sábado, 2 de novembro de 2013

Banco chinês fecha compra de 72% do Bicbanco por R$ 1,62 bilhão

Controle do banco brasileiro foi vendido para o China Construction Bank.
Negócio é o início das operações diretas do 2º maior banco chinês no país.
Da Reuters

Presidente do BICBANCO, José Bezerra de Menezes
(dir.) e vice do China Construction Bank, Xiusheng Pang,  assinam acordo. (Foto: Divulgação)
O Bicbanco, instituição financeira voltada ao segmento de pequenas e médias empresas, anunciou nesta quinta-feira (31) a venda de seu controle para o China Construction Bank (CCB) por R$ 1,62 bilhão.

O CBB, segundo maior banco comercial da China, comprará o equivalente a 72% do capital total do Bicbanco das mãos da família Bezerra de Menezes, ao preço de R$ 8,9017 por papel preferencial ou ordinário, de acordo com fato relevante da instituição brasileira.
"A operação irá demarcar, para o CCB, o início das suas operações diretas no Brasil. Prevê-se que (o Bicbanco) continue a operar como banco comercial, com foco no segmento de mercado de médio porte", segundo o documento.
O preço a ser pago aos controladores --que pode sofrer ajuste-- representa um prêmio de 18,7% sobre o valor de fechamento das ações preferenciais do BicBanco na bolsa paulista nesta quinta.
Os papéis dessa classe fecharam o dia valendo R$ 7,50, com valorização de 1,35% na sessão. Na véspera, os rumores sobre a venda do Bicbanco para a instituição chinesa fizeram as ações do BicBanco chegarem a subir mais de 5%.
O CCB enviará à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), em até 30 dias contados a partir da data de fechamento, um pedido de Oferta Pública de Aquisição (OPA) para os papéis do Bicbanco detidos por minoritários. O fato relevante não traz informações sobre o valor por ação que será oferecido na OPA, que pode resultar no fechamento do capital do banco brasileiro.
Segundo as regras do Nível 1 de governança corporativa, segmento em que o Bicbanco é listado, os detentores de ações ordinárias têm direito de 80% de tag along, porcentagem do valor pago pelos papéis que compõem o bloco de controle.
Em 30 de setembro, 1,75% das ações ordinárias do Bicbanco estavam em circulação no mercado, segundo informações disponíveis no site de relações com investidores da companhia.
A operação prevê a reorganização societária do banco e suas acionistas diretas Gemini Holding, BIC Corretora de Câmbio e Valores, e Primus Holding, sendo que esta última detém 100% do capital da BIC Corretora.
As ações do banco que pertencem à corretora serão transferidas para a Gemini, e as ações de emissão da BIC Corretora serão transferidas para pessoas físicas que fazem parte do grupo de controle da companhia.
Com isso, a BIC Corretora não será adquirida pelo CCB. O plano prevê ainda o encerramento da Gemini e da Primus, que serão consolidadas na companhia.
A transferência do controle do Bicbanco ao CCB ainda depende de aprovação do Banco Central, de decreto presidencial, das autoridades regulatórias chinesas e de autoridades bancárias das ilhas Cayman, informou o Bicbanco.
O Bicbanco encerrou junho, dado mais recente disponível, com operações de crédito acrescidas por avais e fianças totalizando R$ 13,6 bilhões, queda de 4,4% ante março e leve alta de 1,4% em 12 meses.
O lucro líquido contábil do Bicbanco no segundo trimestre foi de R$ 14,6 milhões, ante R$ 96,5 milhões um ano antes.
Fonte:http://g1.globo.com

