criança o nosso passeio dominical era brincar à tardinha nessa praça que já foi tão querida. As brincadeiras tão inocentes, juntar as bolhinhas que caíam da palmeira, estas bolinhas eram as sementes dos cachos pendurados que se abriam como um buquê e enchiam a grama de frutinhos. A distração era juntar o que pudesse de bolinhas para em casa lavar as mãos, pois funcionava como sabonete, dela se extraía um líquido espumante. E as pequenas carrapetas que os pés de eucaliptos também derrubavam. A brincadeira consistia em pegar o pequeno fruto parecido com um funil, e a parte fina friccionava-se o dedo médio e o polegar e jogava bem rápido no chão. A carrapetinha ficava rodopiando igual a uma bailarina. Subir no coreto, brincar de esconde-esconde, tudo isso era indispensável em nossas diversões dominicais. Não posso esquecer também do passeio em cima das bordas dos canteiros, correndo, não podia cair, pois quem caísse perdia a vez. O cansaço não chegava, corríamos a praça toda. O Parque Maia se instalou algumas vezes no trecho da rua do Cruzeiro, e a rua ficava interditada. O carrossel ou cavalinhos, era o que eu mais gostava, tinha medo da roda gigante e da onda, pois ficava tonta e nauseada. Tínhamos direito a chupar picolé, gostava do sabor de morango (vejo aquela cor!) que hoje não é mais daquele jeito. Algodão doce, somente branco, não existia o colorido e nem saco plástico, colocava-se um pequeno papel de embrulho na ponta, só para segurar e não melar as mãos de açúcar. Já adolescente deixei para lá as brincadeiras e aí a praça serviu de palco para outro divertimento que era passear com as amigas com o intuito de arranjar namorado. O horário que nossos pais permitiam de 19h às 20h30min, com algumas exceções até 21h. O tempo era curto, mas suficiente para o flerte, a aproximação, o convite para namorar. Mudanças foram acontecendo, reformas e mais reformas foram surgindo distorcendo e deformando o que existia de antigo e belo, devido à falta de sensibilidade dos administradores. Agora para o Centenário ela sofreu nova reforma, estando com os bancos de madeira pintados de vermelho, que é a cor do PT. Aquela praça, como diz a música de Carlos Imperial: “A mesma praça, o mesmo banco, as mesmas flores, o mesmo jardim, tudo é igual”, aqui nesta cidade centenária não é mais assim, a praça dos nossos sonhos de juventude já não é a mesma porque perdeu o seu encanto e magia. 



O Bosque

Ao lado do Santuário Basílica de Nossa Senhora das Dores existe um bosque, hoje totalmente diferente da imagem que tenho dele de quando criança. Era repleto de árvores,  Ficus benjamim, que não permitia a entrada da claridade, somente uma tênue luz. Aí nos fartávamos nas brincadeiras de esconde-esconde, de cabra-cega e para os meninos, bola de gude nas épocas chuvosas. Veio a construção da Quadra João Cornélio, que já fatiou um pouco o bosque, árvores tiveram que ser derrubadas e a claridade foi chegando. Na quadra, os torneios de futebol de salão com o time da Celca (Companhia de Eletricidade do Cariri) e do Renner, dirigido por Narcélio ficavam lotados, a torcida comparecia em massa, o vandalismo, a insegurança não faziam parte deste cenário de cidade pacata e ordeira. E os shows com os cantores, Jerry Adrianni, Renato e seus Blue Caps, The Clevers, Wanderley Cardoso, Wanderléa, o humorista Coronel Ludgero, arrebataram multidões. Os shows dos não menos famosos imitadores (hoje se chama cover) de nossa terrinha, José Carlos Pimentel (Agnaldo Temóteo) e Aguinaldo Carlos (Erasmo Carlos, o Tremendão), existia até fã clube deles. Ao lado da quadra um restaurante de propriedade do seu Chico Trela que vendia para a moçada somente refrigerantes, sanduíches, bolos, nada de bebidas, e ainda exigia dos seus fregueses o maior respeito nas imediações, não permitia a entrada de casal de namorados, dizia assim: “nada de namoro e de agarrado aqui dentro”. Depois o bosque virou praça e logo em seguida foi invadido de barracas, principalmente em épocas de romaria, mas agora passou a ser um espaço exclusivo da Basílica para oferecer lazer aos romeiros. Mas não lembra mais nada do Bosque de minha infância e de minha  juventude.

Fotos do Arquivo de Aguinaldo Carlos e Renato Casimiro/Daniel Walker

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