sábado, 22 de janeiro de 2011

Carlos Alberto, juazeirense radicado em Fortaleza, comenta sobre a favelização do Horto, objeto de matéria publicada na edição anterior deste blog:
Bairro do Horto: favelização iminente II
Na edição de 11 de dezembro de 2010, foi postado no blog do Juaonline um comentário a respeito do processo de favelização pelo qual está passando o bairro do Horto. Na ocasião, Daniel Walker fez também um alerta sobre a possibilidade iminente de haver problemas de desmoronamento de casas devido a fortes chuvas, a exemplo do que já havia ocorrido no começo do mesmo ano em regiões de risco do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais.
Após a leitura daquele texto, confesso que fiquei preocupado de imediato foi com o processo de favelização da área, devido o crescimento desordenado e sem nenhum critério de construção das moradias que estão sendo ali implantadas. Para mim, na ocasião, o problema maior era a possibilidade de surgirem naquele local os velhos e conhecidos problemas das favelas do Rio de Janeiro, como tráfico de drogas, execuções, tiroteios, roubos e prostituição. Além do mais, a paisagem da serra do Horto ficaria com um aspecto horrível, muito feio mesmo, lembrando aquelas imagens das favelas da Rocinha e Cidade de Deus e que estamos acostumados a ver na televisão. Até mesmo a bela visão que temos da estátua do Padre Cícero seria ofuscada pela paisagem deprimente das fachadas de alvenaria inacabadas dos casebres. Com o tempo, o próprio acesso à nossa maior atração turística passaria a ser através de um local perigoso, como normalmente é uma favela.
Agora, diante das recentes notícias da tragédia do Rio de Janeiro, minha preocupação maior passou a ser o perigo de desmoronamento durante o período de uma chuva torrencial a exemplo do que ocorreu na região serrana de Petrópolis, Terezópolis e Nova Friburgo. Se naquela região existem os problemas de terrenos argilosos, encostas íngremes e movimentações de terra para construção de grandes residências, o terreno da serra do Horto é arenoso, pouco consistente e toda a área está sofrendo um processo visível e acentuado de desertização.
As fachadas das casas que estão sendo construídas, algumas com mais de um pavimento e sem uma fundação adequada, juntas uma a outra e sem nenhum critério, funcionam com mini barragens e não suportarão a pressão do volume de água durante uma forte chuva. Por sua vez, as ruelas pavimentadas e tortuosas formarão um corredor de águas que irão ganhando velocidade à medida que for descendo as ladeiras.
Para evitar uma tragédia dessa natureza em um futuro próximo, várias medidas urgentes e preventivas tem que ser adotadas pelos órgão competentes. Não é preciso ser um especialista no assunto para conhecê-las. Elas são as mesmas ações que são citadas nos jornais e televisões como solução para os problemas do Rio de Janeiro. No nosso caso, as mais urgentes são: impedir de imediato qualquer nova construção na área; vistoriar as casas recém construídas fora do perímetro da antiga rua do Horto e demolir as que apresentam maior risco; construir muros de arrimo em locais que apresentam risco imediato de desmoronamento; construir canaletas que direcionem as águas correntes para lugar seguro.
O povo de Juazeiro tem que se conscientizar da gravidade do problema e tentar sensibilizar as autoridades competentes, para que as mesmas implantem as medidas necessárias. Isto pode ser feito através de manifestações em todos os meios de comunicação possíveis, como jornal, rádio e televisão.
Ainda há tempo de se evitar uma tragédia, ou, no mínimo, de termos que no futuro admitir que a estátua do Padre Cícero está localizada “no alto da favela do Horto”.
***
- E Alexandre Julio Gondim de Sousa, também juazeirense e radicado em Fortaleza,
agradece pelo envio do calendário histórico de Juazeiro e aproveitando o ensejo entra no túnel do tempo e faz uma viagem pelo Juazeiro do seu tempo de infância e adolescência, narrando o seguinte:
Bastante satisfeito com o presente e a lembrança do amigo e conterrâneo, deixado com minha Mãe, diga-se de passagem belo calendário, aproveito para declarar-me fã, e leitor do Blog do Jua online (pena que não exista mais o Jua online, pois aos domingos era a minha primeira ocupação da manhã) tão bem dirigido por você e a participação do Renato Casimiro.
Juazeiro completando 100 Anos, quantas lembranças vêm a minha memória. Nasci à Rua Padre Cícero numero 330 (vizinho a Farmácia dos Pobres e ao sobrado do Sr. Propércio, onde na mesma casa meu pai mantinha seu consultório odontológico. Aos seis anos de idade mais ou menos, nos mudamos para a Av. Leandro Bezerra (no Salgadinho onde tínhamos amigos comuns, pois desde criança o conheço e conhecia seus pais e seus irmãos), ao lado da Igreja de São Vicente, casarão de esquina onde aos fundos como vizinho, funcionava os transmissores da Rádio Iracema, e em frente o Clube do Treze. No São Vicente fizemos as aulas de Catecismo com a Professora Olindina, jogávamos bola no campinho ali improvisado, muitas vezes sem a aprovação dos Maias que ali moravam, e guardavam a igreja. No Treze, acordávamos cedo nos dias posteriores às festas para recolher carteiras de cigarros vazias as mais raras, para nossa coleção, outras para pagamento no jogo de castanhas, onde também jogávamos bola em uma quadra pequena junto ao prédio do Gupo Escolar Padre Cícero, havia também em frente ao Treze, um terreno murado, alto e cimentado onde pulávamos pra jogar bola, com um olho na bola e outro no Cabo Dida (Dídio), no Posto de Tracoma íamos mesmo sem estar doentes solicitar uma pomada amarela e pegajosa que era colocada nos olhos. A Pracinha, que saudade, havia o campo de futebol, o coreto, e foi aonde pela primeira vez vi um circo. Ao lado da Pracinha também existia um terreno baldio (acho que onde foi construída a casa de Santos de D. Helena) onde jogávamos futebol quando o campo maior estava ocupado ou não tínhamos gente suficiente para montar os times. Depois veio a Praça do Cinquentenário e o TG 10.005 onde servi em 1970. Depois em 1964 nós nos mudamos para a Rua São José onde hoje mora minha Mãe.
Pois bem, quanta saudade. Já vi em outras ocasiões fotos nossas do Barrulhentos em seu Jornal. Obrigado....Juazeiro a 100 e eu vou a 60.

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