História do BICBANCO
No prédio marcado com a seta, localizado na Rua do Cruzeiro, ao lado da Praça Padre Cícero,  nasceu a Cooperativa que deu origem ao Banco do Joaseiro, depois transformado em Bicbanco.
Em meados de 1933, decidem alguns juazeirenses pela criação da Sociedade Cooperativa de Crédito de Joazeiro, tendo à frente Dirceu Inácio de Figueiredo, Antônio Gonçalves Pita, Francisco Nery da Costa Morato e José Bezerra de Menezes. O principal mentor foi o então Juiz Municipal de Joazeiro, Dr. Plácido Aderaldo Castelo, que por impedimento formal, pela função pública que exerceria até o final de 1934, deixou de figurar em sua Diretoria.
A primeira presidência da Cooperativa foi exercida pelo Cel. Francisco Nery da Costa Morato, até 31 de maio de 1935, pois no dia seguinte assumiu a Prefeitura Municipal de Joazeiro. Na nova Diretoria a presidência coube ao Cel. Dirceu Inácio de Figueiredo, até 1936.
Na última fase de vida desta Cooperativa, a presidência foi exercida por Antônio Gonçalves Pita. É sob o seu comando, no início de 1938 que a Cooperativa passa a operar como Banco do Joazeiro, fruto da oportunidade que o governo federal ensejava para que as cooperativas incor-porassem novos serviços e carteiras. A autorização é dada, nesta oportunidade pelo Ministério da Fazenda, através do Tesouro Nacional, mediante protocolo da Diretoria de Rendas Internas, e seria renovada pela mesma instância com a emissão de nova Carta Patente, em 06.01.1944.
Nesta ocasião, Antônio Pita é mantido na direção, sendo José Bezerra de Menezes eleito seu vice-presidente. Alguns episódios que aconteceram daí por diante merecem destaque com um depoimento colhido de Ivan Bezerra, pelos fatos relevantes de ter sido testemunha ocular e ocupante das funções de Diretor-Gerente, Superintendente e Presidente do Banco do Juazeiro. Ele relata que no início dos anos 50, talvez, 1952, seu pai, José Bezerra de Menezes já tinha interesse pelo controle acionário da instituição, a partir da aquisição de todas as ações de Luciano Teophilo de Melo, destacado comerciante juazeirense no ramo de perfumaria. Mas, Luciano, mesmo tendo lhe dado preferência para esta compra, notificou José Bezerra que preferiu vender sua participação ao Grupo Aliança de Ouro (empresários barbalhenses, estabelecidos em Juazeiro do Norte, dentre os quais: Antônio Corrêa Celestino, José Feijó de Sá, Vicente Teixeira de Macedo, Pedro Cruz Sampaio, José Barreto Sampaio, Paulo Costa Sampaio, Antônio Ferreira Celestino e Antônio Costa Sampaio). Ao saber da decisão de Luciano, José Bezerra não escondeu a sua indignação. Nesta ocasião, também foram compradas pelo Grupo as ações de Antônio Pita que se retirava do Banco e mudava seu domicílio para Fortaleza. Deste modo, o Grupo Aliança de Ouro se manteve na presidência, e com o controle acionário da instituição, e José Bezerra de Menezes se conservou na vice-presidência, até seu falecimento, em 05.05.1954. A diretoria do Banco, nesta época era formada por: Luciano Teófilo de Melo - Presidente; José Bezerra de Menezes, Vice-Presidente; Antônio Corrêa Celestino - Secretário e Edmundo Morais - Diretor-Gerente. A partir daí e até 1962, a família Bezerra de Menezes se manteve como acionista minoritário do Banco. Em fevereiro de 1962, Ivan Bezerra, levou a Edmundo Morais, ainda diretor-gerente do Banco, a proposta de uma chapa para a renovação da diretoria que ocorreria em março, por ocasião da Assembleia Geral. Nela, a família Bezerra de Menezes desejava a condução de Maria Amélia à vice-presidência do Banco. Como Edmundo representava o grupo que detinha a maior fração das ações ordinárias, a proposta foi recusada. Tomaram, então, Ivan Bezerra, José Maria de Figueiredo e Aderson Tavares, a iniciativa de consultar muitos acionistas minoritários (José Adones, Manoel Germano, Pedro Duda, Genário Oliveira, etc). Estas pessoas reconheciam como legítima a pretensão da família, pois eram simpáticas à ideia de que Maria Amélia era a substituta natural de José Bezerra na diretoria. Sobre a proposta aceita foram firmadas muitas procurações lavradas em cartório. Estes gestos redundaram numa adesão de parcela expressiva de 52% das ações do Banco. O Grupo Aliança de Ouro era detentora de apenas 30% do seu capital. Diante deste sucesso, a família, então, reformou a proposta e indicou Maria Amélia Bezerra para presidente e Ivan Bezerra para diretor-gerente. Assim, em 19.03.1962, a Assembleia Geral elegeu Maria Amélia a nova presidente do Banco do Juazeiro, tornando-a a primeira mulher a dirigir uma instituição bancaria no Brasil.
