Neste domingo, como acontece
desde 1934, a
cada dia 20, a
Igreja Católica Apostólica Romana celebra missa em sufrágio da alma do Padre
Cícero. Ela reverencia o padre que ela mesma expulsou do seu quadro, há mais de
100 anos, sob o pretexto de desobediência e heresia. E isto constitui
verdadeiro paradoxo, pois ele é o padre que lota as igrejas de fiéis e enche os
cofres delas de dinheiro. Um bispo rancoroso suspendeu as ordens do Padre
Cícero e isto foi depois confirmado pelo Vaticano, tudo motivado pela crença
dele num fato acontecido pela primeira vez em 1º de março de 1889, no então
povoado de Juazeiro e que passou à
história com o nome de milagres de Juazeiro. O fato consistiu na transformação
da hóstia consagrada em sangue, na boca da beata Maria de Araújo, afora outras
manifestações igualmente estranhas, e que desde então divide o clero
brasileiro, com muitos padres e bispos acreditando tratar-se de milagre
eucarístico e outros, acreditando tratar-se de embuste. Mesmo suspenso das
ordens oficialmente desde 1894, ele aceitou
resignadamente todas as punições que lhe foram impostas, suportou pesado calvário,
mas nunca deixou de amar a sua Igreja,
assistir às missas regularmente e propagar a religião católica. Depois de morto, sua memória continua
atraindo fiéis à igreja e alimentando as romarias que deixam os cofres das
igrejas repletos de dinheiro sob a forma de esmolas. E é justamente aí que
reside um paradoxo para o qual a Igreja deveria dar uma explicação plausível.
Ou seja, condenou Padre Cícero, mas aceita o dinheiro que vem por
interveniência dele. Se ele foi banido da Igreja oficialmente, por que então
não deixá-lo no ostracismo? Por que homenageá-lo, aprovar suas romarias, ovacionar
seu nome nos sermões, cantar hinos em sua honra se ele foi suspenso de ordens? Agindo
assim, a Igreja dá uma demonstração de que de fato ele já está reabilitado. Então,
por que não oficializar uma situação que de fato já existe? É pedir muito?
Agora, aceitá-lo como padre útil à Igreja somente para atrair fiéis e dinheiro,
é inconcebível estando ele oficialmente irregular, como de fato está. Um
processo pedindo a sua reabilitação está em Roma há quase sete anos, porém até
agora entravado no manto sagrado da burocracia do Vaticano que desde então só tem
dado como resposta o silêncio. Por um dever de justiça, é preciso louvar a
iniciativa do bispo Dom Fernando Panico que foi a Roma, acompanhado de grande
comitiva de juazeirenses, para entregar pessoalmente e oficialmente ao Papa, o
pedido de revogação da pena de suspensão, a qual trará como conseqüência a
reabilitação do Padre Cícero. Para subsidiar o pedido, o bispo nomeou uma
competente equipe composta por padres, psicólogos, teólogos, historiadores,
gente do mais alto gabarito, a qual, depois de exaustivo estudo produziu um
substancioso relatório entregue junto com o pedido, tudo feito conforme solicitação do Vaticano. Mas até agora nada de positivo
aconteceu. Enquanto isto, outros processos mais complicados, pois pedem
beatificação e canonização, correm mais acelerados, contrariando a resposta
dada pelos padres de que “as coisas de Roma são devagar”. Na verdade, pelo
visto, devagar mesmo, só a causa do Padre Cícero, pois os processos das jovens
Benigna (de Santana do Cariri) e de Odetinha (do Rio de Janeiro), para citar
somente estes que são recentes, estão bastante avançados. Então, já está na
hora de Juazeiro do Norte protestar. E
este jornal abre o bico:
Chega de tanto esperar.
QUEREMOS A
REABILITAÇÃO DO PADRE CICERO JÁ!
