sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Padre Cícero e os romeiros são homenageados em sessão especial da Câmara de Maceió

Um enorme banner com a imagem de Nossa Senhora das Dores e alusão à festa da Padroeira que acontece em Juazeiro do Norte e a bandeira do município na mesa oficial fizeram parte do ambiente montado no auditório da Faculdade Integrada Tiradentes (Fits) de Maceió (AL). Ali ocorreu uma sessão especial da Câmara Municipal por proposição da vereadora Heloísa Helena para marcar esse ano que completa 12 décadas da ocorrência dos fatos miraculosos e as conseqüentes romarias em Juazeiro.
A sessão foi presidida pela vereadora Fátima Santiago e teve a participação de outra vereadora, Silvânia Barbosa, além da autora da proposta aprovada pelos 21 vereadores que compõem o legislativo de Maceió. O Secretário de Turismo e Romarias, José Carlos dos Santos, representou o prefeito Manoel Santana, enquanto o vereador Tarso Magno sentou à mesa oficial representando a Câmara de Juazeiro. Em nome do clero, ali esteve o padre Jean Carlos Perini da Ordem Salesiana.
A presidente da sessão, Fátima Santiago, que é vice-presidenta da Câmara de Maceió, se sentiu tão empolgada com as palestras proferidas que anunciou sua visita ao Juazeiro do Norte no próximo dia 25 de setembro. Ela retrucou quando sua colega Heloísa Helena citou o acolhimento aos romeiros alagoanos e estendeu esse gesto para todos os nordestinos. “Vou ver e sentir de perto a fé arraigada nessa gente que ninguém consegue quebrar”, confessou.
Em seu pronunciamento, a vereadora Heloísa Helena citou ser algo de muita complexidade filosófica, antropológica e teológica falar sobre essa tema desde os primeiros momentos. “Diziam até que Jesus Cristo não iria deixar de operar milagres na Europa para fazê-los na pobre Juazeiro”, falou salientando o seu respeito a todas as religiões. Ela definiu a sessão como uma forma de homenagear o Padre Cícero e esses romeiros tão especiais.
A vereadora fez questão de destacar a militância vitoriosa de mulheres e homens simples que convivem e superam todas as formas de marginalização nas peregrinações ao Juazeiro. “Quem não já se emocionou com as celebrações do monsenhor Murilo?”, indagou Heloísa Helena que até ensaiou um pouco o cântico que ele costumava cantar: “Quem matou não mate mais, quem roubou não roube mais”. Logo em seguida, o padre Manoel Henrique, pároco de São Pedro do Bairro Ponta Verde, proferiu palestra.
Ele tomou por base o seu trabalho de mestrado apresentado na Unicap (Universidade Católica do Pernambuco) denominado “Do anátema ao acolhimento pastoral; da condenação e exclusão eclesial do Padre Cícero à sua reabilitação histórica”. O sacerdote disse ter participado do III Simpósio Internacional sobre o Padre Cícero emJuazeiro. Para ele, a transformação da hóstia em sangue são tatos consumados e não houve embuste.
“Pode até não ser sangue de Cristo, mas um fenômeno”, acrescentou. Em seguida, reparou que o milagre trouxe muitos problemas para o Padre Cícero a exemplo do seu ingresso na política. “Eu como sacerdote teria feito a mesma coisa, pois se não podia exercer o sacerdócio tomaria o caminho da política para poder ajudar as pessoas”, confessou salientando que o “Padim” jamais deixou de ser um grande pastor e conselheiro.
O padre Manoel observou ainda que se o religioso juazeirense fosse dominado pelo espírito messiânico, teria fundado outra Igreja. Ele finalizou sua palestra criticando os bispos anteriores da Diocese do Crato para quem nunca valorizaram os romeiros. “Foi preciso vir um bispo de fora, de origem italiana, para mudar essa história”, assinalou. Falaram ainda a psicóloga Maria do Carmo, o padre Jean Carlos Perini, o vereador Tarso Magno e, finalmente, José Carlos dos Santos, em nome do prefeito Manoel Santana.
Segundo falou, Padre Cícero não é só uma figura do Juazeiro, mas uma referência para o país inteiro. Coube a ele manifestar a gratidão dos juazeirenses pelas homenagens aos romeiros e ao “Padim”. A comitiva cearense foi composta ainda pelos vereadores Adauto Araújo, Roberto Sampaio, Sargento Firmino e Mara Torres. Também esteve em Maceió a presidente da Fundação Memorial Padre Cícero, Maria do Carmo Ferreira. (Texto e foto de Demontier Tenório)

Nenhum comentário: