sábado, 17 de outubro de 2020

Registro de Juazeiro sem memória - ATO CULTURAL RELIGIOSO EM DESAGRAVO À MEMÓRIA DA SANTA BEATA MARIA DE ARAÚJO



                Imagem da Santa Beata Maria de Araújo 



 
"Sobre a Beata Maria de Araújo, me veio à memória o seu busto que foi colocado próximo ao Grupo Escolar Padre Cícero e quando foram construir a Praça José Sarney, foi retirado. E no nosso baú, meu e de Daniel Walker, encontrei a foto."  Tereza Neuma M.Marques


acervo Tereza Neuma e Daniel Walker



A HÓSTIA SE TRANSFORMOU EM SANGUE E O TEMPO DO SILÊNCIO ACABOU

A imagem da Santa Beata Maria de Araújo do Juazeiro do Norte, será comercializada a preço de custo no dia 22/10/2020 as 17h na a igreja do Socorro. Em ato cultural religioso, que marca os 90 anos da violação do túmulo da Beata Maria de Araújo.
A iniciativa é do artista Carlos Gomide que encomendou a pintura aos artista Francisco dos Santos.

Estamos apoiando e divulgando essa iniciativa em memória da Beata Maria de Araújo, que merece ser reconhecida como religiosa que dedicou sua vida a fé cristã, foi tão íntima de Cristo transcendeu e apresentou em seu corpo os estigmas do crucificado e levitou no êxtase da fé; como mulher juazeirense que protagonizou o mais importante fenômeno do seu tempo, as transformação da hóstia em sangue, como mulher afro índia, que enfrentou todos os preconceitos e perseguições do seu tempo e é símbolo da consciência negra e indígena;

As autoridades da igreja católica do final do século XIX não aceitaram o milagre da hóstia. E fizeram um conjunto de ações com o objetivo de apagar a memória da Beata Maria de Araújo e a devoção popular, o catolicismo miscigenado que surgiu no Juazeiro, oriundo da identificação dos sertanejos, negros, índios, caboclos e brancos pobres que chegaram nas romarias.

A igreja começou proibindo falar do milagre, classificou o fato como embuste. Proibiu o Padre Cícero de atuar como padre, enclausurou a Beata, prendeu a beata sob severa vigília clerical. Impôs o silêncio através do medo da excomunhão, era proibido falar do milagre. O padre Cícero em obediência a igreja resolveu silenciar e pediu que os devotos e devotas também silenciassem. O medo de ser excomungado pela igreja provocou um silêncio velado na devoção popular ao milagre a a Beata Maria de Araújo.

As devotas e devotos da Beata Maria de Araújo veneraram em silêncio por mais de cem anos, mas agora o tempo do silêncio acabou.

Com a morte da Beata Maria de Araújo em 1914, seu corpo foi sepultado na capela do Socorro. Mesmo assim a igreja continuou a perseguição a memória da beata. Seu túmulo era um local de visitas dos romeiros e romeiras que visitavam o Juazeiro cotidianamente para ouvir os conselhos e orientações do Padre Cícero. O padre Cícero não atuava como padre, mas exercia a função de padrinho conselheiro de milhares de nordestinos que vinham pedir solução para os mais variados problemas sociais daquele tempo, a fome, a orfandade, a violência, o emprego, o empreendedorismo, a educação e a religião. Tudo o padre Cícero apresentava solução. 

A igreja do Socorro ainda não era benta pelo bispo, então em 22 de outubro de 1930 o vigário do Juazeiro, Monsenhor José Alves de Lima resolveu destruir o túmulo da Beata Maria de Araújo. Seu objetivo era deixar a capela pronta para o bispo Dom Quintino benzer. Mas não se sabe até os dias atuais, quem deu autorização a esse vigário para derrubar o túmulo ou se foi uma insensatez autoral. O fato é que também não sabemos onde estão seus restos mortais, e os devotos e devotas da atualidades, reivindicam um posicionamento da igreja em devolver seu corpo e reconstruir túmulo dentro da igreja, em desagravo a memória da Beata Maria de Araújo.

Cada ato que os devotos e devotas realizam, significa que o tempo do silencio acabou. Sempre os mais velhos e a tradição oral contam que depois que o padre Cícero pediu aos romeiros que não falassem mais no milagre; o mesmo disse que em um futuro não muito distante chegaria o dia de celebrar e falar abertamente. Esse tempo chegou.
É importante saber que mesmo com todo esse silencio imposto severamente pela igreja no seu tempo, os devotos e devotas em obediência silenciaram, quiçá com medo da excomunhão silenciaram. Mas, foi no silêncio que se fez a devoção em Juazeiro do Norte, a Beata Maria de Araújo nunca foi esquecida. O milagre sempre foi e permanece vivo. JOSÈ ANDRÈ DE ANDRADE

CONVITE : 


ATO CULTURAL RELIGIOSO EM DESAGRAVO À MEMÓRIA DA SANTA BEATA MARIA DE ARAÚJO
DIA 22/10/2020
As 17h na Igreja do Socorro - Terço e comercialização a preço popular da imagem.
Juazeiro do Norte-CE 


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