Nesta oportunidade transcrevemos
abaixo um texto pertinente ao assunto que nos foi enviado por e-mail por um dos
nossos colaboradores. O artigo está no www.cadaminuto.com.br
na seção Blog do Bob, site de Maceió, escrito por Roberto Villanova. Ele começou no Jornalismo em 1973. Foi
repórter II do Jornal do Brasil (1977/88) atuando como correspondente do JB em
Alagoas e na Paraíba. Redator de Política do Jornal de Brasília (1992/93) e
atualmente colunista político de O Jornal, onde assina a coluna Contexto. Ele
deu o grito em Maceió. Vamos
fazer o mesmo. Eis o texto:
Por que até o Papa tem medo do padre Cícero?
O cardeal Joseph Ratzinger
conduziu durante dez anos o processo para beatificação e posterior canonização
do padre cearense Cícero Romão Batista. Não há, no Vaticano, quem conheça
melhor a vida e os “milagres” do padre Cícero; o cardeal Ratzinger é o maior
especialista sobre o padre Cícero, dentro da Igreja Católica. O cardeal Joseph
Ratzinger virou o papa Bento 16 e esperava-se que ele desse sequência ao
processo que conduziu na condição de cardeal, mas qual o quê?!
O processo empacou no Vaticano.
Para entender a peleja do Vaticano com o padre Cícero cabe lembrar que a Santa
Sé temia que a liderança religiosa do padre cearense levasse à criação de uma
Igreja Católica, Apostólica e Brasileira.
Sim, porque a que está aí é
Romana.
Na década de 1930, o Vaticano
designou o reitor do Convento de Brindsi, o frei Pio Giannotti, para liderar a
“Santa Missão” destinada a fortalecer o poder da Santa Sé na região mística do
sertão nordestino. Nessa região, especialmente na região das “sete cidades” do
sertão do Cariri, expandiu-se o fanatismo religioso que, ao contrário do que
muitos pensam, não começou com o padre Cícero – antes dele, prevaleceu a
pregação do “padre Ibiapina”, uma espécie de precursor do padre Cícero.
Ibiapina era um advogado em
Recife que, por desilusão amorosa, renunciou a toga e vestiu uma batina.
Começou a pregar e a criar as chamadas “Casas de Caridade”, o que assustou os
padres franceses que administravam o Convento de Fortaleza. Pressionado pelo
Vaticano, o “padre Ibiapina” capitulou. Mas, quando o Vaticano pensava que
tinha resolvido o problema, deu-se o “milagre” da beata Maria da Luz – que fez
surgir o padre Cícero como novo líder espiritual na região do Cariri.
Em 1931, o ex-reitor do Convento
de Brindsi, Pio Giannotti, desembarcou no Brasil e mudou de nome. Passou a se
chamar “frei Damião de Bozzano”. Soldado combatente na I Guerra Mundial, nada
revelava na figura baixinha do frei Damião esse passado de guerreiro. E, no
Brasil, ele se desincumbiu com sucesso da tarefa dada pelo Vaticano e, se não
conseguiu eliminar totalmente o prestígio do padre Cícero, pelo menos conseguiu
dividi-lo. E, por ironia, há quem o compare à reencarnação do padre Cícero – o
que o frei Damião rechaçava com mau-humor, sob a alegação de que o padre Cícero
desobedeceu ao papa.
Mas, gente, passado tantos anos e
diante dessa oportunidade de ser o papa atual o responsável pelo processo de
canonização do padre Cícero, não é estranho que a Igreja Católica Romana ainda
tema o prestígio do padre cearense?
Quem sabe esse temor se deve ao
fato de o padre Cícero ser o único líder religioso no mundo que não foi
peregrino?
O padre Cícero nunca saiu do
Joazeiro. As pessoas é que vão lá, ainda hoje, para reverenciá-lo.
Fonte:blog do Bob, publicado em
11/01/2013
www.cadaminuto.com.br
6 comentários:
Amigo Daniel, viva a História, viva o conhecimento, viva as belas conclusões.
Beatificando, canonizando ou outros predicados concernentes , o Padre Cícero já é Santos.
A Igreja viaja pelo Padre Ibiapina, pelo Frei Damião, Antonio Conselheiro, Floro Bartolomeu, o beato José Lourenço, Lampião e o cangaço e a politica dos coronéis.
O Padre Cícero era dinâmico,era eclético, era inteligente e tinha independência.
Está aí a tal demora do Vaticano e do Joseph Ratzinger.
