domingo, 7 de janeiro de 2024

Mestre Cicinho, o mártir da Festa do Quilombo

Morre o Mestre Cicinho do Reizado

O Dia de Reis é o dia mais importante da Cultura Popular de Juazeiro do Norte, o dia de todas as culturas saírem às ruas, a data mais esperada pelo povo, uma celebração tão grandiosa e significativa que, neste momento, a “Festa do Quilombo” está em processo de Registro como Patrimônio Cultural do Ceará.
Porém, em vez de alegria, hoje vivenciaremos indignação, tristeza e luto. Nesta madrugada, quando os brincantes do Reisado Manoel Messias confeccionavam o tradicional Trono da Rainha na sede do grupo, no Bairro Pio XII, dois homens chegaram em uma moto e executaram o Mestre Cícero Frank diante dos olhos de todos.
Mestre Cicinho, 44 anos, iniciou no Reisado com o pai, Mestre Zequinha, aos 4 anos. Cicinho era conhecido e respeitado por ser um dos maiores jogadores de espada de Juazeiro, uma lenda nos encontros de reisados nos Dias de Reis. Uma referência do Reisado e da Festa do Quilombo, sua morte brutal, além de trazer dor aos familiares, amigos e admiradores, constitui um atentado violentíssimo à cultura popular de Juazeiro, cearense e brasileira.
O martírio de Mestre Cicinho é o ponto culminante da escalada de violência que atinge e compromete a continuidade da Festa do Quilombo. No entanto, o assassinato do Mestre na madrugada do Dia de Reis não pode resultar na criminalização do Reisado, dos brincantes e no fim da Festa do Quilombo. A Polícia investigue, descubra a motivação, a Justiça puna os responsáveis e não a Cultura.
A partir de hoje, nada mais poderá ser como antes. Que a tragédia promova, em vez de mais preconceito e discriminação, uma mudança de comportamento, para que nenhum sangue seja mais derramado. Cicinho tirava Quilombo com entusiasmo, é isso que ele espera de nós. Siga na paz meu irmão, gratidão meu amigo, não vamos desistir, a sua morte não foi em vão.
Minha solidariedade à Mestra Flatenara, aos brincantes do Manoel Messias e à comunidade brincante da Festa do Quilombo de Juazeiro do Norte. ( Felipe Caixeta)

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