sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Papa Francisco reconhece o Padre Cícero e valoriza a Nação Romeira

José Carlos dos Santos
Professor de Filosofia da URCA/IFCE
Comissão de Pastoral de Romaria

É Tempo de um novo advento! Tempo de Misericórdia! Neste momento histórico, o Papa Francisco surpreende a todos e envia uma mensagem de reconhecimento Pastoral e Religioso ao Padre Cícero Romão Batista. Ao mesmo tempo, inspirado pela força do espirito de Deus, faz uma convocação a Igreja a uma atitude de reconciliação com os Afilhados do Padre Cícero, os Romeiros da Mãe de Deus.
Para o povo de Juazeiro e a nação romeira, talvez seja o maior gesto de amor neste ano da misericórdia. Esse documento tem um imenso valor simbólico e faz o reconhecimento das virtudes humanas, cristãs e sacerdotais do santo popular nordestino: o Padre Cícero. 
Neste sentido, abandona-se a concepção de uma ideia de “reabilitação canônica eclesial” e se constitui essencialmente numa reconciliação histórica da figura do Padre Cícero. O Papa Francisco está reconhecendo o Padre Cícero como modelo de sacerdote, que por meio de sua vida apostólica, transformou-se no seguidor e discípulo de Cristo e sua vida é testemunha da pregação e vivência do evangelho. Olhando para a história de vida do Padre Cícero encontraremos sinais concretos de entrega, doação e serviço aos outros. Ele acolhia a todos que chegavam na sua casa. Um homem nas circunstâncias do seu tempo, estava preocupado com a situação do seu povo que vivia o flagelo da seca. Diante das doenças graves da sua gente, revela um gesto de amor. 
No esforço de compreender a mensagem do Papa Francisco, encontramos respostas que até hoje inquieta a todos nós e desafia a academia e os pesquisadores do Padre Cícero: afinal, E..Quem é ele? O Papa Francisco responde:
“Viveu uma fé simples, em sintonia com o seu povo”;
“Deixou marcas profundas no povo nordestino a intensa devoção do Padre Cícero à Virgem Maria;
“Educador da sensibilidade católica”;
“Oração e o respeito pelos mortos”;
“Atitude em acolher a todos, especialmente aos pobres e sofredores, aconselhando-os e abençoando-os”
“Movido por um intenso amor pelos mais pobres e por uma inquebrantável confiança em Deus”
“Agia segundo os ditames da sua consciência em momentos e circunstâncias bastantes difíceis.”
“Movido por um desejo sincero de estender o Reino de Deus”
Neste contexto, o Papa revela os traços da personalidade do Padre Cícero nos aspectos humanos e revela um sacerdote virtuoso. Essas afirmações reconhecem as virtudes do Padre Cícero que o fez dele admirado e amado pelo povo nordestino. O papa interpretou com muita fidelidade e autenticidade o sentimento do povo nordestino e sua profunda relação com o padrinho e conselheiro Padre Cícero. Deste modo, podemos entender que essas atitudes de vida e suas virtudes são os verdadeiros sinais de santidade.
No programa a sombra do Pé de Juá no dia 31 de agosto na rádio Padre Cícero, abrimos o espaço para os ouvintes e internautas manifestarem sua opinião sobre as virtudes do Padre Cícero, que eles consideravam muito relevante. Em síntese, eles responderam:
Amor a Jesus, especialmente na Eucaristia
Devoção e entrega total a Nossa Senhora das Dores
Compaixão e amor aos pobres, sem trégua, seguindo a ordem de Jesus
Fidelidade à Igreja Católica da qual nunca se afastou
Grande conselheiro, segundo os ensinamentos do evangelho e da igreja
Humildade e paciência nas provações
Pacificador nos sertões.
Fé inabalável na misericórdia de Deus: valorização do sacramento da penitência, da reconciliação.
Paz interior que não era deste mundo mas de Deus
Vida segundo o espírito de Deus: perdão, pureza, consolação, entrega total e fé na divina providência.
Indiscutivelmente, encontramos a convergência entre o pensamento do Papa e a consciência do povo sobre o padre Cícero. Essa sintonia na compreensão das virtudes humanas e sacerdotais do Padre Cícero confirma e fortalece a dimensão mística da vida do Padre e sua obra multidimensional na construção de uma cidade fundada na força da oração e pelo trabalho. O sonho do Padre é que que, em Juazeiro, cada casa seja um “santuário” e uma “oficina”, juntando sempre oração e trabalho. Isso faz de Juazeiro um espaço sagrado para os romeiros e o Padre Cícero, o seu padrinho, protetor e conselheiro.
Adentrando na interpretando do documento, vamos encontrar afirmativas de reconhecimento das romarias e do romeiro. O papa destaca “o entusiasmo das multidões que acorrem, anualmente a Juazeiro”. Essa constatação é fundamental, pois demonstra a compreensão do fenômeno das romarias. Valorizam-se as expressões da piedade popular protagonizadas pelo romeiro nas suas orações, na sua devoção a Mãe das Dores, nos seus gestos e no canto dos seus benditos que o documento afirma: “O entusiasmo e o fervor com que os romeiros entoam estes hinos ecoam pelo nordeste brasileiro, como um convite constante a uma vida cristã mais coerente e fiel”.
Neste processo de reconciliação da Igreja com o Padre Cícero e o reconhecimento dos romeiros, o documento acentua as iniciativas populares de uma evangelização encarnada na vida e na realidade do povo. Destaca-se a devoção mariana, a participação na missa em memória ao Pe. Cícero, a busca pelo sacramento da penitência, oração pelos fieis falecidos e as romarias como “bela expressão de fé”. Lembrando sempre que os romeiros são os protagonistas da sua romaria nas suas expressões mais sublimes e autentica religiosidade.
Ao mesmo tempo, o documento ressalta a necessidade de uma ação evangelizadora da Igreja através da diocese de Crato de acolhimento, valorização e respeito a expressão do povo-romeiro. A vida do Pe. Cícero e a experiência de fé dos romeiros devem ser reconhecidas como referências de uma nova evangelização. Não se pode ignorar ou ser indiferentes. A igreja é convidada “a uma atitude de saída, ao encontro das periferias existenciais”. Nesta afirmativa, o papa reconhece o espirito de acolhimento e os conselhos do Padre Cícero aos pobres e sofredores do nordeste como “um sinal importante e atual” da ação evangelizadora da Igreja no Brasil.
Portanto, o documento enviado pelo Vaticano a Dom Fernando, assinado pelo Secretário de Estado como expressão da vontade do Papa Francisco é um marco histórico na relação da Igreja Hierarquia com o Padre Cícero e as romarias de Juazeiro. Ele promove a valorização da vida, da pessoa e da ação do padre Cícero na sua missão religiosa e pastoral. Ao mesmo tempo, convoca a Igreja Católica a um gesto de reconciliação com o próprio padrinho Cícero e a nação romeira. A atitude do papa Francisco é um ato de desprendimento, um gesto de humildade, perdão e misericórdia e revela para a história que o Padre Cícero é um homem de Deus, comprometido e solidário com seu povo e suas virtudes são sinais de esperança e de vida e que na verdade ele é santo na mente e no coração dos seus romeiros.  

VIVA MEU PADRINHO CICERO!

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