segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

TEATRO SOBRE PADRE CÍCERO E JUAZEIRO - Por Renato Casimiro

Sobre Padre Cícero, beatos, Juazeiro, misticismo no Nordeste, etc, há várias peças teatrais já encenadas, algumas com grande êxito. Dentre estas podemos citar: Oswald Barroso - Corpo místico; Walden Luiz – O padre e o podre; Francisco Feitosa Chaves - Cícero, o levita do sertão; Renato Dantas - A chegada de Padre Cícero no Céu; Dias Gomes - A Revolução dos beatos; Marciano Lopes - Hóstia de sangue; Maria José Sales - Padre Cícero: Filho do Crato, Pai do Juazeiro; Maria José Sales - Auto do Caldeirão - Dos Cavalheiros da Santa Cruz do Deserto e do Beato José Lourenço; Manoel Anchieta Nery & Ronaldo de Salles Sena – Romaria e Rachel de Queiroz - A Beata Maria do Egito. Uma das primeiras, até já editada em livro, é O Chão dos Penitentes, de Francisco Pereira da Silva.
Em 1965, o Teatro Jovem, Rio de Janeiro, estreou este ambicioso texto sobre a saga do Padre Cícero, no Ceará, e a luta dos camponeses da região de Juazeiro e Crato pela terra, que culmina com o massacre do Caldeirão, na serra do Araripe. Chão dos Penitentes é a primeira peça brasileira encenada que se propõe a interpretar cenicamente um fenômeno histórico-social através de meios formais inspirados no teatro épico moderno. O autor opta pelo despojamento e pela rígida economia de meios para solicitar do espectador sua participação intelectual e não emocional. Segundo o crítico Yan Michalski, analisando aquela montagem, “a maior qualidade do texto é sua "linguagem densa, simples, enérgica e esclarecedora, de uma força dramática raramente encontrada na nossa literatura". Por outro lado, a excessiva fragmentação da peça, em que predominam cenas curtas e de ação dispersa, dificulta o encadeamento narrativo, impede que o texto se concretize em uma unidade temática e que, portanto, a pretendida função crítica seja alcançada. A direção de Kleber Santos escolhe apenas algumas cenas para construir plasticamente, e se, por um lado, consegue unidade estilística por meio da neutralidade e da secura, por outro, unifica as interpretações na composição caricata.” Ainda segundo Michalski, esta linha "transforma o Padre num pobre coitado, por vezes quase um débil mental, sem o menor magnetismo pessoal, sem a menor inspiração mística". A música ao vivo, executada e cantada pelos atores, ambienta o espetáculo no Nordeste popular e lança mão da projeção de slides com documentos de época para dar a dimensão de realidade histórica.
O Chão dos Penitentes foi levada à cena, pelo Teatro Jovem, em 6 de julho de 1965, com o seguinte elenco: Pe. Cícero - Oswaldo Louzada; Zé Teles - Hélio Ary; Floro - Paulo Padilha; Beata Mocinha - Vanda Lacerda; Lourenço - José Damasceno; Beata Maria de Araújo - Maria Gladys; Beata Marocas - Leila Jorge; Beata Hermínia - Thelma Reston; Beata Gondim - Maria Teresa Barroso; Beata Joana Imaginária - Dinorah Brillante; Beata Jael Wanderlei - Déa Peçanha; Beato Palmeira - Henrique de Amoedo; Beato Vicente - Edson Guimarães; Beato Ricardo - Luiz Espíndola; Beato da Cruz - Humberto José; Beatinho da Mãe de Deus - Otoniel Serra; Pe. G/icério - Edson Guimarães; Dr. Marcos - José Wilker; Dr. Irineu - Hélio Sarda; lº Comerciante - Henrique de Amoedo; 2º Comerciante - Humberto José; 3º Comerciante - Otoniel Serra; Vaqueiro - Jorge Dias; Cantador - Gerson Lemos; Romeiros - Luiz Espíndola, Otoniel Serra, José Wilker, Jorge Dias, Henrique de Amoedo e Edson Guimarães; Menino - Jorge Dias; Tenente - Edson Guimarães; Cabo - Jorge Dias; 1º Homem - José Wilker; 2º Homem - Humberto José; Penitentes, Romeiros e Jagunços - Ivan de Souza, Conceição Maria, Hélio Sardá, José Wilker, Dinorah Brillanti, Otoniel Serra, Jorge Dias, Henrique de Amoe¬do. Humberto José, Edson Guimarães, Luiz Espíndola; Direção de Kleber Santos - Cenários e fíguri¬nos de Anísio Medeiros - Música de Aloísio Alencar Pinto.

O Chão dos Penitentes, 1965. Acervo Cedoc / FUNARTE. Registro fotográfico de autoria desconhecida. Montagem: Teatro Jovem. Em cena, entre outros atores, Othoniel Serra, Oswaldo Louzada, José Damasceno, José Wilker, Dinorah Brillante, Luis Espíndola e Esther Mellinger.
Capa da edição do texto de O Chão dos Penitentes, editado em 1975 pela Editora Agir, Rio de Janeiro.

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