quinta-feira, 4 de agosto de 2016

POLÍTICA DA MECA - Por Wilton Bezerra

Minha praia é o futebol. Vez por outra, exercito a veia generalista, com pitacos sobre a cena política. Só de leve, garanto. Afinal, a política é uma atividade vital nas sociedades em todo o mundo. Infelizmente, essa nobre arte é tratada como lixo no Brasil. Às portas de mais uma eleição municipal, faço uma viagem às contendas políticas do Juazeiro do Norte, de 36 anos atrás. Carrego a sensação de que, naquele tempo, as candidaturas gozavam de uma aura de respeitabilidade bem maior junto ao eleitorado. Havia, imaginamos, escolhas mais cuidadosas para a composição das disputas. As lideranças locais, de acordo com seus tamanhos, eram formadas por pessoas conhecidas e enfronhadas no cotidiano da cidade. Que, por isso mesmo, se julgavam capazes de desenhar o destino do município. Para não incorrer no vexame do esquecimento, prefiro não citar nomes e períodos. Todo mundo sabe quais os verdadeiros construtores da terra do Padre Cícero, que continuam bem vivos na memória política dos juazeirenses. Seriam essas observações apenas laivos de nostalgia do comentarista que vos fala? Se for isso, tudo bem. Nostalgia é contemplar o que existe de bonito em nossas mentes. Diferente, portanto, de saudosismo que é querer viver no passado, uma coisa lamentosa. Mas chego, finalmente, ao que queria dizer. Mesmo não tendo nascido em Juazeiro do Norte, mas carregando um grande amor pela cidade, tenho sido portador, nos últimos anos, de uma impressão que não me traz conforto. Me parece termos perdido a “posse” da cidade. Sem nenhum rasgo de xenofobia, acho que a mais importante cidade do interior cearense, antes formadora da linha de frente do poder político do Estado, vem se transformando em lavoura política de gente sem identidade com a cidade, com o seu povo. Materializados, os conchavos desembocam nas eleições para prefeito. O pior de tudo é o processo de vulgarização de certas escolhas, a criar a certeza de ser a prefeitura juazeirense apenas um lugarzinho qualquer. Juazeiro tem crescido rápida e, um tanto quanto, desorganizadamente, nos últimos anos, consolidando uma máxima: a cidade não tem tido sorte com seus gestores. Sua economia pujante, especialmente no setor de comércio e serviços, aliada à vocação religiosa, a fazem ter dinâmica que independe do Poder Público Municipal para seguir adiante. A administração do Padre Cícero, eterno prefeito da cidade, terá que continuar. Sorte nossa. Espero que esse recado, talvez inútil, seja compartilhado por alguém.

Um comentário:

Vladimir Lacerda disse...

A maior prova de que a nossa decadência política se dá de forma contínua e galopante é o fato de que as candidaturas são muito mais fruto de conchavos com lideranças que não nos diz respeito do que resultado do que seria melhor para a cidade. Tasso, Eunício, Camilo Santana, José Guimarães estão a decidir quem é ou não candidato e isto em sintonia com seus interesses políticos estaduais ou nacionais sem qualquer ligação com as necessidades ou desejos do Juazeiro do norte. Talvez isto explique por que os candidatos falam de projetos como se estivessem falando de Lilipu ou qualquer outra localidade imaginária. Falam como se nunca tivessem exercido qualquer papel político e que neste período nada ou quase nada fizeram. Como se não os conhecêssemos. Então seremos governados por juazeirenses que não tem nenhum compromisso com Juazeiro. Aliás isto já ocorre há um bom tempo.