Em decorrência desta alteração da diretoria, os sócios Edmundo Morais e Antônio Corrêa Celestino venderam suas ações à família Bezerra de Menezes que, deste modo, passou a ter o controle acionário do Banco do Juazeiro. Dentre as alterações administrativas que foram implementadas, uma se verificou com a mudança da função de diretor-gerente para a de Superintendência, ocupada por Ivan Bezerra. Sob seu comando o Banco do Juazeiro expandiu sua atuação como agente de fomento para o comércio e a indústria na região do Cariri, decorrente da reforma bancária brasileira que impulsionou o fortalecimento regional. Em 1972, o Banco do Juazeiro passou por um processo de fusão com o Banco do Cariri e alterou sua razão social para Banco Industrial do Cariri (BIC). Dois anos mais tarde, incorporou também o Banco dos Proprietários, de Fortaleza, iniciativa que diversificou seu leque de produtos e serviços e ampliou a abrangência da Instituição. Com a expansão, sua sede foi transferida para a cidade de Fortaleza, Capital do Estado do Ceará, e sua razão social mudou para Banco Industrial do Ceará (BIC).
A partir dos anos 80, o BIC estabeleceu como meta a sua transformação numa instituição de alcance nacional. O Banco inaugurou sua primeira agência em São Paulo, ultrapassando os limites do Estado do Ceará. Diante da dimensão nacional dos negócios, sua razão social foi novamente alterada, agora para Banco Industrial e Comercial S.A. (BIC).
A partir daí, a rede de agências teve significativa expansão, os negócios cresceram e a Instituição foi eleita pela revista Exame, por duas vezes consecutivas, o Banco comercial de melhor desempenho do Sistema Financeiro Nacional.
Como forma de representar o dinamismo e a modernização das atividades da Organização, foi criada, em 1992, uma nova marca: BICBANCO. A Instituição ganhou participação de mercado, aumentou sua base de clientes, ocupou espaços deixados por outros Bancos e direcionou seu foco para o segmento de middle market. Em 1995, transferiu sua sede para a cidade de São Paulo (SP), implantou a área internacional. A atual Diretoria Executiva é constituída por: José Bezerra de Menezes, neto do homônimo, da terceira geração do Grupo Controlador, com mandato até 2012, e secundado pelos vices-presidentes José Adauto Bezerra Júnior, Milto Bardini e Paulo Celso Del Ciampo, bem como pelos Diretores Sérgio da Silva Bezerra de Menezes, Francisco Edênio Barbosa Nobre e Carlos José Roque. O Conselho de Administração é presidido por Francisco Humberto Bezerra e integrado por José Adauto Bezerra, José Bezerra de Menezes e Daniel Joseph McQuoid.
A partir de 1998, o Banco internacionalizou suas operações com a abertura de sua primeira agência no exterior, em Grand Cayman, em 2002. Em consonância com sua governança corporativa, em 2003, foram constituídas as empresas Gemini Holding S.A., para centralizar o controle acionário do Banco, e a Primus Holding S.A., para deter o controle acionário da BIC Corretora de Câmbio e Valores S.A. Em 2004, a Instituição superou a marca dos R$ 100 milhões de lucro líquido e foi eleita, pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), o melhor Banco de middle market do País. Foi o primeiro Banco de porte médio do Brasil a realizar uma operação de dívida subordinada e, em 2007, passou a ter suas ações negociadas na Bovespa, listadas no Nível 1 de Governança Corporativa. Ao completar 70 anos de atividades, em 2008 o BICBANCO cria sua marca de sustentabilidade "Movimento Azul", diante de seu compromisso com a gestão ética e responsável para a perenidade dos negócios.
(Fonte: A família Bezerra de Menezes - Fundação e desenvolvimento de Juazeiro do Norte, Daniel Walker e Renato Casimiro)


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