domingo, 23 de março de 2014

Viva nosso padim! - Por Paulo Leonardo Celestino Oliveira

                Você acredita em destino? Que todos os acontecimentos já estão escritos nas páginas do livro da vida? Ou crê na autonomia das pessoas em definir seu futuro através de suas próprias decisões?
                Seja por livre-arbítrio, seja por obra do destino, em 24 de março de 1844 nascia um homem cujas ações mudariam por completo a história de uma pequena região verde encravada no meio do árido sertão brasileiro.
                Ordenado em 1870, o padre cratense Cícero Romão Batista chegaria à localidade de Joaseiro em abril de 1872. Sem gostar de andar a cavalo, Pe. Cícero só veio a pedido de dois amigos próximos, e mesmo assim, já planejava uma viagem definitiva para Fortaleza, onde pretendia regressar como professor do Seminário Diocesano.
                Contudo, um surpreendente sonho foi o estopim da reviravolta em sua vida. Neste sonho, Cristo aparecia juntamente com seus apóstolos na escola onde Pe. Cícero dormia provisoriamente. Ao mesmo tempo, humildes nordestinos surgiam em busca do Salvador. Após pregar para os camponeses, Jesus teria ordenado: “Padre Cícero, tome conta deles!”
                Daí por diante, humildemente Pe. Cícero acatou as ordens do maior de todos os seus superiores e permaneceu na pequena vila de Joaseiro.
                Passados alguns anos, em 1889 acontece o grande episódio. Ao ministrar a hóstia sagrada para Maria de Araújo, Pe. Cícero assiste ao sangue de Cristo ser derramado novamente perante os homens. Um milagre ou um sacrilégio?
                Para as autoridades da época, milagres só aconteciam na tradicional Europa. Ao pobre sertão nordestino, restariam apenas as farsas!
                Como defensor do milagre e vítima de muitas calúnias, Pe. Cícero teve suas ordens sacerdotais suspensas. Obedeceu ao injusto castigo imposto, contudo sempre buscou incansavelmente a sua reabilitação, tarefa pela qual não obteve sucesso em virtude da posição irredutível de seus adversários.
                Mas o que lhe faltou como documento oficial, por outro lado, foi multiplicado ao infinito no coração de todo povo sertanejo. Conselheiro em vida, hoje é aclamado como santo popular do Nordeste, aquele que viveu e sentiu de perto todas as agruras da vida desta população outrora esquecida pelos governos.
                Magnífica é a explicação de uma humilde romeira: “Meu padrinho é nosso santo porque enquanto os outros santos estão bem confortáveis num cantinho especial nas igrejas ele toma Sol igual com a gente!”


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