Com demora ou sem demora , para o Nordestino fiel, o Padre já é Santo.
Juazeiro do Norte configura um grande Milagre. Iderval.
Comentários feitos através do Facebook:
Paula Pereira NÃO!!!!!!! NÃO DÁ MAIS PARA ESPERAR!!!!!
Marcos Aurélio Santos: NA MINHA HUMILDE OPINIÃO, ACHO QUE A IGREJA COMO SEMPRE, ANEMICA NAS DECISOES PRECISA EM ESPECIAL NO DIZ RESPEITO À REABILITAÇÃO DE PE. CICERO. SERÁ QUE DINHEIRO AGILIZA: NOS PODEMOS VER ISTO
Luiz Carlos Lima: Em parte o Marcos Aurélio tem razão; não há canonização sem dinheiro. Alguém tem dúvidas?
Eurides Dantas de Sousa: Por que tanta pressa, tanta agitação, para querer chegar o mais rápido possível à reconciliação ou à canonização do referido padre cratense (ou de Maria de Araújo)? E a resposta já foi dada pelo mesmo padre Cícero: “A MINHA DEFESA QUEM VAI FAZER É A PRÓPRIA IGREJA (CATÓLICA APOSTÓLICA ROMANA). PARA TUDO TEM O SEU TEMPO”. JN, 20/01/2013. Reflitamos: para a Igreja e para Deus, mil séculos é como se fosse um dia. Certa vez, o venerável padre salesiano Francisco Pinkowski, polonês, disse a minha mãe, na sala de jantar de nossa casa: "Minha filha, o padre Cícero só será um dia canonizado pela Igreja quando acabar esse FANATISMO". Espero que os nossos teólogos juazeirenses autodidatas reflitam sobre essa profunda e notável declaração. Juazeiro do Norte, 20 de janeiro de 2013. Deixemos, portanto, a Igreja Católica Apostólica Romana decidir. Padre Cícero, que sempre defendeu a Igreja, agradecerá a todos os verdadeiros cristãos/católicos.
Waterloo Assis: A cabeça do catolicismo tem real interesse em reabilitar o pe. Cícero? Toda a grande ação precisa de um pistolão para se realizar, quem O da causa de Cícero? Enquanto isso o secretário bandido do Bento já recebeu o seu perdão oficial, de Deus. O que diria Lutero? Uma coisa é a reabilitação dentro do catolicismo o que durante dezenas de anos o processo vem se arrastando e está custando uma fortuna de euros do Banco do Vaticano, aquele banco... outra coisa é a canonização que não devemos nem pensar quando poderá se iniciar. Respondam: qual o prestigio do líder dos que defendem a reabilitação do padre?
Neile Norões: Hoje havia comentado isso com meu filho. Será dinheiro o problema?
Durcelia Figueiredo: Já esta mais que na hora dessa canonização. Milagres é que não faltam...
Cecília Esmeraldo: Está mais do que no momento certo!
UM JUAZEIRENSE INDIGNADO...
FICO INDIGNADO quando vejo a revista FORBES publicar o nome dos PASTORES MAIS RICOS DO BRASIL:
EDIR MACEDO: 2 bilhões
VALDEMIRO SANTIAGO: 450 milhões
SILAS MALAFAIA: 306 milhões
FICO INDIGNADO quando vejo um templo da Igreja Universal em São Paulo, que ocupa mais de 10.000 pessoas, e vejo a Igreja em construção no HORTO parada por falta de verbas.
FICO INDIGNADO quando vejo (pela TV), a celebração da Missa em LOUVOR ao PADRE CICERO, como no último dia 20, todos acomodados dentro da Igreja e todos com guarda-chuvas do lado de fora, e A ESTATUA DO PADRE CICERO distante tomando CHUVA no HORTO. E mais INDIGNADO ainda, quando no decorrer da missa, dizem: "VIVA O PADRE CICERO", sem esse ter o direito de de ter uma imagem dentro da igreja.
Sobre a matéria acima, ja tirei minhas conclusões. No começo do Século passado, so poderia ser Santo, quem nascesse na EUROPA.
