quinta-feira, 3 de novembro de 2011

ÂNGELA DE FIGUEIREDO E ALBUQUERQUE MATTOS, DRA.
Angela de Figueiredo e Albuquerque Mattos é filha de Jefferson de Albuquerque e Sousa e Letícia de Figueiredo e Albuquerque. Nasceu em Crato, em 19 de abril de 1946. Ela éa neta de José Alves de Figueiredo, poeta e escritor, ex-prefeito do Crato, pai de J. de Figueiredo Filho, portanto Ângela é sobrinha de J.de Figueiredo Filho, irmão de sua mãe Letícia de Figueiredo e Albuquerque. São seus irmãos: Diana de Albuquerque Pierre, Eleonora de Albuquerque Batista, Jefferson de Albuquerque Júnior, Ronald de Figueiredo e Albuquerque, Maria Cristina de Figueiredo e Albuquerque e Antônio José de Figueiredo e Albuquerque. Ela viveu a sua juventude no Cariri, na família, residindo no Crato. O curso secundário foi cumprido entre Crato (Colégio Santa Teresa) e Fortaleza (Escola Normal Justiniano Serpa). Depois, sua família se transferiu para uma aprazível morada à margem da Av. Leão Sampaio, no local em que o seu pai, Jefferson Albuquerque batizou como CRAJUBAR. Ele fez os seus estudos superiores em Fortaleza, cursando a Faculdade de Serviço Social, da UFC. Angela casou com o engenheiro Paulo Lincoln Carneiro Leão Mattos. Ambos militaram no movimento estudantil em Fortaleza, e durante a ditadura foram acusados de fazerem parte do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR). Paulo e Angela ficaram presos de 24 de novembro a 17 de dezembro de 1970, quando foram barbaramente torturados. Após serem soltos, buscaram refúgio no Chile, em março de 1971. No Chile nasceu sua primeira filha, Daniela. Em 1974, foram para a Alemanha, onde nasceu seu filho Adriano Lincoln, na cidade de Colônia. Retornaram ao Brasil no fim de 1977. No Chile e na Alemanha, Ângela fez curso de especialização em Sociologia. Moraram em Recife (PE) até o falecimento de Ângela, em 24 de abril de 1980. Seu marido e os filhos retornaram a Fortaleza (CE) e Paulo Lincoln foi readmitido pela empresa estadual de energia elétrica (COELCE). Quando da conquista da Anistia Política, Paulo Lincoln e Angela (in memoriam) foram anistiados. No exílio, viveram por nove anos.
Para dizer um pouco mais sobre sua curta existência, transcrevemos o depoimento de Jefferson de Albuquerque Júnior (in Vida e Obra de Jefferson de Albuquerque e Sousa – Cavalheiro renascentista do Cariri, 2010): Quando adolescente, igual a qualquer outro, daqueles que as irmãs um pouco mais velhas, mas se sentindo adultas, achavam um garoto chato, tinha uma tarefa de ir à Praça Siqueira Campos acompanhar Ângela, irmã, um ano e sete meses mais velha que eu, já bem vaidosa e “ispilicute”, dando os primeiros flertes no rodear contínuo em volta da praça. O Cine Cassino funcionava à toda, e meu interesse na praça era o cinema, onde não perdia uma chanchada ou as novidades do Cinema Novo Brasileiro e os da Nouvelle Vague francês, ou os filmes italianos, os neo realistas e as comédias românticas sem perder também os de Sarita Montiel, Joselito e Marisol, entre um filme de cowboy e outro. Enquanto isso, minhas irmãs volteavam na praça. Os rapazes em pé, parados e as meninas a rodar... rodar... flertar. Ângela era uma delas. Quem diria que aquela jovem teria uma vida cheia de emoções e tão curta! Do Crato foi estudar em Fortaleza, fez Assistência Social, se engajou no movimento estudantil, conheceu o Paulo Lincoln, mas sabíamos que nunca mais conviveríamos tanto com ela. Fui morar em Salvador e ela em Fortaleza... Lutou contra a ditadura, casou, foi presa, torturada (física ou psicologicamente) e exilada no Chile de Allende. Especializou-se em Sociologia. Em 1973 a revi em Santiago, não mais como irmão alienado, como ela me achava nos tempos de secundarista, mas já também engajado na luta contra a ditadura militar, dentro do movimento estudantil, também já preso por esta participação e buscando o exílio, meio hippie. Até hoje me recordo de um passeio num grande parque de Santiago, onde conversamos muito sobre política e outros assuntos, como nunca havíamos conversado antes. Ela morava com Paulo, na Poblacion Calles de Macul. Estava grávida de Daniela. Em 1973 cai Allende e o casal já com a filhinha, parte para novo exílio, agora na Alemanha, na cidade de Colônia. Lá fazia traduções para a revista Scala entre outras atividades de estudos. Tudo parecia melhorar, nasce o Adriano Lincoln, daí a pouco vem a anistia e nossos pais realizam o sonho de ver a filha, o genro e os netos de volta ao Brasil. Nesta época eu morava em São Paulo. Angela, Paulo e as crianças vão morar em Recife. La participa da fundação do Centro de Estudos e Pesquisas Josué de Castro, com toda a empolgação e idealismo que lhe era peculiar. Em um negro dia sofre o que parecia ser um simples acidente de carro e uma semana depois desencarna. Venho de São Paulo para Recife num vôo noturno da Transbrasil, interrompendo as filmagens de “Eles não usam Black-tie”, do qual era cenógrafo. Sua partida prematura, aos 34 anos, deixou toda a família e amigos consternados. Seus ideais e exemplo permanecem para todos nós. Juazeiro do Norte a homenageou com o nome da rua que divide esse município com o de Barbalha. Rua Ângela de Albuquerque Mattos. O Crato esqueceu esta ilustre filha, uma das mais brilhantes, que teve em sua adolescência a Praça Siqueira Campos como cenário dos seus primeiros flertes.”
Homenageada pela Câmara Municipal de Juazeiro do Norte através da Lei nº 1173, de 29 de novembro de 1985, com a denominação de Rua Dra. Ângela de Albuquerque Mattos. Segundo Mário Bem, esta rua é “a primeira paralela Sul à Rua Luciano Torres de Melo, com início na Av. Dr. Leão Sampaio, sentido Leste/Oeste, atravessando os bairros Lagoa Seca e Jardim Gonzaga”. Veja as posições indicadas no mapa (Mário Bem) e através da imagem de satélite (Google Earth). 


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