sexta-feira, 21 de novembro de 2008

A OPORTUNIDADE PERDIDA



O presidente Lula perdeu a melhor oportunidade de defender a reabilitação dos direitos sacerdotais do Padre Cícero Romão Batista. O presidente do Brasil, em sua visita ao Vaticano, conversou com o Papa Bento XVI por longos 24 minutos. Numa feliz iniciativa ele ofereceu ao pontífice uma belíssima peça do genuíno artesanato da Região Nordeste. Nela o artista retrata uma família de retirantes nordestinos.
O processo de reabilitação sacerdotal do Padre Cícero, considerado santo por milhares de brasileiros, especialmente do sofrido Nordeste, está em andamento por iniciativa do Papa. Ele é quem deseja por fim a uma ruptura silenciosa de mais de cem anos. O Pontífice sabe o quanto isso representa para a fé de um povo que sofre as humilhações e escárnios, mas se resigna de joelhos, no torrão seco da terra natal com a certeza que as suas orações chegarão ao ouvido do Pai por intermédio de quem, como eles, passou por iguais sofrimentos.
Como nordestino, o presidente Lula não poderia ter dado ao Papa presente melhor. Porém, faltou-lhe a esperteza para explicar a sua santidade o significado da peça artística. “O povo nordestino só abandona o seu torrão quando o sol queima a ultima folha de capim, quando seca a ultima gota de água, quando a vaquinha mimosa tomba sem forças. Aí ele pega o jumentinho ajeita as coisas coloca o menino mais novo no lombo do bicho e toca pra cidade”.
O retirante não procura as grandes capitais. Vai para Juazeiro do Norte. Cidade santa do nordeste, terra do Padim Padre Cícero, que não desampara os fracos e sofredores. É nos arredores da cidade, assistindo as missas e rezando, recebendo o bocado da generosidade popular e as benções de Deus por intermédio do Padre Cícero. Fica lá até quando chove aí então volta pra casa e começa tudo de novo.
A devoção ao Padre Cícero não é só a esperança é certeza de acolhimento e solidariedade. É a reanimação das forças para acender a fé e confiança e poder caminhar amanhã. Ele é o santo do povo. Ali no santuário ninguém quer saber o que aconteceu naquele distante 6 de março de 1889. Ali o povo fala do que acontece agora. O milagre se faz agora e não é nada de extraordinário. É a certeza de um cordeiro que se imola por todos os brasileiros e nordestinos irradiando a alegria própria dos escolhidos.
O Papa sabe disso, sente isso com o seu povo. Mas essa era a oportunidade que o nordestino Lula teve para falar do sentimento mais puro e profundo dos seus conterrâneos. Fica o alerta. Os juazeirenses, daqui pra frente precisam ficar atentos.
(Por José Leite de Souza,juazeirense radicado em Ilhéus, Bahia)


A

Um comentário:

Antonio Luiz Macêdo disse...

Muito bem lembrado pelo José Leite. Apenas umna coisa: não vale a pena chorar o LEITE derramado.