sexta-feira, 12 de abril de 2024

TERCEIRO DOMINGO DO TEMPO PASCAL Texto bíblico: Lc 24, 35 – 48

TERCEIRO DOMINGO DO TEMPO PASCAL

Texto bíblico: Lc 24, 35 – 48

14 de abril

 

Domingo passado escutamos Jesus censurar a Tomé por não ter crido no testemunho dos que lhe disseram: “vimos o Senhor!”  Neste domingo, lemos que Jesus, aparecendo aos apóstolos, lhes perguntou: “Qual o motivo dessa perturbação e por que se levantam essas objeções em vossos corações?”

O evangelista São Lucas escreveu que “espantados e cheios de medo, eles pensaram que estavam vendo um espírito.” Por qual razão será que aqueles homens estavam perturbados? Por qual razão levantavam-se tantas objeções naqueles pobres e amedrontados corações?

Na passagem proposta pela Igreja neste domingo à nossa consideração não há uma resposta explícita, mas nem se precisa pensar muito para se descobrir qual teria sido a resposta dada pelo próprio Jesus se ele mesmo quisesse responder à pergunta por ele feita aos apóstolos.

Qual o motivo dessa perturbação e por que se levantam essas objeções em vossos corações, perguntou-lhes Jesus. Nós  poderíamos responder com toda tranquilidade, sem medo de dizer alguma impropriedade inconveniente: a falta de fé.

A causa tanto da perturbação quanto das objeções só podia ser esta: falta de fé!

Efetivamente, quando esta luz divina e sobrenatural falta ou é pequena demais, o resultado só pode ser o que se lê no trecho bíblico deste domingo: perturbação e o surgimento de uma série de objeções de todo tipo em nossos corações, das quais uma das mais comuns e frequentes pode ser a dúvida sobre o fato da ressurreição do Senhor.

O ser humano a quem uma fé sólida, sadia, robusta e esclarecida não ilumina e instrui condena-se a vagar sem rumo nem direção enquanto peregrina neste mundo, sem saber donde veio, ignorando que faz aqui e o que é mais trágico, sem fazer a menor ideia de para onde está indo.

Ao olhar atentamente para dentro de si mesmo, ao refletir seriamente sobre a vida em geral e a sua em particular, descobre-se como um ser profundamente perturbado por uma série de questões fundamentais para as quais não consegue encontrar respostas satisfatórias, e não raro cheio de objeções.

Quanto a falta de fé é capaz de gerar toda sorte de perturbação na mente, no coração e na vida sabem-no muitíssimo bem todos quantos dela carecem! Sem que a luz da fé ilumine e esclareça, de quanta confusão não nos tornamos vítimas impotentes!  Que o digam os apóstolos, os quais chegaram a pensar fosse Jesus que lhes aparecera corporalmente um espírito.  Ora, se é próprio de um espírito ser invisível, o que então lhes apareceu, claro está que não poderia de modo algum ser um espírito.

É realmente bem grande a dureza do pobre coração humano. Jesus aparece aos seus íntimos e lhes diz cheio de amor: “A paz esteja convosco”, e ei-los espantados e cheios de medo; o Senhor lhes mostra, compadecido de sua cegueira, as mãos e o pés, dizendo-lhes: “tocai-me, olhai”, e eles ainda permanecem incrédulos, como anotou São Lucas em seu relato sobre tal episódio.

Hoje, irmãos e irmãs, como outrora aos apóstolos, Jesus dirige-se a nós e nos pergunta: qual o motivo dessa perturbação e por que se levantam essas objeções em vossos corações?

Nos perturbamos com bastante frequência por causa disto ou daquilo? Das duas uma: ou é que não temos fé nenhuma, ou a que supomos ter é tão pequena que não nos permite viver sem ser continuamente assaltados por perturbações e objeções, e é precisamente por tal motivo que amiúde nos perturbamos e com frequência levantam-se objeções em nossos corações.

Creiamos com fé firme na ressurreição do Senhor e a certeza tomará o lugar da perturbação. Creiamos com fé sólida e não haverá qualquer espécie de objeção, por espinhosa que nos possa parecer, que não seja logo dissipada pelo fulgurante clarão da fé. Amém.

Dom Samuel 


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