terça-feira, 8 de março de 2016

Juazeiro relembra 90 Anos da morte de Dr. Floro Bartholomeu da Costa

O calendário da história política de Juazeiro assinala neste dia 8 de março de 2016 a passagem dos 90 anos da morte do deputado federal Dr. Floro Bartholomeu da Costa, ocorrida no Rio de Janeiro. Floro estava em Campos Sales no comando do Batalhão Patriótico para dar combate à Coluna Prestes que ameaçava entrar no Ceará por lá, quando se sentiu mal como decorrência de uma sífilis crônica, adquirida na Bahia quando ainda era acadêmico de medicina. Chamado a pressa, seu médico Dr. Paracampos veio de Fortaleza para socorrer o paciente e amigo. Aconselhado a procurar um centro médico mais avançado, Floro optou pelo Rio de Janeiro e para lá seguiu sem perda de tempo. De Juazeiro foi de automóvel até Missão Velha onde pegou o trem para Fortaleza. No dia 18 de fevereiro de 1926 subiu a bordo do vapor Itassucê, um dos melhores da época, em direção à capital federal. 
Floro deixou Juazeiro sem poder receber Lampião, o homem que convidou para ingressar no batalhão Patriótico, como capitão, e assim dar combate à Coluna Prestes. 
No dia 2 de março de 1926, já hospitalizado, Floro foi agraciado com o título  de General Honorário do Exército Brasileiro, outorgado pelo presidente Arthur Bernardes, em agradecimento ao seu desempenho como comandante do Batalhão Patriótico. No dia 9, ao som dos disparos para o ar de 21 tiros executados por soldados do exército, o caixão mortuário com o corpo do destemido político, grande amigo e defensor do Padre Cícero e do Juazeiro, ornado com uma grande e bonita coroa de flores com uma fita onde se lia “Ao Dr. Floro Bartholomeu, do presidente da República”, desceu à tumba no Cemitério São João Batista.
Pela legislação da época, com a morte de Floro sua vaga de deputado federal só poderia ser preenchida com a realização de uma nova eleição. Um grande número de pretendentes bateu à porta Padre Cícero na esperança de obter seu apoio. Mas ele mesmo resolveu se candidatar à vaga. Como exigia a lei, Padre Cícero se afastou do cargo de prefeito de Juazeiro e passou a faixa para o presidente da Câmara Municipal, José Eleutério de Figueiredo (mais conhecido como Zé Xandu), pois na época ainda não havia o cargo de vice-prefeito. 

IMPORTÂNCIA DE FLORO
Floro Bartholomeu da Costa foi uma das mais expressivas figuras  da política brasileira da sua época. Começou sua carreira política em Juazeiro. Foi um dos grandes baluartes na luta pela emancipação política do povoado de Juazeiro do jugo cratense, fato que lhe deu projeção a ponto de se tornar membro do primeiro conselho municipal juazeirense. Depois se projetou como deputado estadual (duas legislaturas, 1915/1916 e 1917/1920);  em seguida como deputado federal, também em duas legislaturas, 1921/1924 e 1925/1926. Foi presidente da Assembleia Legislativa do Ceará e durante o período da Revolução de 1914, quando Juazeiro se rebelou contra o governo do Coronel Franco Rabelo, presidente eleito do Ceará, ele foi proclamado pelos deputados rebeldes Presidente do Ceará, com a sede do governo extraordinário localizada em Juazeiro. 
Embora nunca tenha sido eleito prefeito de Juazeiro, atuou como tal durante o mandato do Padre Cícero, resolvendo sob o olhar passivo do prefeito oficial as funções administrativas do município. Houve época em que Dr. Floro foi tudo em Juazeiro: prefeito, delegado e juiz. A seu bel prazer e acima da lei, ele mandava prender ladrões e assassinos, os julgava e os condenava, muitas vezes aplicando aos criminosos a pena de morte, a qual se concretizava num local sinistro entre Juazeiro e Crato, que teve a famigerada denominação de “Rodagem”. Agindo dessa forma, Floro terminou comprometendo o Padre Cícero, pois seus inimigos apregoavam que o padre avalizava tudo o que Floro fazia. 
Ele é depois  do Padre Cícero e da beata Maria de Araújo a personalidade mais expressiva da história deste município. Embora tenha sido ao longo de sua vida uma figura polêmica, amada e odiada, Juazeiro e o Padre Cícero lhe devem muito. 
Para conhecer um pouco mais sobre a vida de Dr. Floro recomendamos a leitura do texto de Fernando Nóbrega o qual pode ser clicando no link abaixo:

ICONOGRAFIA
Floro e seu amigo Padre Cícero
Floro (de jaqueta preta) numa trincheira durante a Revolução de 1914

Flagrantes do sepultamento de Dr. Floro no Rio de Janeiro
Foto 1. Velório na Câmara dos Deputados
Foto 2. O cortejo fúnebre foi iniciado, em elegante veículo da funerária, a partir do velório que aconteceu no edifício da Câmara dos Deputados, da então capital federal.

Foto 3: Ao chegar ao Cemitério São João Batista, no bairro de Botafogo, o caixão de Floro Bartholomeu foi transferido para um carrinho do Cemitério e iniciou a sua caminhada para o túmulo, conduzido por amigos e familiares.



Foto 4. Junto à sepultura, o padre pronuncia as orações de encomendação do corpo do pranteado, momentos antes do fechamento do jazigo.

Foto 5: Após o enterro, junto ao jazigo fechado, ainda se observa a presença de alguns amigos que foram tributar-lhe as últimas homenagens.

 
Foto 6: Algum tempo após o sepultamento, o seu túmulo foi finalizado com um monumento, encimado com seu busto e uma placa em sua homenagem, com a citação da honraria concedida dias antes do falecimento: “General Honorário do Exército Brasileiro”










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