sábado, 29 de janeiro de 2011

Juazeiro a Caminho do Centenário

Juazeiro na década de 20
Juazeiro na semana passada
A imagem atual, por si só, dispensava qualquer comentário, pois está explicita demais. Mas não resistimos à tentação de comentar alguma coisa. Naquele tempo, na década de 20, quando o movimento de veículos em nossa cidade era insignificante, era tolerável a presença de jumentos nas ruas do centro. Mas atualmente, com o caos em que se encontra o trânsito aqui, não deve ser permitido que esses animais - que são também utilizados como meio de transporte - trafeguem tranquilamente pela contramão, pois no trecho em que eles estavam quando a foto foi feita, aquela via (Rua São Francisco-Praça Padre Cícero) é de sentido único. Como eles são burros, não sabem disso, mas alguém precisa alertá-los. Mas o melhor mesmo, é não permitir a presença deles ali, pelo menos agora que o municipio caminha rumo ao seu Centenário, a fim de poupar os turistas de tão deplorável cena.

Saudades do Professor Luiz - Por Renato Casimiro

Desde que o fato aconteceu – sua morte repentina, a lembrança do Prof. Luiz Magalhães me vem à mente por inúmeros fatos dos quais muitos de nós, os que cursaram o Ginásio Salesiano, no início dos anos 60, especialmente entre 1961 e 1964, se lembrarão. Recolho dos meus guardados esta foto de uma excursão que fizemos em julho de 1964, para o Rio de Janeiro, a bordo de um ônibus da Viação Varzealegrense (de seu Chagas Bezerra). O prof. Luiz Magalhães era um dos que a instituição indicara para nos acompanhar, ao lado do então prof. de português, o Pe. Luiz Alberto Peixoto. Nesta foto, eis nos aí, às margens do Velho Chico, já tendo atravessado para a Bahia, na manhã do dia 02.07.1964, na localidade de Barra do Tarrachil. No “instantâneo” estamos, da esquerda para direita, na frente, agachados ou sentados: Antonio Onofre e Silva, João Macedo Cruz, José Waldizar Figueiredo, Francisco Wilton Silva Barbosa, Antonio Alves Carvalho, Diacir Andrade de Oliveira e José Hélio Freitas Brito; Por trás, em pé, na mesma ordem: Prof. Luiz Magalhães, José Wilson de Lima, Luiz Robério Alencar Gonçalves, Bento Leite Soares, João Tadeu Lustosa de Brito, Vivaldo de Carvalho Nilo, Francisco Eduardo van den Brule Matos, Antonio Renato Soares de Casimiro, José Marques Filho, José Evaldo de Alencar Santos, Antonio Magliônio Soares Feitosa e José Evandro Filgueiras Magalhães.

Padre Murilo: 53 Anos da chegada em Juazeiro

Em 6 de fevereiro de 1958, o padre Francisco Murilo de Sá Barreto chegou ao Juazeiro do Norte para iniciar a mais relevante missão evangelizadora da história do Cariri, culminando com a atitude corajosa de organizar as romarias em torno da figura do Padre Cícero. Sob as bênçãos da Mãe das Dores, desenvolveu com honra e louvor seu trabalho durante quarenta e oito anos.
Domingo, dia 06 de fevereiro de 2011, às 19h, na Basílica Santuário de Nossa Senhora das Dores, haverá missa solene, quando comemoraremos 53 anos do encontro entre o jovem padre e o querido Juazeiro do Norte.
Sua presença é gratidão e reconhecimento. Mais um evento dentro das comemorações do Centenário de Juazeiro do Norte. Na oportunidade será distribuído o cordel em homenagem a Padre Murilo, de autoria de sua aluna Mária de Fátima Gomes.

Caos na saída de Juazeiro



As fotos acima mostram como ficou o movimento de ônibus no entorno do Santuário do Sagrado Coração de Jesus (Igreja dos Salesianos) por ocasião da Missa do dia 2o, em memória do Padre Cícero. Como aquela igreja já é uma grande atração turística para os romeiros está sendo bastante visitada. O problema é que não há espaço para estacionamento dos ônibus e assim eles ficam estacionados nas imediações da igreja, prejudicando sensivelmente o trânsito, uma vez que é justamente por ali que está a principal via de saída de Juazeiro. A situação tende a se agravar e a única solução é desocupar áreas em frente aquele Santuário para fazer o estacionamento dos ônibus, a exemplo que já está acontecendo na Basílica de Nossa Senhora das Dores, que é também outro grande centro de visitação romeira.



