segunda-feira, 14 de novembro de 2011


A ROMARIA DA ESPERANÇA, 2011

Para atender aos diversos interesses de mais uma Romaria, esta conhecida como a da Esperança – a esperança na Ressurreição, a crença no Ressuscitado, pela celebração do dois de novêmbro, se fez necessário montar uma ampla estratégia que envolvesse todos os segmentos da comunidade. Cada um ao seu modo e olhar, governos, empresários, igreja, povo, tem muitas preocupações comuns e algumas em particular, sobre as quais suas ações são dirigidas. Uma destas preocupações gerais é o seu tamanho desta romaria tão importante, naquilo que mobiliza a entrada de tantos peregrinos na cidade. Evidentemente, quanto mais - melhor, muitos assim pensam. Em verdade, a cidade continua não preparada para qualquer número, pois qualitativamente seus serviços ainda estão muito a desejar. Mas, enfim, quantos foram, quantos já tinham sido, ou quantos virão na sua repetição? Os números são sempre pela ordem de grandeza, alguma coisa que se diz “ao redor de”. Houve tempo em que nas entradas da cidade, e basicamente 3 pontos: “portas” de Caririaçu, Crato e Barbalha, se montavam postos de contagem. Como tudo neste mundo, abandonou-se a prática, como se ela só interessasse naquele momento. Não perseverou a ideia de que nestas “portas” se dá as boas vindas, se acolhe, se apóia, se dá informações, em atos civilizados. Bem recentemente, uma das ideias do Centenário da cidade configurava diversos portais, nestes locais, aos quais de ajuntaria um outro nas proximidades do Aeroporto Regional. Infelizmente não vimos nada concretizado neste sentido. Ficou para um futuro, pois a ideia é pertinente e é bom, é útil que assim sejam construídos estes apoios. Aliás, numa crítica muito contundente, é bom que se propale que nós não temos nenhum interesse em saber nada de quem quer que seja. Desde o tempo do Pe. Cícero, Juazeiro é uma cidade aberta a todos, e por isto mesmo a tudo. Aqui entram dos homens de boa fé e piedosos, aos bandidos e marginais que vêm em busca destes incautos. E deles, quase nada sabemos ou perguntamos. A exceção meritória desta tarefa cabe à Pastoral da Romaria, que por dever de ofício, mas em gestos fraternos de grande valia, os recebe, convida e mantém diálogo importante sobre o sentido da romaria e suas presenças e auxilia em muitas de suas demandas, fazendo boa ligação com os diversos setores das paróquias e do município. A Sala do Romeiro, há muito anos funcionando junto a Paróquia de Nossa Senhora das Dores, sob a tutela das freiras – Cônegas de Santo Agostinho, acumulou em dezenas de anos uma série histórica importantíssima sobre estes números de romarias, em qualquer época do ano. Ela responde com conhecimento de causa e por suas estatísticas a partir de entrevista bem circunstanciada sobre esta dimensão física do grande contingente de nordestinos que aqui se encontram, sob a proteção do Padrinho e de sua Mãe das Dores. Nasceu com este serviço uma prática que emblematicamente e parte do encerramento da romaria, pelo menos as três maiores, com a divulgação do que foi informado por romeiros e fretantes que para cá se dirigiram no período da respectiva romaria. Cada ano mais, e disto dou testemunho por presença ou ouvir pelos meios de comunicação, o quanto isto serve de alento e entusiasmo o conhecimento destes números. Para enfocar mais de perto os números que importam ao conhecimento desta romaria, e deles retirar informações que sinalizem para alguma nova tendência ou manutenção e consolidação do que já vinha sendo observado, mister é que se façam algumas observações sobre certos condicionantes e fatores que influem decisivamente sobre esta atividade. Por exemplo, acentua-se e é cada vez mais surpreendente a “globalização” dos espaços sagrados e reservados ao itinerário romeiro, no seu critério pessoal de espacialidade, com respeito às ocupações de lócus tais como os Santuários Franciscano e Salesiano, bem como, em menor grau, uma certa dispersão por outras regiões da cidade. Isto impõe, necessariamente, uma redução da procura e da presença em torno da Sala dos Romeiros na Paróquia-Matriz. Recentemente, a providência correta da desobstrução das ruas, com retirada de mercado ambulante que em muito atrapalhava a circulação dos romeiros, permitiu uma maior amplitude de áreas, representando, visualmente, uma desconcentração nos roteiros que envolvem as cercanias da Basílica – Museu – Memorial - Socorro, especialmente. Uma resposta de acomodação às determinações do poder público já começa a ser experimentado na constatação de um certo mercado ambulante, itinerante pelos locais de romaria, circulante em veículos de fabricação caseira, para inovar e manter a oferta de serviços que foram impedidos pelas retiradas de barracas e pontos de vendas em calçadas e leito de rua. A romaria, por pessoa ou pequenos grupos restritos ao acordo com fretantes parece estar sendo reduzida com respeito à duração da permanência na cidade para seus compromissos de visitas, participação em atos litúrgicos, pagamentos de promessas, compras, e lazer. Com isto, um dos indicativos desta romaria que vinha sendo observado, com respeito à despedida a partir das 13-14 horas do dia 2, passou a ser antecipado para o dia anterior ou mesmo na manhã do dia de finados. Só a mais longo prazo isto poderá nos dizer mais claramente se afeta o contingente envolvido na romaria, como um todo. Na divulgação de dados preliminares sobre esta recente romaria, há poucos dias, vivi esta emoção, que me renova desde os tempos de Mons. Murilo, agora proferido pelo bispo D. Fernando. As irmãs, muito gentilmente me passaram estes números, restritos inicialmente às suas duas primeiras colunas (Estado de origem e número de romeiros) que me permitiram ir acrescentando mais alguns indicadores de conjuntura, baseado no censo de 2010, apenas como referência. Surgiu, então, a pequena tabela está aí abaixo:




