sábado, 8 de junho de 2013

A volta dos verdes canaviais - Paulo Leonardo Celestino

Nos anos 80 e 90, quando eu era estudante dos antigos 1° e 2° graus, sempre ouvia atentamente meus professores de História e Geografia afirmarem que a cultura canavieira representava um dos símbolos do atraso da economia brasileira.
Naquele tempo, convivíamos com a hiperinflação e os sucessivos fracassos dos vários planos econômicos. O cultivo da cana-de-açúcar, introduzido desde a época da colonização, e com pouquíssima tecnologia, denunciava um país decadente e ultrapassado em relação às nações desenvolvidas e industrializadas.
Contudo, com o advento do Plano Real, começa a reviravolta da economia brasileira. Com a inflação controlada, o país inicia uma verdadeira revolução no campo. Dono de uma imensa área cultivável, o Brasil fomentou a sua vocação natural com a aplicação de novas tecnologias e se transformou num dos maiores produtores agrícolas do mundo. É a agricultura, inclusive, que vem sustentando nosso crescimento econômico diante de várias crises internacionais.
Neste contexto, a cana-de-açúcar vem exercendo crescente papel de destaque, principalmente pela produção de etanol, o qual vai conquistando o mundo como alternativa energética barata e não-poluente. Para se ter uma ideia, segundo dados do Ministério da Agricultura, a cana ocupará o segundo lugar no rol dos produtos agrícolas mais exportados neste ano de 2013. Ou seja, o antigo patinho feio agora é “vedete” internacional.
E o nosso Cariri, com grande parte de sua história e cultura relacionada com a produção canavieira, terá a oportunidade de tentar recuperar o tempo perdido, desde o fechamento da Usina Manoel Costa Filho. Pela sua aquisição junto ao governo estadual, a famosa usina de Barbalha voltará a funcionar. Esta retomada certamente ganhará forças com a chegada da Universidade Federal do Cariri, a qual terá como foco o desenvolvimento das potencialidades da nossa região. Também com a finalização da Ferrovia Transnordestina, nossa produção escoará facilmente para os portos de Pecém e Suape.
Com a união do saber e da tradição, nossos verdes canaviais marcarão definitivamente seu lugar na produção agrícola do Brasil.

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