FOTOS ANTIGAS
Por Renato Casimiro
A rede mundial de computadores se tornou um espaço enorme para guardar imagens que estavam dispersas pelo mundo, em arquivos particulares ou institucionais. Disto, nós que vivemos com esta mania de procurar velhos flagrantes da história e do cotidiano de Juazeiro do Norte, temos colhido muitos frutos. E eu sou, na medida da minha disponibilidade um garimpeiro itinerante nesta tarefa. Ao acaso, exponho aqui algumas destas imagens recentemente encontradas.
Fotos 1 a 4: Das minhas lembranças, nos anos 50 (como em 1952, nestes flagrantes contidos no arquivo do CPDOC – da Fundação Getúlio Vargas, RJ) as atividades no campo experimental da velha e querida Escola Normal Rural de Juazeiro do Norte eram momentos de grande significação vividos pelos docentes e alunos. Afinal, ali se tratava de realizar experimentalmente um dos avanços da pedagogia moderna, preconizada pelas linhas que estabeleceram a chamada Escola Nova. De tudo se conhecia um pouco sobre as culturas agrícolas. Assim foi plasmada a formação das professoras ruralistas, sob a batuta de Amália Xavier de Oliveira e de uma equipe de professores como talvez nunca se tenha visto reunida numa mesma escola da região. O tempo e a renovação modesta de seus quadros podem ter determinado a superação da Escola, nunca o seu fim.
Foto 5: A rua do Pe. Cícero, em 1952 (em foto do site do IBGE), quase no cruzamento com a atual Pe. Pedro Ribeiro da Silva. Na tranqüilidade de uma cidade de tão poucos veículos, uma rua principal com dupla mão. Descendo uma velha “sopa”, o ônibus de então, que se permitia levar carga por sobre o teto, e poucos passageiros. O posteamento da energia elétrica, um aqui, outro acolá, ainda era o original do serviço municipal, cuja geração estava nas proximidades do mercado público. Praticamente não se vê iluminação pública. Nas calçadas, ainda se podia encontrar revestimento feito de tijolo cru.
Foto 6: Rua São Francisco, quarteirão da Praça, começo dos anos 60 (em foto do site do IBGE). Ainda dá para lembrar a farmácia de Pedro Carvalho (antes o escritório de Odílio Figueiredo, e a sede da Soelca), o Cartório Machado, a pensão da mãe de meu amigo e colega do Salesiano (“Passarinho”), os sobrados, o CRP, o cine Avenida (depois, pensão de Zé Calado, e Hotel Municipal), a camisaria de Alcântara, o consultório de Dr. Possidônio da Silva Bem, a Tipografia Mascote, o ambulatório de Dade Magalhães, e um solitário pé de fícus benjamim no meio da rua...
Fotos 7 e 8: A feira dos sábados, em 1952 (em fotos do site do IBGE). Dois flagrantes (7-Rua São Pedro; 8-Rua Santa Luzia). No primeiro, revejo, quase no cruzamento das ruas São Pedro com São Francisco – início do “Quarteirão Sucesso” (Êêêêê, Darim), à direita, as duas portas que seriam do Centro Elétrico, de Luiz Casimiro, (a partir de julho de 1954). Depois, fecho os olhos e vou contando, do mesmo lado: Armazém Feijó, Casa Alencar, Bar e Sorveteria Havaí (Guimarães), Aliança de Ouro, Casa 1º de Maio (Burica), Casa Rosada (Vicente Teixeira), Casa das Meias (Mário Vidal), Casa Menezes (Zé Menezes Pereira), Farmácia São Vicente. No segundo, na Rua Sta. Luzia (entre as ruas São Paulo e São Pedro), revejo à direita, o escritório dos irmãos Almeida (José e Otacílio), logo depois o Cine Eldorado e segue na direção da Rua São Pedro. Do lado esquerdo, ao fundo, um pedaço dos prédios de comércio (vistos de lado e de costas), M. Oliveira (de Walkíria e Manoel Oliveira), de Zé Firmino e de José Gonçalves Magalhães. Pelo meio da rua, o comércio de cordas, estendidas de calçada a calçada. Se não tivesse cuidado, era queda na certa...
Fotos 9 e 10: Em Novembro de 1922, chega a Joazeiro, a comissão chefiada pelos srs. Ildefonso Simões Lopes (ex-ministro da Agricultura), General Cândido Mariano da Silva Rondon (Foto 9) e Paulo de Morais e Barros (deputado federal). Este é o mesmo Morais e Barros a quem Floro Bartholomeu da Costa teve que dedicar veemente discurso na câmara. Desta comissão faziam parte diversos engenheiros e um técnico americano que realizavam estudos pelo Nordeste, especialmente na área de atuação da Inspectoria Federal de Obras Contra as Secas (IFOCS) (Foto 10). Fizeram visita ao Pe. Cícero e conheceram a cidade. As imagens são dos arquivos do CPDOC/FGV, RJ.

