sábado, 4 de março de 2023

Benigna : Jovem Mártir da Castidade - Texto de Dom Samuel Dantas de Araújo, OSB

 JOVEM MÁRTIR DA CASTIDADE

Em pleno século 20, época marcada pelo hedonismo, pelo materialismo decadente, pelo desrespeito a dimensão sacra do corpo e pela desenfreada licença dos costumes, uma jovem cearense, contando apenas 13 anos de idade, tenra flor que mal desabrochara no jardim da existência, foi brutalmente ceifada por um golpe fatal que lhe roubou a vida.

A causa? Para conservar intacta o belo e puro lírio de sua virgindade, pela qual tanto apreço tinha. A semelhança de santa Maria Goretti, a qual tornou-se conhecida em todo o mundo católico, por ter se tornado mártir da pureza, tendo perdido a vida para defendê-la, a jovem Benigna Cardoso da Silva – tal era o seu nome, nascida na cidade de Santana do Cariri, no extremo Sul do sertão cearense, no dia 15 de outubro de 1928 – já é considerada como modelo para a juventude atual. Efetivamente, o seu martírio cruento, sobretudo numa época tão profundamente dessacralizada como a nossa, impressiona e faz-nos pensar naqueles sagrados, imperecíveis e imorredouros  valores  que o divino mestre ensinou durante a sua vida em nosso meio.

Apesar de ter vivido num meio adverso, marcado pela pobreza, tendo ficado órfã de pais, ainda muito pequena – como todos os grandes santos – Benigna dava desde cedo sinais de uma alma de escol, escolhida e amada com predileção por Deus.

Confiando inteiramente na divina providência, sempre soube abandonar-se nas mãos daquele que conduz todas as coisas para um fim excelente, sem jamais ter desfalecido em sua fé profunda e sincera. Foi aluna exemplar, tendo se destacado por seu comportamento edificante e modesto. Era por natureza cativante, simpática e serena. Segundo testemunhos, era piedosíssima. Assemelhou-se ao grande santo de Assis no seu entranhado amor pela mãe natureza. A soma de tantos predicados com que Deus a distinguira não a poderiam deixar oculta visto que como disse o salvador uma luz deve necessariamente brilhar.

Benigna, que muito provavelmente ter-se-ia tornado religiosa caso tivesse vivido mais, suponho eu, começou a ser assediada por um jovem chamado Raul, o qual a queria como namorada. Firme em seu propósito, Benigna sempre recusou categoricamente as suas propostas.

Numa sexta feira, 24 de Outubro de 1941, tendo o puro lírio do céu ido pegar água numa cacimba nas proximidades da casa onde residia com suas tias de criação, o jovem, novo judas cheio de malignos intentos, com insinuações indecentes tentou violentá-la. Benigna disse um “Não” categórico e não cedeu. Foi assassinada com violentos golpes de fação e tombou qual cordeiro inocente e imaculado em defesa de sua virgindade, banhada com seu casto sangue virginal.

O padre Neri Feitosa relata que 50 anos depois o assassino, regenerado espiritualmente, voltou ao local do crime hediondo para “chorar, elevar preces e pedir perdão a Benigna. Nesse retorno comovente, relatou sua mudança de vida e conversão ao Cristianismo, graças, segundo ele, a intercessão daquela que ele próprio matara.

Consta que após a morte da jovem mártir, começou espontaneamente diversas manifestações de veneração popular a sua pessoa, que vêm crescendo nos últimos anos. Tal fato chamou a atenção do Bispo da Diocese do Crato, Dom Fernando Panico, o qual já nomeou uma comissão paroquial para colher relatos de graças e favores especiais obtidos por intercessão da jovem Benigna, além de uma outra para escrever uma biografia completa da jovem cearense, forte candidata a canonização, em virtude das circunstâncias especialíssimas em que ocorreu a sua gloriosa morte.

Já existem testemunhos escritos de graças alcançadas. A fama de santidade da “santinha cearense”, corre mundo afora, do que dá eloquente testemunho os comoventes relatos de admiradores de outros países.

Quanta felicidade para nós católicos saber que Deus continua suscitando em sua Igreja, apesar das nossas múltiplas falhas e imperfeições, admiráveis exemplos de sólida virtude como o de Benigna que, à semelhança de outro santo jovem, São Domingos Sávio, que partiu para o céu com apenas 15 anos, discípulo dileto de São João Bosco, preferiu morrer para não pecar.

Colaborador : Dom Samuel Dantas de Araújo, OSB

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