domingo, 16 de novembro de 2008

MUDANÇAS NO MOREIRA DE SOUSA


O Centro Educacional Professor Moreira de Sousa está prestes a servir de novo como cobaia para mais uma experiência educacional do ensino público estadual. A Secretaria de Educação escolheu aquele colégio de referência do ensino em Juazeiro do Norte e sucessor da antiga e famosa Escola Normal para implantação de um novo projeto educacional denominado Cejovem. Pelo visto, nada mais é do que uma repetição fadada ao fracasso daquilo já tentado outra vez, através da famigerada Lei ei nº 5.692/71, editada durante o regime militar e que inaugurou a fase tecnicista da educação no Brasil. Em sua essência este novo projeto implantará no CEMS três cursos profissionalizantes (Informática, Enfermagem e Segurança do Trabalho), extingue o Curso Científico e certamente enfraquecerá o já cambaleante Curso Pedagógico herdado da Escola Normal. Passei trinta anos ensinando no Moreira de Sousa e era professor da Escola Normal quando ela foi transformada no que é hoje. Durante esse tempo fui "vítima" de várias reformas educacionais, todas bem intencionadas, propondo mudanças e propagando uma verdadeira revolução na educação. Experimentei todas. Saí da escola, aposentado, e posso assegurar que todas fracassaram nas suas intenções. Na primeira tentativa de implantação dos cursos profissionalizantes, o colégio foi "contemplado" com os cursos de Auxiliar de Patologia, Contabilidade e Publicidade. Os cursos foram implantados na marra. Não se fez nenhuma pesquisa para saber se a região necessitava e realmente comportava aqueles cursos. Depois todos foram extintos, porque finalmente se constatou que eles realmente não eram necessários. Isso era obvio. Os formados não foram absorvidos pelo mercado de trabalho. Os professores dos cursos não tinham formação específica nas áreas, a escola não dispunha de laboratórios, enfim não tinha nenhuma infra-estrutura para abrigar os cursos, e o resultado desde o início foi o que se esperava: fracasso! No Ceará é impossível levar a sério qualquer reforma educacional. Tudo é planejado de cima para baixo, sem ouvir as partes envolvidas, e no final, professores e alunos são os verdadeiramente prejudicados. A história já documentou que no Brasil as melhores escolas para tocar cursos profissionalizantes são aquelas de instituições do ramo, como Senai, Senac, Sesi, Colégio Agrícola, Liceu de Artes e Ofícios e as antigas escolas técnicas federais, pois têm know-how e credibilidade. Então, no caso particular de nossa cidade, achamos que o melhor seria poupar o Moreira de Sousa dessa experiência que tem tudo para não dar certo lá, e desenvolver nele um gigantesco projeto de revitalização do seu Curso Pedagógico, em toda sua verticalização, ou seja, com implantação de um Normal Superior e uma especialização em Psicopedagogia. Não é possível deixar o Moreira de Sousa fechar ou mesmo enfraquecer sua escola de formação de professor, pois é de lá que sai toda a demanda desses profissionais para alimentar as escolas particulares de ensino infantil. A vocação do Moreira do Sousa como herdeiro da Escola Normal é essa. Mudar ou extinguir isso é mata-lo! É afrontar a educação juazeirense. Como curso profissionalizante apenas, não haverá mais nenhum sentido ter abrigado ali o Centro da Memória da Escola Normal,inaugurado recentemente e que tanta alegria vem causando nos meios educacionais locais. Em Juazeiro do Norte existe uma escola mais adequada para receber esses novos cursos profissionalizantes: é o liceu de Artes e Ofícios. Esperamos que a Secretaria de Educação do Ceará reveja sua posição, desvie o foco do Moreira de Sousa e aponte-o para o Liceu, pois lá será mais fácil dá certo. O Moreira de Sousa tem outra vocação e sua existência só tem sentido se ele for mesmo o sucessor e herdeiro da Escola Normal.

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