ERREI!!!!
RODRIGO SANTIAGO
Na coluna Juazeiro, por aí (dia 22, pp), cometemos uma imprecisão ao mencionar a participação do grande ator Rodrigo Santiago na minissérie Padre Cícero (Rede Gobo de Televisão, 1984), reproduzindo uma foto do ator Rodrigo Santoro. Efetivamente, “Rodrigo Santiago, ator de teatro e telenovelas participou de alguns momentos importantes da vida cultural do nosso país. No dia 18 de julho de 1968, quando o Brasil vivia sob o regime militar e as artes submetidas à censura o grupo CCC invadiu o teatro Ruth Escobar, em São Paulo, espancou artistas e depredou o cenário. A peça era “Roda Viva”, um musical do Chico Buarque, com a Marília Pêra e Rodrigo Santiago. Dois anos antes Rodrigo já tinha participado da novela “Somos Todos Irmãos”, na Tupi. Mas foi em 68 que ele começou pra valer na televisão, vivendo o Carlucho na novela que mudou a história: “Beto Rockfeller”. Em seguida fez “Super Pla” também na Tupi. Em 71 com “Nenê Bandalho” foi consagrado como ator do cinema. Em esteve em “O Rebu” na Globo. Voltou para a Tupi e integrou o elenco de “Vila do Arco” em 1975. Se ausentou da telinha para se dedicar ao cinema e ao teatro. Voltou para fazer "Gaivotas", na Tupi, “Os Imigrantes” na Bandeirantes, "Lampião e Maria Bonita" e "Padre Cícero (no papel do jornalista José Joaquim Telles Marrocos)" na Globo, a série independente "Joana" com Regina Duarte, exibida na Manchete e SBT, "Tenda dos Milagres" na Globo e a novela "Corpo Santo", na Manchete. Em 88 esteve em “Fera Radical” na Globo, onde fez também “Araponga”, “ O Amor Está no Ar” e vários episódios do “Você Decide”. Rodrigo morreu numa quarta-feira, dia 13 de outubro de 1999, de insuficiência cardíaca, em São Paulo, aos 56 anos. Como não tinha jeito de galã, foi sempre escalado para coadjuvantes. Nos últimos anos trabalhava também como professor de arte dramática da USP. Sua última aparição foi no filme “Cronicamente Inviável”, de 2000.” (http://www.museudatv.com.br) (Com nossas desculpas e um agradecimento ao leitor atento, o Pe. Francisco Roserlândio de Souza, Diocese de Crato.)

Aeroporto: Movimento de 2010 foi menor


Segundo dados oficiais do INFRAERO, o Aeroporto Regional do Cariri não atingiu em 2010 um melhor desempenho como o do ano anterior. Ficou cerca de 1,21% abaixo daquele, e bem distante do que seria sua marcha de expansão, considerando-se a projeção que estes dados poderiam antever. Todos são unânimes em afirmar que o potencial da área de influência deste aeroporto é muito grande e só esperamos que as últimas providências, para as solução das questões crônicas do equipamento sejam equacionadas, novas empresas e opções de vôos sejam disponibilizados, bem como sejam praticadas melhores tarifas, como em outras regiões do país.(Renato Casimiro)



