sexta-feira, 24 de março de 2017

Filósofo opina porque o milagre da hóstia em Juazeiro não poderia ser reconhecido

       Na última manhã de debates no V Simpósio Internacional sobre o Padre Cícero: "Reconciliação... e agora?", que acontece desde segunda-feira, o filósofo e professor da Universidade Regional do Cariri (Urca), Carlos Alberto Tolovi, disse porque o milagre da hóstia não foi reconhecido. Segundo ele, por estar fora e distante das estruturas de controle hierárquicos, pelo fato de ter surgido junto aos chamados leigos e mais ainda em virtude do corpo do fenômeno não se enquadrar nas feições européias dos grandes santos. 
      Como acrescentou, fugia de todos os limites pré-estabelecidos observando que outros milagres eucarísticos foram reconhecidos pela Igreja e este não. A Mesa Redonda teve como tema: "Padre Cícero e a Política” e reuniu ainda outra professora da Urca e coordenadora do evento, Fátima Pinho, e o professor da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (SP), Renato Kirchner. Na opinião de Tolovi, Padre Cícero aceitou o milagre para estar ao lado dos romeiros e fortalecer a religiosidade popular. 
       Nesse contexto, observou que os peregrinos já defendiam o sacerdote por entenderem ser a defesa do seu próprio espaço sagrado para onde vinham com bastante sofrimento e, em Juazeiro, encontravam um “Padim” que os acolhiam. De acordo com Tolovi, o Caldeirão do Beato José Lourenço foi destruído e se a história da transformação da hóstia em sangue ficasse apenas em torno da beata Maria de Araújo, o caminho seria o mesmo. Além disso, tentaram destruir o Juazeiro e o padre foi obrigado a assumir posturas. 
       No entendimento da professora Fátima Pinho, Padre Cícero foi um mediador de conflitos na própria região e até fora do Cariri. Conforme acrescentou, era uma característica forte quando até foi político e fez política, mas com convicção no que acreditava e achava correto. Pela primeira vez em Juazeiro, o professor paulista Renato Kirchner se apresentou como um homem que peregrinou muito pelo sertão. Tentando contextualizar Juazeiro e o Padre Cícero ele recorreu ao escritor Guimarães Rosa que disse: “O mundo é mágico. As pessoas não morrem. Ficam encantadas”. 
      Em meio aos debates, Pedro Carneiro de Araújo da Arquidiocese de Fortaleza recorreu ao livro de Amália Xavier para lembrar que Padre Cícero se sujeitou aos Decretos do Santo Ofício e foi absolvido em Roma quando uma carta enviada ao então Bispo do Ceará, Dom Joaquim Vieira, pedia para não considerá-lo contumaz. Todavia, o apelo do Vaticano foi desconsiderado e tudo continuou como antes. No final da manhã desta sexta-feira houve mais um Testemunho à “Sombra do Pé de Juá” com Dona Rosinha do Horto.
Assessoria de imprensa

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