quinta-feira, 29 de outubro de 2009

RECORDAÇÕES DE UMA PAISAGEM NÃO VISTA

RECORDAÇÕES DE UMA PAISAGEM NÃO VISTA

O Centro Cultural Banco do Nordeste – Cariri, em Juazeiro do Norte, Ceará, apresenta no período de 17 de outubro a 31 de dezembro de 2009, a exposição individual “Recordações de uma paisagem não vista” do artista goiano Divino Sobral. A curadoria é assinada por Daniela Labra, crítica chilena radicada no Rio de Janeiro.

Na exposição estão presentes duas obras recentes (instalação e vídeo) que pretendem dialogar com algumas características da paisagem geográfica, histórica, humana, literária e artística de Juazeiro do Norte, do Cariri, do Ceará e do Nordeste.

A instalação de grande formato chamada “Recordações de uma paisagem não vista” é concebida como livro de viajante, construído pela relação entre imagens e textos indiciando depoimentos, acontecimentos, personalidades, datas históricas, extratos de poemas, de romances e de letras de músicas, ilustrações nostálgicas e mapas, letras e palavras bordadas sobre 40 fronhas oxidadas que ocupam paredes pintadas de azul (a cor faz referência aos textos de José de Alencar e Patativa do Assaré). As fronhas soltas são como páginas avulsas de um livro desencadernado e o uso como suporte abre para conexões entre o sono, o sonho, os processos mentais noturnos de formação e desenvolvimento da memória. As memórias individual e coletiva se encontram por meio de conversas entre o artista e três pessoas de origem cearense que falaram sobre recordações, sobre a paisagem, a história, o passado, as lendas e os vultos do estado de origem. A instalação trata os estereótipos como representações emblemáticas ainda plenas de substância, como referentes clássicos para a reflexão contemporânea; subtrai dos clichês sua natureza estritamente regionalista e os atualizam em outros contextos em convivência com outras narrativas, visuais e verbais. Desde Frans Post, Antônio Conselheiro, Padre Cícero, Lampião, José de Alencar, Patativa do Assaré, Luiz Gonzaga, Euclides da Cunha, Rachel de Queiroz, Villa-Lobos e Antônio Bandeira, a obra alinhava narrativas e promove um encontro com a memória do nordeste e do Ceará por meio da sua produção cultural, da sua inserção na história brasileira.

Segunda obra apresentada, o vídeo “Os poetas e as pedras” é um documentário de sete minutos que registra a performance de Divino Sobral usando um carro de som para a leitura de poemas de vinte e oito autores abordando a figura da pedra; a leitura é feita por um trajeto de ruas calçadas de pedras na Cidade de Goiás, a antiga capital goiana. As pedras poéticas trazidas pelo vídeo pretendem acordar no espectador a memória das pedras que contêm fósseis na Chapada do Araripe. As duas obras, o vídeo e a instalação, colocam a preocupação de Divino Sobral com a estrutura conceitual do trabalho, com a incorporação do signo verbal e com o desenvolvimento de narrativas, com o uso de paisagens e histórias específicas aos locais onde desenvolve seus trabalhos.

Segundo a curadora da exposição “a obra de Divino Sobral tem como principal característica a mescla entre o regional e o contemporâneo. Seus bordados, desenhos, esculturas, objetos e instalações, entre outras mídias, remetem a um Brasil de fábula arcaica que é ao mesmo tempo hiper-moderno, um Brasil que pode ser encontrado no Cariri e em São Paulo, simultaneamente. Suas histórias - como as que ele conta aqui - parecem dizer que é a cultura da grande metrópole que depende do interior para construir sua identidade. Por outro lado, ainda que possa parecer contradição, seu discurso estético não se aprisiona no que é regionalista, e traz no peito tanto o orgulho do pertencimento local como o de não pertencer a lugar algum. “

Divino Sobral realizou a mostra individual “O tempo é água” no Museu de Arte Contemporânea de Goiânia, GO (2004), e participou de importantes exposições coletivas: Americas Latinas: Las fatigas del querer, Spazio Oberdan, Milão, Itália (2009). Camadas da memória, Museu de Arte Contemporânea/USP, Ibirapuera, São Paulo, SP (2008). Alguns aspectos do desenho contemporâneo brasileiro, SESC Pinheiros, São Paulo (2008). 12 Vetores, Galeria Isabel Aninat, Santiago, Chile (2006). O Centro na borda, Galeria Arte em Dobro, Rio de Janeiro, RJ (2006). Arte brasileira hoje na coleção Gilberto Chateaubriand, Museu de Arte Moderna, Rio de Janeiro, RJ (2005). Heterodoxia, Galeria ArtCo, Lima, Peru (2004). 8ª Bienal de Habana, Departamiento de Intervenciones Publicas, Habana, Cuba (2003). Vertentes da Produção Contemporânea, Instituto Cultural Itaú, São Paulo, SP. 2ª Bienal do Mercosul, Porto Alegre, RS (1999).


Contatos:
Centro Cultural Banco do Nordeste Cariri:
manoelsbn@bnb.gov.br

Daniela Labra:
arteeesquema@arteesquema.com

Divino Sobral:
divinosobral@gmail.com

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