Algumas conclusões preliminares:
1.      Por Estado, a representação cresce em importância na seguinte sequência: RJ, SP, MA, BA, CE, PB, RN, AL, PE e SE. Portanto, Sergipe foi o estado mais bem representado na Romaria da Esperança, 2011, embora tenha ficado, surpreendentemente, em segundo lugar pelo número de romeiros entrevistados ou cadastrado no banco de dados. Este critério de representatividade parece-nos, salvo melhor juízo, o mais correto, se aplicado para qualificar a origem dos romeiros;
2.      Desde os números mais absolutos (romeiros amostrados) até a representação, o Sudeste, tanto pela presença de cariocas, quanto de paulistas, e certamente de outros com insignificante participação numérica não indica nenhuma tendência a alteração do espírito da romaria que consagrou o evento como uma manifestação específica da religiosidade do homem nordestino;
3.      Alguns números foram arbitrados como estimativa do total de romeiros no período de 29.10 a 02.11.2011, sendo o de cerca de 300 mil, como número redondo, o mais convergente. A prevalecer esta estimativa, os dados do banco da Sala de Romeiros representou aproximadamente 5,62% do universo. Este valor requer melhor especificação, uma vez que em outros períodos pareceu ser a população amostral da ordem de até 20%. Para tal proposta, levava-se em conta a quantidade de veículos usados no transporte. Dentre as possíveis explicações para esta redução em curso, podemos anotar, algumas observações, em prováveis conexões: 1. Os padres não convidam muito os romeiros para ir na sala de informação como fazia Pe. Murilo; 2. Funcionários, na capela do encontro, fazem registros dos romeiros que entram na campanha "Romeiros da Mãe das Dores", outros no Horto, diversificando os cadastramentos. Provavelmente eles se julgam ter cumprido o “recenseamento”, embora pela Diocese, nenhum deles foi declarado “oficial”; 3. Durante atos litúrgicos na Basílica, muitas vezes, o locutor ou os padres não tomam mais tempo para ler os pedidos de benções que os fretantes deixam na sala quando vêm se cadastrar, e isto parece desestimular o romeiro;
4.      Seria desejável a formulação de um modelo e método estatístico adequados à quantificação do fenômeno, uma vez que esta ferramenta analítica seria de grande valia para orientar planejamentos nas diversas áreas de interesse (políticas públicas, serviços, comércio, indústria, etc).

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