Como é gostoso reviver bons tempos, relembrar fatos e acontecimentos passados que o tempo levou. Hoje, trago para apreciação dos leitores do blog do juaonline uma sequência de fotografias amareladas pelo tempo, mas que mostram ocasiões que marcaram épocas e que nos dias atuais já não existem, ou perderam o sentido.
A primeira foto mostra um tipo de montagem muito usada em destaque na sala de visita das residências. Denotava um padrão de vida mais elevado. A criança era focalizada em várias poses, com um colorido suave, como se fosse pintado. O fotógrafo já andava com os objetos que seriam utilizados na montagem, e visitava casa por casa perguntando se havia crianças para fotografar.
As fotos seguintes registram três tipos de formatura (Doutorando do ABC, Curso de Datilografia e Conclusão do Curso Ginasial); Convites de Aniversário, de Primeira Eucaristia e Participação de nascimento de filho.
Ah! que saudade! Estas fotos existentes no meu arquivo deixaram saudades mesmo. Coisas assim , tão comuns ontem, hoje com a era da informática onde tudo é rápido e deletável, não fazem mais parte do cotidiano da sociedade.
Por hoje, é só. Fiquem todos com um gostinho de saudade.
Não esqueçam dos comentários, das sugestões e de enviar matérias que podem ser aproveitadas e também fotos interessantes. Gostamos de novidades.Até lá.
E-MAIL RECEBIDO:
Oi! Parabéns pela sua contribuição ao blog. Suas lembranças são maravilhosas, as boas lembranças são sempre bálsamos para o espírito.Continuo achando que a escritora, historiadora, jornalista e a titular do blog vai ser Você. Continue, porque eu resolvi que não adivinho nada.Você sempre escreveu muito bem.Portanto estava claro a minha intuição. bjs Tereza Fátima.
RESPOSTA: Tereza: sabe que tão grande responsabilidade não quero assumir?. E outra coisa, não tenho fartura de assuntos como Daniel. Fico feliz em receber elogios de você, minha amiga, mas acho que desta vez você foi generosa demais. Continue enviando comentários, pois eles são sempre bem-vindos.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Lenha na Fogueira ! Ademar ou Benjamim? Por:Renato Casimiro

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Renato Casimiro
Caro Severo,
Você me pede uma opinião sobre o excelente depoimento de Nirez, com respeito à participação de Ademar Bezerra Albuquerque na realização do filme com Lampião. A rigor, não ouvi ali nada do que não seja o restabelecimento da verdade. Nirez tem a seu favor um zelo muito grande por tudo que lhe cerca, seja na fotografia, na música e em todas as suas manifestações de grande memorialista.
Não há dúvida que o seu depoimento procura esclarecer a verdade sobre aquilo que, historicamente, se aceitou como sendo uma ação de Benjamim Abraão.
É perfeitamente factível que as atenções de Ademar Bezerra Albuquerque para não perder a oportunidade de realizar o trabalho, através de Benjamim, sejam verdadeiras e incontestáveis. E nisto o Nirez juntou detalhes fornecidos pelo Chico Albuquerque com grande propriedade para firmar a veracidade das afirmativas. Procurando imagens do Juazeiro antigo, não encontrei em muitos anos uma só que pudesse ser referida ao “fotógrafo” Benjamim. E olhe que ele tinha tudo para fazê-lo, pois no período em que foi secretário do Pe. Cícero, Juazeiro se viu descoberto por uma quantidade enorme de visitantes ilustrados e o dia-a-dia da casa do padre era muito favorável a isto.

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Efetivamente, este período de Juazeiro e do Pe. Cícero (época em que Benjamim servia à casa do padre) é muito rico em imagens fotográficas e filmes. A propósito destes filmes, reproduzo o texto que apresentei em nosso então jornal eletrônico Juazeiro on line, na sua edição de 18.01.2009, numa coluna denominada Juazeiro, por aí, que ainda pode ser encontrado disponível em http://www.juaonline.info/.
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FILMOGRAFIA(I)...
  
Numa consulta à Cinemateca Brasileira (Secretaria do Audiovisual/Minc), São Paulo, localizei dados sobre os filmes realizados pelo sr. Lauro Reis Vidal, durante sua visita a Juazeiro, em 1925. Foram três películas: um filme original, de 1925, e dois outros montados nos anos 1939 e 1955.
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FILMOGRAFIA(II)...
 