Hoje, a descriminação continua, só poderá ser santo no Brasil, quem nasce no sul do pais. Quer um exemplo: Somente a Diocese do Rio de Janeiro tem sete candidatos na lista, inclusive a saudosa PRINCESA ISABEL.
Mas o nordeste ainda tem uma esperança,o processo de beatificação de IRMÃ DULCE dizem que está perto de sair.
JOSÉ LEITE DE SOUZA
ILHÉUS - BAHIA
Estamos esperando a bastante tempo esse fato que se tornará histórico.Só peço a Deus que faça com que os responsáveis por esse processo em Roma estudem não só com os critérios humanos científicos para julgar mas com os critérios humanos sentimentais de onde nos vem a certeza de que ele foi e é um ser um pouco diferente dos outros pois não é fácil suportar tudo o que ele passou e permanecer fiel a Igreja que o aceitou e depois rejeitou mesmo que tenha algumas sombras ou pecados nessa história acredito que ele é realmente um santo.
Particularmente sobre esse assunto
medito a leitura bíblica em Romanos 5:20 “Sobreveio, porém, a lei para que a ofensa abundasse; mas, onde o pecado abundou, superabundou a graça.”
Ta certo q a canonização de meu Padim Ciço seria mt importante. Mas pra mim ele ja é Santo.
É Deus o único Santo por Si próprio, assim nos ensina a Tradição Católica. Dizemos muitas vezes na Missa: Só Vós sois o Santo, Só vós o Senhor. Entretanto, graças à Redenção operada por Nosso Senhor Jesus Cristo, atualizada na Igreja pelo Espírito Santo, todo batizado é portador da santidade, presença viva nele, do próprio Jesus Cristo; cujo Espírito nos santifica, e conduz à santificação completa, "sem a qual ninguém verá o Senhor". Não é a Igreja que santifica, mas Cristo, Vivo e atuante na Igreja, Quem santifica os fiéis pelo Seu Santo Espírito. A Graça, com efeito, não é dada somente para remissão dos pecados, mas também para incremento de vida sobrenatural, sempre frutífera, fecunda em boas obras. Jesus deu a receita para que todos tivéssemos nEle a santidade, que é a vida espiritual da Graça. "Todo ramo que permanece unido a mim, frutifica". O Padre Cicero é santo, porque sua vida, suas boas obras, seu testemunho de fidelidade à Igreja, mesmo em contradições institucionais, são inegáveis. O próprio Jesus nos deu o sinal de verdadeiros profetas: "Pelos seus frutos os conhecereis". O Padre Cícero foi e é até hoje, arauto da unidade na Igreja, símbolo vivo de uma Igreja que é ao mesmo tempo militante, padecente e triunfante. Uma Igreja composta de homens, mas por Graça e Presença Viva do Fundador, SANTA. Todos nós somos chamados a ser santos. "Sede santos como Eu Sou Santo". E para ser santo não precisa, como já foi dito, nem rezar muito, nem sofrer muito...Mas AMAR muito. Cada um de nós pode amar e dar um pouco mais de amor à Igreja, à humanidade, e ao mundo. O Padre Cícero fez isso a vida toda, amando e servindo os irmãos. Não fez dos "milagres" sua bandeira, mas dos pobres, a sua missão, como genuíno seguidor de Cristo pobre. Foi aos pobres que destinou Deus por Jesus, o anúncio do Evangelho. Ele mesmo o afirmou: "para proclamar o Evangelho aos pobres". E o Padre Cícero foi fiel, como santificado pelo Espírito da Vida e da Verdade, a lutar pela vida, e proclamar a Verdade da libertação evangélica aos pobres, dos quais é o Reino dos Céus. À medida que a Igreja se aproxima mais das suas fontes primitivas, reconhecendo seu tesouro verdadeiro, que é como já dizia São Clemente, Papa...OS POBRES...Aqueles testemunhos mais vivos da santidade próxima da santa pobreza, são reconhecidos, são declarados santos e assim canonizados. Temos agora um Papa com nome de FRANCISCO, e é de esperar que em breve tenhamos mais um santo dos pobres, um santo do povo, o Padre Cícero de Juazeiro. Assim Seja.
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