domingo, 21 de outubro de 2018

Houve um tempo em que era proibido batizar criança com o nome de Cícero

Houve um tempo em que era proibido batizar criança com o nome de Cícero, em homenagem ao Padre Cícero. Veja abaixo uma prova oficial desse absurdo e em seguida leia mais sobre o assunto.

17 DE NOVEMBRO DE 1910. O Rebate abriu a edição deste dia com um longo editorial com o título “Incoerência da Circular do Exmo. Sr. Bispo de Olinda Contra o Juazeiro e o Revmo. Pe. Cícero” com o qual repudia em alto e bom tom a divulgação pelo Correio do Cariri de  uma Circular assinada pelo bispo de Olinda, D. Luís Raimundo da Silva Brito, na qual recomendava  a exclusão do nome de Cícero para batismo de crianças, pois isso “era sinal de arraigado fanatismo”. Dentre outras coisas assim escreveu padre Peixoto no editorial:
“O que motivou esta circular, é preciso que o público conheça, foi tão-somente a contrariedade produzida no espírito de S. Exa. pela oposição dos habitantes dos sertões de Pernambuco à atitude pouco decente e anticristã assumida contra o Juazeiro e o Revmo. Padre Cícero pelos frades enviados em missão a essa zona ultimamente. Foi unicamente o despeito que originou tal medida por 'circular'; porque vocalmente S. Exa. nunca cessou de guerrear injustamente esta terra e este povo. Por todos, é sabido que, de há muito tempo, a única preocupação de alguns padres, por ordem ou por adulação a alguns bispos, quer missionando, quer paroquiando, é ridicularizarem a Religião Católica Apostólica Romana, com apreciações caluniosas contra o Juazeiro e o virtuoso Padre Cícero”.
Para melhor compreensão deste assunto vale a pena transcrever a referida circular, cuja divulgação era do interesse dos cratenses no sentido de desqualificar o Padre Cícero, no momento em que estava em curso, patrocinada por ele a emancipação de Juazeiro. Eis a circular do bispo:

“Revmo. Sr. Vigário. Chegando ao nosso conhecimento de que, infelizmente, se tem alastrado pelo interior desta Diocese a superstição, já pela Santa Sé condenada, dos embustes do Juazeiro, no Ceará, a qual tem obcecado os espíritos de nossos filhos que juntamente com os habitantes de outros Estados, em constantes romarias, não só abandonam sua casa e trabalho, mas chegaram a tal ponto de cegueira, que recusam crer e receber senão o que enganadamente julgam lhes impor o Padre Cícero, que devia ser o primeiro a lhes ensinar como se acham em erro, dando assim prova de sua obediência à S. Congregação que condenou seu desvio, somos obrigados a chamar a atenção de V. Revma. encarregando-o, em consciência, de esclarecer esses pobres iludidos, não consentindo em práticas tão prejudiciais. Outrossim, recomendamos que não aceite para batismo o nome de Cícero, que é o sinal de arraigado fanatismo. V. Revma. conhece o quanto nos obriga em consciência o decreto da S. Sé emanado da Congregação que fiscaliza a pureza da fé. Por isso, esperamos que não será moroso em cumprir com esse dever que lhe apontamos e Deus permita que vossos filhos dóceis à vossa advertência e conselho, ponham termo a esses desmandos. Bem sentido por este triste estado, enviamos a V. Revma. e aos vossos paroquianos nossa bênção pastoral.
Soledade, 26 de agosto de 1910
+ Luís, Bispo de Olinda”

(Extraído do meu livro História da Independência de Juazeiro)

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