O JOAZEIRO DO PADRE CÍCERO (Infelizmente, a Cinemateca Brasileira não possui este filme), é um documentário inscrito na categoria de curta-metragem/silencioso/não-ficção. O material original foi em 35mm, BP, 16q. Produção de 1925, em Fortaleza, onde foi lançado em 08.12.1925, no Cine Moderno. A produtora foi a Aba Film, de Adhemar Albuquerque, que fez a direção. Sinopses: "Surpreendente filme natural apresentando magníficos aspectos da região do Cariri em que se vêem: Joazeiro, Crato, Barbalha e outros lugares, assim como Missão Velha, Lavras, Quixadá, Ingazeiras, Fortaleza, etc. Impressionante vista do grande açude do Cedro". (Jornal do Comércio, 28.11.1926). "Trata-se de uma bela reportagem cinematográfica do Cariri, zona em que o padre Cícero exerce a sua infatigável atividade e o seu grande prestígio. O Joazeiro, a cidade do padre Cícero, é apresentada em seus diversos aspectos, mostrando o seu progresso, o seu povo, enfim tudo o que ali existe de importante. Além do Joazeiro, o público aprecia outros bonitos pontos do sertão cearense, destacando-se o Crato, Barbalha, Missão Velha e o colossal açude do Cedro, obra grandiosa da engenharia brasileira. De Fortaleza há algumas, como sejam o porto, o passeio Público e o Parque da Liberdade. Há também belos trechos da estrada de ferro e fotografias de Lampião e seu grupo. É um filme digno de ser apreciado. Não fatiga o espectador. Ao contrário, torna-se atraente pela variedade de cenas, que desenrola. Além disto satisfaz uma curiosidade: mostra o maior domador de homens dos sertões, o padre Cícero Romão Baptista, que se apresenta em diferentes cenas, entre o povo que o aclama, em sua residencia trabalhando, abençoando afilhados e romeiros, discursando, enfim de diversas maneiras é ele visto na tela". (Jornal do Comércio, 02.12.1926)
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FILMOGRAFIA(III)...
 
O JUAZEIRO DO PADRE CÍCERO, o segundo documentário, foi realizado em 1939, na categoria de curta-metragem/sonoro/não-ficção, a partir de um material original anterior, em 35mm, BP, com duração de 8min, 220m, 24q. A produção foi de Lauro Reis Vidal, no Rio de Janeiro.
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FILMOGRAFIA(IV)...

PADRE CÍCERO, O PATRIARCA DO JUAZEIRO, o terceiro documentário, foi realizado em 1955, na categoria de curta-metragem/sonoro/não-ficção, a partir do material original em 35mm, BP, com duração de 11min, 300m, 24q. A produtora foi a Filmes Artísticos Nacionais, do Rio de Janeiro, e a co-produção foi de Lauro Reis Vidal, tendo como direção Alexandre Wulfes. Por exigência da época, o documentário passou pela censura em 19.01.1955, com o certificado 31942, válido até 19 de janeiro de 1960.
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FILMOGRAFIA(V)...

Comentários: Observe que fotos de Lampião são referidas em período anterior à sua visita a Juazeiro, em 1926. Algumas das cenas destes documentários podem ser vistas em outras produções recentes, tanto para cinema como para tv. Na ilustração da coluna de hoje, o arquivo do Juaonline apresenta algumas delas, em fotos que foram obtidas por Raymundo Gomes de Figueiredo (anos 50), a partir de fotogramas destas películas. Especialmente sobre esta primeira película, encontro um registro cartorial firmado pelo Pe. Cícero nos seguintes termos:
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1931, 13 de novembro - DOCUMENTO DO PADRE CÍCERO CONCEDENDO AUTORIZAÇÃO EXCLUSIVA, AO SR. LAURO DOS REIS VIDAL, PARA EXIBIÇÃO DO FILME" JOAZEIRO DO PADRE CÍCERO E ASPECTOS DO CEARÁ. "ÍNTEGRA: " Amigo e Sr. Laudo Reis Vidal. Saudações. Consoante os seus desejos, pela presente, dou a V.S. a exclusividade absoluta para exibição e representação cinematográfica em "qualquer parte do país e fora dele" de filme que diz respeito a aspectos deste município ou fora dele, nos quais figure a minha pessoa. Assim autorizado poderá V.S. fazer a exibição de qualquer película authentica que tenha obtido, ou que possa obter, conforme melhormente consulte as suas conveniencias e as aspirações gerais do povo, a exemplo da que já é de sua propriedade. Joazeiro, 13, de outubro de 1931. Ass. Padre Cícero Romão Baptista.(Lo. B-l, N° de Ordem 10, p. 18)

