quarta-feira, 26 de outubro de 2011



A MEMÓRIA DE SEU POVO

Noutro dia, alguém, de um grupo local no Facebook, indagava a respeito dos nossos tipos populares, a começar pelos conhecidos “doidos” (Tetê, João Remexe Buxo, Nena, Adélia, Doca, Amaral, tantos.) Em verdade, entende-se que esta preocupação não encerra nada preconceituoso, mas revela que, à distância, todos confessariam uma enorme empatia por esta gente. Reconheçamos, somos todos “doidos”, no enfrentamento cotidiano desta vida que se vive. E do esquecimento, então, nem se fala. Ao colecionar velhas fotos, terminei por inaugurar uma galeria com esta gente importantíssima da paisagem humana de nossa existência. Eles, estes personagens, por assim dizer, são parte da memória desta cidade. Os tipos populares são, muitas vezes, gente anônima. Poucos são os que lembrarão seus nomes. Mas eles existiram. Hoje, ao lembrar-lhes, cada um de nós, por pouco que tenha sido, não vai deixar de exibir um brilho nos olhos, um sorriso um tanto melancólico. E isto é saudade. Não há como não ter saudade. Desconfie de quem não tem saudade, por achar que fez de tudo ou viveu de tudo e com todos. Isto nunca existiu, pelo menos na face da terra. Ter saudade não é um sentimento menor, especialmente por esta gente. Por isso, nossas homenagens ao povo simples das ruas de Juazeiro do Norte, em todos os tempos.    

Encerro com a cena que captei recentemente na Rua São José, na minha vizinhança. É o Zuza, de cócoras, postado na frente do casarão de Angelo de Almeida. Zuza, irmão de Tetê, filho de Otília e do velho dono de bodega, Zuza Cafezeiro, hoje é o único da família. Aí ele está à frente de sua antiga casa, hoje destroçada. Depois da morte da sobrinha, Valdênia, ele é a testemunha solitária da vida da família que viveu nesta cidade, neste pequeno trecho de rua que tudo recolhia num fim de dia e era o abrigo certo das agruras de por último, ser um grupo excluído da vontade dos homens. Zuza vive aí, só, completamente abandonado à sua própria sorte. Até quando? 





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