sábado, 25 de dezembro de 2010

"Juazeiro vai completar cem anos com os mesmos preoblemas dos cinquenta"

Esta frase foi dita por Nicácio, conhecido atleta do Icasa e hoje consagrado comentarista esportivo com atuação em rádio e televisão. Parece que ele tem razão em fazer tal afirmação, conforme podemos deduzir da leitura do texto abaixo que foi transcrito do editorial da Revista Cariri Universitário, em sua edição especial comemorativa do Cinquentenário de Juazeiro, em 22 de julho de 1961. Vala a pena ler e refletir.

DUAS PALAVRAS...

Meu prezado turista:

Em suas mãos, este modesto trabalho, veículo de nossas desculpas por não lhe apresentarmos um Juazeiro que corresponda à sua expectativa.

Somos essa gente simples que superlota as ruas, com suas vestes de operário. Somos essa gente laboriosa, de mãos calejadas dentro dessa enorme oficina, que é a nossa urbs. Essa oficina que já tem mostrado ao mundo a capacidade realizadora de nosso operário, através de um artesanato que é uma prova eloquente do que poderíamos fazer à luz da técnica organizadora.

Portanto, meu prezado turista, olhe-nos como a um povo operoso e hospitaleiro que somos, mas, não nos culpe pelo descaso em que vivemos.

Já estamos roucos de gritar aos chamados '"poderosos competentes" para que nos assistam e que nos ajudem a equacionar e resolver os problemas elementares que tanto asfixiam o desenvolvimento de nossa região.

Enquanto isso, continuamos nos arrastando lentamente à custa de ingente sacrifício, E assim, chegamos ao cincoentenário. Esperamos contar com você, meu prezado turista, para que você veja e sinta conosco o mais chocante abandono em que vivemos.

Ora, não estávamos nem mesmo em condições de recebê-lo! Faltam-nos tudo. Nem sequer, temos hotel condigno para o conforto que você bem merece, como nosso visitante.

Para contornar essa situação difícil em que hoje nos deparamos, surgiu-me uma ideia um tanto irônica: Você está especialmente convidado para o centenário. Sim, pois é bem provável que daqui para lá, alguém nos dê ouvido, achando justas as nossas reivindicações.


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