No dia seguinte, o Pe. Cícero faz constar no mesmo livro do primeiro tabelionato uma outra comunicação, reafirmando a concessão do dia anterior e ampliando suas prerrogativas: 1931, 14 de novembro - DOCUMENTO DO PADRE CÍCERO CONCEDENDO AUTORIZAÇÃO EXCLUSIVA AO SR. LAURO REIS VIDAL, PARA IXIBIÇÃO DO FILME "JOAZEIRO DO PADRE CÍCERO E ASPECTOS DO CEARÁ. "Integra: "Amigo e Sr. Lauro Reis Vidal. Local. Reportando-me a minha carta passada onde lhe concedo a exclusividade de minha exibição cinematográfica ficando V.S. com plena autorização por ser o único habilitado a propagar o município de Joazeiro e minha pessoa, através da mesma exclusividade, em todos os tempos, como proprietário do filme "Joazeiro, do Padre Cícero e Aspectos do Ceará" ou outro qualquer filme que possa obter; sirvo-me da presente para juntar as fotografias e documentos que solicitou, em relação separada e por mim assignada, como elementos precisos para a via de propaganda acima citada. Encerrando, cumpre-me, de já, agradecer a sua manifesta boa vontade para comigo, os meus amigos e as coisas do Joazeiro. Saudações. Joazeiro, 14 de novembro de 1931. Ass. Padre Cícero Romão Baptista.( Lo.B-l, N° de Ordem 12, p. 19/20).
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O ano de 1925 foi pródigo para filmagens em Juazeiro. Conhecemos a película realizada em 11 de janeiro, quando da inauguração da estátua ao Pe. Cícero, na Praça Alm. Alexandrino de Alencar; conhecemos a película realizada em setembro, quando da visita da comitiva do presidente Moreira da Rocha; conhecemos a que foi realizada por Ademar Albuquerque/Reis Vidal; mas não conhecemos uma que teria sido realizada por iniciativa do então deputado estadual Godofredo de Castro, neste mesmo ano.

É muito mais provável que Ademar esteja como realizador em todas estas películas e este relacionamento teria servido para oferecer um treinamento mínimo para o que viria anos depois com o filme de Lampião, pois é neste ponto que o testemunho de Chico Albuquerque a Nirez é importante.

Não tenho dúvida em aceitar que Ademar e Benjamim tornaram-se parceiros, sendo este cliente daquele e a quem poderia realizar pelo motivo apresentado por Chico Albuquerque e Nirez, o da confiança de alguém que não o punha, e a seu grupo, em apuros com a repressão policial.
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Embora tenha feito isto, publicamente, em depoimento durante uma edição do Cine Ceará, anos atrás, aproveito a oportunidade para relatar brevemente o que me foi ensejado conhecer desta atividade cinematográfica de Benjamim. No início dos anos 80, eu e Daniel Walker adquirimos uma coleção de fotografias antigas de Juazeiro e alguns pequenos pedaços destas películas que o seu proprietário, Raymundo Gomes de Figueiredo, cidadão juazeirense, mantinha como acervo e no qual se incluíam livros e jornais, e a que deu o nome de Arquivo Benjamim Abraão.

Quando adquirimos e isto foi divulgado pelo Diário do Nordeste, o fato foi relevado como se tivéssemos adquirido o Arquivo “de” Benjamim Abraão. A família de Benjamim, através de seu filho, então residente em Niteroi e comerciante no Rio de Janeiro, Atalah Abraão, instruído por Eusélio Oliveira, resolveu mover uma ação contra nós dois e a levou adiante nas instâncias de Juazeiro do Norte e Fortaleza. Vencemos nas duas e o material nos foi devolvido, anos depois. Mais adiante, numa conversa com o ex-senador da república, José Reginaldo Duarte, cuja família criou nos arredores de Juazeiro, o filho de Benjamim, o sr. Atalah, nos chamou para uma conversa onde algumas coisas foram faladas a respeito da frustração que aquele ato determinou para nós e para a família, sobretudo porque ficou demonstrado que nós não havíamos comprado nenhum roubo, portanto, não éramos receptadores de um acervo, até então procurado.

O sr. Reginaldo Duarte nos lembrou, inclusive, que por vários anos, encontrando-se diversos rolos de filmes pertencentes a Benjamim (não se sabe se apenas outros que não o relativo a Lampião) num canto da casa, na localidade de Brejo Seco, proximidades do atual Aeroporto Regional do Cariri, guardados em latas...

