terça-feira, 27 de março de 2018

José Matias Junior recebe homenagem da AFAJ im memoriam

Em solenidade realizada em Fortaleza, no dia 24 de março passado, a AFAJ-Associação dos Filhos e Afilhados de Juazeiro do Norte homenageou o professor o empresário José Matias Junior coma a outorga im memoriam da comenda Memórias de Juazeiro, a qual foi outorgada também à professora Maria Zuíla e Silva Morais e o professor José Nery Rocha.. Abaixo transcrevemos o discurso de saudação proferido no evento.

JOSÉ MATIAS JÚNIOR
José Matias Júnior nasceu no dia 08 de novembro de 1924, na cidade de Brejo Santo (CE). Era filho do Sr. Manoel Matias e da Sra. Antônia Feijó de Medeiros. Dotado de forte dom comercial, herdado do pai, iniciou suas atividades profissionais aos 13 anos de idade, apenas.
Uniu-se pelos laços matrimoniais, aos 06 dias do mês de outubro de 1946, a Maria Donina de Lucena, constituindo a prole de 08 filhos: Maria do Socorro, Francisca Ione, Maria Simone, Manoel Elmano, Maria de Fátima, Maria do Carmo, Maria Auxiliadora e Maria Aparecida, perfazendo uma árvore genealógica substancial e admirável, totalizando 23 netos e 18 bisnetos. 
Ao fluir de sua visão progressista de empreendedor nato, tornou-se proprietário de um comércio de miudezas, uma sapataria e uma fábrica de bebidas (Guaraná Shopinho), produto distribuído regionalmente. Todavia, Brejo Santo, berço da família, à época ainda era pequena para expansão de seus negócios, embora estes se desenvolvessem com notável avanço.
Porém, os filhos cresciam e ele sentiu a necessidade de procurar um meio mais desenvolvido para educá-los e com perspectiva de sucesso em suas atividades comerciais. Assim é que, observando as condições das localidades da Região para saber onde teria melhores oportunidades para a realização de suas reais pretensões, optou por Juazeiro do Norte (CE), que contava com bons colégios para moças e rapazes e já começava a dar sinais de breve prosperidade... Um homem inteligente sabe fazer prospecções... E a história de terra de Padre Cícero, com romarias crescentes e muitas oficinas, destacando-se as ourivesarias, várias lojas de tecidos, um artesanato em vias de aperfeiçoamento, literatura de cordel e outros empreendimentos menos lucrativas, mas variados, em marcha, lhe pareceu ideal. Um mercado público apinhado de armarinhos, e comerciantes do mercado começando a estabelecer-se no quarteirão progresso da Cidade, não lhe deixaram dúvidas quanto à escolha que estava por fazer.
Por tantos motivos alvissareiros, seu Dedé, como era conhecido, mudou-se com a família, para a nossa Cidade, já com um filho e quatro filhas, tendo as três mais novas nascido em Juazeiro. Isso ocorreu no ano de 1955. 
Primeiro, o Sr. José Matias se estabeleceu na Rua de São Pedro, esquina com a da Conceição, com uma loja de porte: Casa das Máquinas, bem sortida de máquinas de costura da marca Merck Suisse, aberta até nas manhãs de domingos para expor os produtos de qualidade e tornar conhecido da população o novo comerciante recém-chegado. Estratégia de quem tem tino comercial...
Em 1969, ampliou os negócios, passando a atuar também no ramo de confecções, instalando-se, dessa vez, na Rua de Santa Luzia, com a Distribuidora Paulista. Continuou prosperando e precisou de um prédio maior para a sua Distribuidora. Tempos atrás, havia funcionado uma grande loja, Armazém Rio São Paulo, de um senhor muito conhecido em Juazeiro, chamado José Raimundo, então residente em São Paulo. Seu Dedé foi atrás do dono do citado prédio, na Capital Bandeirante, que pediu uma fortuna pelo ponto. Mas, com ousadia e coragem, ele acabou convencendo o proprietário a aceitar sua proposta e, embora com sacrifício, nosso homenageado conseguiu fechar e honrar o negócio. Foi então que, em sociedade com o filho Elmano, abriu uma casa vistosa e bastante sortida, onde tiveram ainda melhores oportunidades de negócios. Ao mesmo tempo, instala uma casa de miudezas na Rua Alencar Peixoto, antiga Rua São João, em sociedade com seu irmão Antônio Feijó.
Incansável empreendedor, participou também do surto industrializante do Cariri, programado por Moris Azimov, da Aliança para o Progresso, como fundador da Eletromáquinas. Conquistou rapidamente o respeito e a admiração da sociedade juazeirense, o que lhe deu ensejo de ser sócio fundador do Rotary Club local, do qual foi também presidente. Membro da Associação Comercial de Juazeiro do Norte, pertenceu ao quadro social do Clube de Diretores Lojistas, figurando entre os seus sócios-fundadores; membro cooperador da campanha pela fundação da CELCA (Companhia de Eletricidade do Cariri, sucedida pela COELCE (Companhia de Eletrificação do Ceará, hoje ANEL; membro fundador da COTEJUNO (Companhia Telefônica de Juazeiro do Norte, sucedida pela TELECEARÁ; sócio proprietário do Clube dos Doze, do qual foi presidente; membro do Sindicato do Comércio Atacadista de Juazeiro do Norte, o qual também teve a honra de presidir; Juiz Classista Substituto, representando as classes sindical e patronal do comércio de atacadistas de Juazeiro do Norte, perante a Junta de Conciliação e Julgamento, sediada em Crato (CE), órgão da Justiça do Trabalho, de 1979 a 1997, consagrando-se um brilhante conciliador em sua trajetória judiciária.
Na vida política, foi um dos fundadores do antigo MDB (Movimento Democrático Brasileiro), tendo concorrido à eleição de Prefeito Municipal de Juazeiro do Norte em 1964, na intenção de manter a integridade partidária, ameaçada pelos acordos do partido dominante, a malfadada ARENA. Foi eleito vereador à Câmara Municipal , na legislatura de 1973 a 1977, demonstrando zelo pela coisa pública e encetando ações voltadas para o bem-estar social.
Ressaltando a relevante posição galgada por Dedé Matias em Juazeiro do Norte, registre-se que ele fez jus ao título de cidadão juazeirense, como ficou concretamente demonstrado, o tendo recebido, talvez tardiamente, por iniciativa do vereador e poeta Pedro Bandeira de Caldas, propositor da mais que merecida honraria.
Em se tratando da vida familiar do casal, constatamos que, com muito amor, dedicação é carinho, o par perfeito que foi seu Dedé e D. Maria, proporcionou a sua prole um futuro feliz e promissor, motivo por que todos eles lhes dedicam também um imenso amor e uma incomensurável e eterna saudade; mas, firmes no propósito de dar continuidade às realizações desse bravo lutador, seus filhos, netos e bisnetos hão de honrar a tradição de uma grande família sem jaça.
Em razão do exposto, a Associação dos Filhos e Afilhados de Juazeiro do Norte (AFAJ) sente-se honrada em homenagear com a medalha “Memórias de Juazeiro”, o cidadão digno e probo que se chamou José Matias Júnior, um exemplo de homem de brio e empreendedor, que lutou desinteressadamente pelo progresso da bendita Cidade de Juazeiro do Norte.
Fortaleza (CE), 24 de março de 2018, dia em que se comemoram os 174 anos do nascimento de nosso Patrono, o Padre Cícero Romão Batista.   


 

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