...a garotada do sítio tomava aqueles rolos e os queimavam durante as festas juninas. Certamente que por conta do material cinematográfico de então, sua queima se assemelhava a uma chuva de prata, coisa que fazia a garotada delirar.

Este é o fim trágico, pelo qual, inclusive tivemos que pagar duramente por uma suspeita descabida, a partir da ignorância e má vontade do então, meu amigo, Eusélio Oliveira, que não se permitiu aceitar o convite para conhecer de perto o que tínhamos comprado. A grande indagação que ficou, como moral da história foi mais uma grande dúvida sobre o que teria feito ou não Benjamim Abraão, como fotógrafo e cinegrafista, aluno de Ademar.

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Em tudo o que mencionei antes e do que ouvi, destaco: Sem querer por fogo na fornalha e já pondo, enfatizo o que registra a ficha da Cinemateca, mencionada: Há também belos trechos da estrada de ferro e fotografias de Lampião e seu grupo. Não é interessante que haja estas fotografias tomadas em data(s) anterior(es) a 1926. Observar que no filme com Lampião, Benjamim aparece usando um bornal com a inscrição Aba Film. Nunca houve omissão de que a produtora foi a Aba Film, de Adhemar Bezerra Albuquerque, que (também) deve ter feito a direção, à distância. Por isto, o depoimento de Nirez corrobora com as indicações anteriores de que ele era, efetivamente, produtor, diretor e fotógrafo destas películas em torno de 1925. Entre 1925 e 1936, quando filma Lampião, certamente Benjamim já teria apreendido objetivas e eficientes lições para manejar a máquina. Em mais de 10 anos de relação profissional com Ademar, Benjamim só teria feito isto? A resposta se foi, desgraçadamente, no fogo ingênuo das crianças, em noitadas de São João, nos arredores de Juazeiro do Norte.

Renato Casimiro
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8 comentários:

ADERBAL NOGUEIRA disse...

Satisfeito, extremamente satisfeito, em ter colaborado para uma possível reviravolta histórica, a palavra do mestre Renato Cassimiro, a maior autoridade mundial em Juazeiro e Padre Cícero, para mim é como um carimbo de autenticação ao que Nirez nos relatou em depoimento. Ninguém é infalível claro, mas a afirmação vinda de quem vem, quem sou eu para ainda ter dúvidas. Como diz o nosso caipira, e doutor das caatingas Alcino, a história dá voltas que ninguém imagina. ADERBAL NOGUEIRA.

José Mendes Pereira disse...

Apesar de não conhecer essas regiões citadas pelo escritor Renato Casimiro, mas parabenizo-lhe pelo excelente artigo publicado.
Para os que são conhecedores das demais localidades, estão recebendo informações precisas, no momento certo, quando o Miguel Ângelo de Azevedo, o "Nirez" que juntamente com Christiano Câmara memorialistas e pesquisadores da história de Fortaleza, apresentaram ao escritor Aderbal Nogueira, vamos dizer assim, um furo sobre a possível ideia de filmar Lampião nas caatingas ter sido de Ademar Albuquerque.

José Mendes Pereira - Mossoró - RN.

Anônimo disse...

Sensacional postagema amigo Severo, as informações do professor Renato Casimiro enriquecem em muito a historiogarfia notadamente o episodio da filmagem de Lampião por Benjamim Abraão.

Parabens

Marcos Coimbra Paz
Fortaleza

Anônimo disse...

Nirez já nos merecia todo o crédito, agora com essa matéria do renomado professor e pesquisador das coisa do Juazeiro, Antonio Renato Casimiro, o que dizer, a não ser o que o Aderbal fala: A história dá voltas que ninguém imagina.

Pelegrino Lopes P.

Anônimo disse...

Queria ouvir a opinião de.Ant.Amaury, Frederico Pernambucano,Pres. da SBEC.Lemoel Rodrigues, e tambem de Napoleão Tavares.
Raimundo Brito.

Lima Verde disse...

Amigo Manoel Severo, boa noite, bacana a disposição do professor Renato Casimiro em discorrer sobre essa novidade do Caso Nirez/Ademar/Benjamim, na verdade a cada dia aprendemos mais; não que tenha feito muita diferença entre quem teve a ideia original, mas se resgata a verdade do fato histórico, a partir de pessoas que relmente são profundos conhecedores, como é o caso do Renato Casimiro.

Essa informação documental de Pe. Cícero ao primeiro tabelionato de joazeiro para a comunicação, sobre a concessão ao Senhor Lauro Reis Vidal, é simplesmente fantastico. Parabens aos amigos.

Saudações,

Fernando Cesar L Verde

ENGENHEIRO GMARLON disse...

Aderbal, o que mais chama a atenção e por não dizer pela forma tragicômica é saber que a memória de tantas outras passagens se foi com as foqueiras de são joão da meninada de juazeiro do norte, é mole?!

parabens ao grande pesquisador Renato Casimiro.

Marlon

Anônimo disse...

Quem talvez estivesse por tras de tudo isso era o padre Cícero.

Paulinho


Definida programação artística para Romaria das Candeias

O humorista piauiense João Cláudio Moreno será uma das atrações para a romaria das Candeias deste ano. Com o seu repertório de imitações, paródias e piadas ele fará um espetáculo como forma de garantir a terapia do riso ao romeiro. Será na noite do dia 31 de janeiro na Praça dos Romeiros logo após a celebração de missa na Basílica Menor de Nossa Senhora das Dores. No dia seguinte, 1º de Fevereiro, e no mesmo local, será a vez do show de músicas religiosas com o Frei Rinaldo Stecanela, que é um dos diretores e apresentadores da TV Século 21. Dessa vez, o sacerdote se fará acompanhar da sua Banda Trindade. No ano passado, ele foi bem aplaudido no show que fez para os romeiros. As duas apresentações já integram o calendário das comemorações relacionadas com o Centenário de Juazeiro. O prefeito Manoel Santana voltou a conclamar a todos no sentido da integração em nome de uma grande festa pelos 100 anos do município.(Texto e fotos de Demontier Tenório)

sábado, 22 de janeiro de 2011

Quem se lembra do tempo em que as pessoas faziam o percurso Juazeiro-Crato-Juazeiro viajando num tipo de transporte coletivo muito conhecido no Brasil pelo nome de sopa? Pois bem, aí está a foto de um desses veículos pertencente à frota de Jacó & Cia. As sopas imperaram em Juazeiro e no Cariri até a chegada dos ônibus. Outro tipo de transporte coletivo também muito usado no passado para fazer o mesmo percurso foi a Kombi, produzida pela Volkswagen. Atualmente este percurso está sendo feito por meio de ônibus, van e metrô,este com apenas um ano de existência. Da sopa ao metrô foi um grande passo para o meio de transporte coletivo do Cariri. (Foto do acervo do professor Luiz Magalhães)

Novo Juazeiro tem moderno supermercado

O Bairro Novo Juazeiro acaba de receber mais um grande equipamento para fazer jus ao seu vertigionoso surto de desenvolvimento.Trata-se do Supermercado Nogueira visto na foto acima, localizado na Avenida Radialista Coelho Alves, em frente à Rádio Tempo FM. Este bairro até pouco tempo sem muita expressão comercial, desponta agora como um grande centro de negócios além de se notabilizar também como uma ótima opção residencial. Enquanto isto, sua população aguarda com visível ansiedade o início da construção do Shopping Juazeiro para alavancar mais ainda o desenvolvimento daquele bairro.

Base comunitária da GCM funciona no bairro Triângulo

A Prefeitura de Juazeiro implantou mais uma Base Comunitária de Segurança da GCM – Guarda Civil Municipal – atendendo agora a comunidade do bairro Triângulo. A nova base está funcionando na Escola de Ensino Fundamental e Médio Zila Belém. A Secretaria de Segurança Pública do município está disponibilizando um subinspetor e 12 guardas, uma viatura (motocicleta) e ht’s (rádio de transmissão). A Prefeitura já implantou bases comunitárias de segurança nos Bairros Frei Damião, Timbaúbas e Franciscanos. Segundo Cláudio Luz , Secretário de Segurança, “a operacionalização tem sido repleta de êxito porque além da preservação do patrimônio público, a partir destas bases, a Guarda tem atuado na prevenção a violência e combate ao trafico e uso de drogas e incentivado à prática esportiva”.
Esta foto do acervo do radialista Wilton Bezerra mostra o time de radialistas que disputou torneio de futebol society na sede campestre do Treze Atlético Juazeirense. Pela ordem, em pé, em sentido horário: Deca, Wilton Bezerra, Jurupi e Jussiê Cunha. Agachados: Ernane, Arnaldo, Heriberto Marques, Álbis Filho e Bosco Alves.